Saúde Animal

Peste Suína Africana representa risco, mas Brasil se destaca em estratégias de prevenção

Com histórico de erradicação, o país adota medidas rigorosas para proteger sua suinocultura dos efeitos da doença


Publicado em: 11/10/2024 às 12:00hs

Peste Suína Africana representa risco, mas Brasil se destaca em estratégias de prevenção

A Peste Suína Africana (PSA) tem gerado grandes perdas à suinocultura global, afetando severamente países da Europa. Na Itália, por exemplo, a produção de presuntos renomados, como o Prosciutto di Parma, tem enfrentado impactos significativos devido à doença. Em resposta à crescente ameaça da PSA, nações como a Alemanha têm implementado ações drásticas, incluindo a construção de cercas de 48 quilômetros para evitar a entrada de javalis nas propriedades.

O Brasil, quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo, com um rebanho recorde de 44,4 milhões de animais, precisa permanecer vigilante diante desse desafio. A produção está concentrada na região Sul, onde há cerca de 23 milhões de suínos. Assim, a preocupação se intensifica quanto à possibilidade de entrada da PSA no território nacional, que poderia comprometer tanto o mercado interno quanto o externo. Para compreender melhor os riscos e as iniciativas do setor, o Portal Agrolink entrevistou Flauri Migliavaca, médico veterinário e diretor técnico da Mig Plus Agroindustrial, além de ocupar o cargo de diretor técnico da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.

Histórico de erradicação e desafios impostos pelos javalis

De acordo com Migliavaca, a Peste Suína Africana não é uma patologia estranha ao Brasil. "Nos anos 70, a PSA esteve presente no país, mas foi completamente erradicada. Atualmente, a nossa principal preocupação são os javalis, que se disseminaram por todo o território nacional", ressalta o especialista. Ele enfatiza que, embora a doença ainda não tenha chegado ao Brasil, a vigilância é incessante. "O Brasil conta com um dos mais robustos patrimônios de saúde animal do mundo. Não temos PSA, febre aftosa ou outras doenças que afligem o planeta, como a gripe aviária."

Migliavaca também destaca o papel fundamental dos produtores brasileiros na manutenção da sanidade do rebanho. "As granjas são cercadas, os suínos são criados em galpões completamente fechados e seguem rigorosos protocolos de biossegurança. Todos que ingressam nas propriedades devem passar por um processo de desinfecção, trocar de roupas, tomar banho e utilizar equipamentos de proteção específicos."

Controle dos javalis como medida preventiva

A presença de javalis, potenciais vetores da Peste Suína Africana, constitui um dos maiores desafios atuais. Migliavaca explica que o controle desses animais é realizado de forma rigorosa. "No Brasil, existem controladores autorizados a abater javalis. O sangue dos animais abatidos é coletado para exames e, até o presente momento, nenhum caso de PSA foi identificado", revela.

Para o especialista, o monitoramento e o abate controlado dos javalis são essenciais para prevenir a disseminação da doença. "Estamos alertas, mas é crucial manter a vigilância. O mundo inteiro enfrenta essa epidemia, e o Brasil não pode se descuidar."

Oportunidades no mercado internacional

A Peste Suína Africana não só ameaça a saúde animal, mas também traz consequências para o mercado internacional. Com a proibição da importação de carne suína italiana por diversos países, Migliavaca vê uma oportunidade para o Brasil. "Na Itália, os suínos são abatidos com peso médio de 160 kg, enquanto no Brasil a média varia entre 130 a 140 kg. Diante da escassez de carne suína na Europa, é provável que haja uma maior demanda pela carne brasileira", analisa.

Ele complementa que, apesar de o Brasil produzir carne suína de animais com peso inferior ao dos europeus, o país é capaz de se adaptar rapidamente às exigências do mercado internacional. "Em situações emergenciais, o Brasil pode aumentar o peso dos suínos abatidos para atender a essa demanda", acrescenta.

Fortalecimento das medidas de biossegurança

Migliavaca também enfatiza que, embora o Brasil já adote práticas rigorosas de biossegurança, sempre há espaço para melhorias. "O Brasil possui protocolos sanitários avançados, mas a nutrição dos animais é igualmente fundamental. Uma alimentação adequada fortalece o sistema imunológico dos suínos, o que pode ser crucial para prevenir a instalação da doença", afirma.

Além disso, ele ressalta a importância de manter as granjas isoladas e protegidas. "Não podemos permitir a entrada de nenhum animal nas propriedades, seja cachorro, gato ou até roedores. As cercas e barreiras físicas são imprescindíveis, assim como as medidas de desinfecção. E, claro, os produtores devem estar sempre atentos a qualquer sinal de risco."

Fonte: Portal do Agronegócio

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