Publicado em: 24/04/2025 às 14:30hs
A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) tem sido um divisor de águas na reprodução bovina brasileira, superando desafios relacionados à detecção de cio e promovendo um aumento significativo nos índices de fertilidade. Inicialmente desenvolvida para otimizar a inseminação em rebanhos de grande porte, a IATF se consolidou como um pilar essencial para as propriedades que buscam eficiência reprodutiva, especialmente na pecuária de corte e leite.
Por meio dessa técnica, é possível programar a inseminação de um grande número de vacas em um mesmo período, promovendo a padronização da produção de bezerros e a utilização mais eficiente da genética de alta qualidade. Hoje, a IATF é empregada em praticamente todas as inseminações realizadas no Brasil, sendo considerada uma ferramenta decisiva para a melhoria da produtividade e rentabilidade do setor.
Os protocolos de IATF são baseados no uso de hormônios que regulam o ciclo reprodutivo das fêmeas, com destaque para a gonadotrofina coriônica equina (eCG). Este hormônio favorece a ovulação e estimula o crescimento folicular após a remoção dos dispositivos de progesterona. Estudos científicos demonstram que o uso de eCG em vacas de corte pós-parto pode aumentar as taxas de prenhez em até 15% em comparação a protocolos que não incluem o hormônio (Baruselli et al., 2017). Esse avanço científico foi crucial para a viabilização da IATF em larga escala nas condições brasileiras.
Tradicionalmente, a produção de eCG envolvia a extração de sangue de éguas prenhes, um processo que apresentava desafios logísticos, sanitários e, recentemente, questões éticas. Para contornar essas dificuldades, a indústria de saúde animal desenvolveu o Foli-Rec, o primeiro eCG nacional produzido por tecnologia recombinante. Criado pela Ceva Saúde Animal, esse hormônio é produzido por células em bio-reatores, um processo que elimina a necessidade de animais e resulta em um produto de maior pureza e com menor variação de composição. Essa inovação representa um marco para a biotecnologia aplicada à reprodução bovina.
Nos testes realizados durante a primeira estação de monta no campo, o Foli-Rec demonstrou um bom desempenho em diversas condições de produção no Brasil. "Os resultados positivos foram observados em diferentes cenários de IATF no país. Protocolos mais curtos, como o de sete dias com inseminação no nono dia, também mostraram bons resultados. Essa flexibilidade oferece aos profissionais uma alternativa valiosa, permitindo ajustes rápidos no calendário reprodutivo e a otimização do período da estação de monta", destaca Alexandre Souza, gerente técnico da Unidade de Pecuária da Ceva.
Outro diferencial técnico do Foli-Rec é sua formulação pronta para uso, o que facilita o manejo no campo, reduz o tempo de preparo e minimiza o risco de erros durante a aplicação hormonal. "Em propriedades com infraestrutura variada e equipes com diferentes níveis de capacitação, a praticidade na aplicação contribui diretamente para a eficiência do processo e a manutenção de bons resultados", afirma Souza.
Além dos benefícios operacionais, o uso de tecnologia recombinante no Foli-Rec também está alinhado com as melhores práticas de responsabilidade socioambiental. Ao eliminar a necessidade de substâncias de origem animal, o eCG recombinante reforça o compromisso da Ceva com a pecuária brasileira, a ética de produção e a redução do impacto ambiental, fatores cada vez mais valorizados no mercado nacional e internacional.
A introdução e consolidação da tecnologia recombinante na reprodução bovina sinalizam uma nova etapa para a IATF no Brasil. "Nosso objetivo é ampliar o uso de tecnologias como o Foli-Rec, buscando sempre maior eficiência e práticas mais sustentáveis", afirma Rafael Moreira, gerente da Linha de Reprodução da Unidade de Pecuária da Ceva.
Essa evolução na reprodução assistida destaca a capacidade da pecuária brasileira de adotar inovações científicas e reafirma sua posição como referência global em práticas modernas e responsáveis.
Fonte: Portal do Agronegócio
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