Saúde Animal

Pesquisador da Unesp avalia eficácia dos vermífugos em bovinos

Uso indiscriminado pelos produtores pode acarretar resistência dos vermes


Publicado em: 07/12/2012 às 19:10hs

Pesquisador da Unesp avalia eficácia dos vermífugos em bovinos

O controle da verminose no gado bovino, de forma geral, é feito pelos produtores por meio da utilização de drogas anti-parasitárias. Com o uso frequente da droga, a ação pode torna-se ineficaz e os ganhos do produtor ficam comprometidos. Atento a esta questão, o professor Ricardo Velludo Soutello, da Unesp de Dracena, avaliou a existência da resistência à vermífugos em bovinos da região de Dracena, em São Paulo.

O estudo abrangeu a avaliação de cinco propriedades de gado bovino da região, além da aplicação de questionários com os produtores. Esses dados são utilizados para determinar as características da propriedade, formas de manejos adotados e os anti-parasitários utilizados.

Para mapear a eficiência dos vermífugos, o médico veterinário trabalhou com as principais classes de anti-helmínticos que são ministrados nos rebanhos bovinos da região da Alta Paulista: benzimidazol; imidatiazol; avermectina e milbemicina. A pesquisa concentrou-se nos bovinos, principalmente os de gado de corte.

Por meio dos questionários, foi possível observar que a maior parte das aplicações de vermífugos, independente da categoria animal (bezerros, novilhos ou adultos), foram realizadas juntamente com a vacinação obrigatória contra febre aftosa, não levando em consideração a necessidade ou não da aplicação naquele período. O relatório identificou ainda que as drogas mais utilizadas pelos produtores são a do grupo das avermectinas.

Segundo Soutello, ?constatamos que o uso inadequado da aplicação dos anti-parasitários pelos criadores foi uma das características que influenciaram no desenvolvimento da resistência?.

Em cada uma das cinco propriedades, o estudioso realizou coletas em média 50 amostras de fezes de bovinos do mesmo sexo, com 8 a 20 meses de idade. Após a coleta, foi realizada individualmente a contagem de Ovos por Grama de Fezes (OPG).

Após esta etapa, os animais foram distribuídos de forma homogênea conforme o grau de verminose em cinco lotes: quatro tratamentos e um controle.  Quatro anti-parasitários foram administrados por via subcutânea (nas doses recomendadas pelos fabricantes). Na ocasião foram testadas as quatro categorias de drogas mais utilizadas: sulfóxido de albendazol, fosfato de levamisol, moxidectina e ivermectina. O grupo controle não recebeu tratamento com anti-helmíntico.

Sete dias após o tratamento com o vermífugo, novamente amostras fecais foram colhidas de cada animal para nova quantificação de OPG. Ao final, o exame parasitológico detectou ainda a existência de ovos dos vermes, que comparado ao grupo controle serviu de base para calcular o percentual de redução proporcionado por cada uma das drogas.

"Para que a ação das drogas fosse satisfatória seria necessário que o resultado chegasse no mínimo a 95% de redução?, diz o professor. No entanto, foi observado que em todas as cinco propriedades avaliadas, houve presença de resistência a pelo menos uma das drogas utilizadas, também ocorrendo resistência múltipla a três drogas na mesma propriedade.

?Tendo conhecimento da real situação em relação à eficácia destes anti-parasitários, podemos traçar estratégias de controle possibilitando a orientação dos produtores na escolha da melhor, mais econômica e viável forma de combate a verminose?, explica.

O estudioso explica também que o baixo custo das drogas genéricas ou similares aumentou o uso do medicamento, favorecendo a resistência anti-helmíntica. Segundo o médico veterinário, a perda estimada de animais parasitados quando comparados a animais livres de vermes é em torno de 30 a 70 kg a menos por ano. ?O prejuízo gira em torno de duas arrobas a menos por ano, o que representa cerca de R$ 200 por cabeça/ano. Fora o custo com aplicações ineficientes e manejo?.

Ao comparar o custo dos vermífugos utilizados dentro do custo total de produção em bovinos de corte, fica próximo a 1% do montante - valor considerado baixo (menos de R$ 10 por cabeça nos dois anos de ciclo) em relação aos demais insumos utilizados como, por exemplo, suplemento mineral e vacinas.

"Desta forma, pode-se afirmar que o retorno por unidade de capital investido em vermifugações eficazes supera todos os outros investimentos, atingindo um retorno aproximado de R$ 40 para cada R$ 1 gasto com vermífugos utilizados corretamente?, explica Soutello.

Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa Unesp

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