Publicado em: 02/10/2024 às 15:30hs
O estresse é um fator determinante na produtividade e no bem-estar dos suínos, podendo ser desencadeado por uma variedade de situações, como manejos inadequados, mudanças no ambiente, superlotação, enfermidades e até mesmo pelo manejo excessivo. A exposição contínua ao cortisol, hormônio relacionado ao estresse, provoca reações fisiológicas e comportamentais que comprometem o crescimento, a eficiência alimentar, o sistema imunológico e a qualidade da carne, gerando perdas econômicas significativas para os suinocultores.
As falhas de manejo estão entre as principais causas desse problema. Situações como a superlotação aumentam a competição por recursos como alimento e água, e o transporte inadequado ou a manipulação excessiva prejudicam o bem-estar dos animais, interferindo diretamente no seu desenvolvimento.
“Do ponto de vista hormonal, o estresse é uma resposta biológica mediada principalmente pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA). Níveis elevados de cortisol interferem no metabolismo ao mobilizar reservas energéticas, o que pode reduzir a síntese proteica e levar à degradação muscular. Essas alterações comprometem a eficiência alimentar e prejudicam o crescimento dos animais, resultando em proteína de qualidade inferior”, explica Márcio Dahmer, gerente da linha de suínos da Ceva Saúde Animal.
Outro efeito comum em suínos submetidos a fatores estressantes é a diminuição do apetite. A liberação contínua de cortisol impacta os mecanismos cerebrais que regulam o consumo alimentar, afetando diretamente o desempenho dos animais. A ingestão inadequada de alimento resulta em menor ganho de peso e, consequentemente, reduz a produtividade. Além disso, suínos que não se alimentam adequadamente tornam-se mais suscetíveis a doenças, agravando ainda mais os resultados da granja.
Paralelamente, a exposição constante a situações estressantes compromete o sistema imunológico dos suínos, aumentando a vulnerabilidade a infecções. O cortisol em níveis elevados reduz a produção de células imunológicas, como linfócitos e neutrófilos, diminuindo a capacidade do organismo de combater patógenos. Com isso, há um aumento nas incidências de doenças infecciosas e na necessidade de intervenções, elevando os custos de produção e comprometendo a eficiência reprodutiva dos animais. A imunidade debilitada também pode afetar a eficácia das vacinas, ampliando o risco de surtos de doenças na granja.
Mudanças comportamentais são outras consequências notáveis. Os suínos tornam-se mais agitados e agressivos, elevando a probabilidade de lesões físicas. Essas feridas, além de causarem desconforto, podem se tornar portas de entrada para infecções que se espalham rapidamente em ambientes de confinamento.
A influência negativa do estresse na reprodução é igualmente evidente. Fêmeas estressadas apresentam redução na fertilidade e aumento na incidência de abortos. “O desequilíbrio hormonal causado pela exposição ao estresse afeta a produção de hormônios reprodutivos, como estrogênio e progesterona, interferindo na capacidade das fêmeas de conceber e manter a gestação. Durante a gravidez, essa exposição também pode resultar em mortalidade neonatal, com leitões nascendo abaixo do peso ou debilitados, impactando diretamente os índices reprodutivos da granja”, complementa Dahmer.
A qualidade da carne também é significativamente afetada. Suínos submetidos a condições adversas antes do abate tendem a produzir carne de qualidade inferior, como as classificações PSE (pálida, mole e exsudativa) e DFD (escura, firme e seca). Isso ocorre devido ao esgotamento das reservas de glicogênio nos músculos, que interfere no processo normal de acidificação da carne após o abate. Carnes com essas características têm seu valor comercial reduzido devido à baixa aceitação pelos abatedouros e consumidores, impactando a rentabilidade da produção.
“Embora seja desafiador eliminar todos os fatores de estresse, é crucial identificar e minimizar a incidência deles na vida produtiva dos suínos. A adoção de novas tecnologias e soluções que facilitem o cotidiano da granja, assim como a melhoria dos processos produtivos, é fundamental para aumentar o bem-estar animal e garantir uma suinocultura mais rentável”, conclui Márcio.
Dessa forma, o estresse impacta diretamente a produtividade e o bem-estar dos suínos, prejudicando o crescimento, comprometendo o sistema imunológico, alterando comportamentos, reduzindo a fertilidade e piorando a qualidade da carne, afetando negativamente todo o ciclo produtivo. Para minimizar os efeitos do estresse, é essencial que os produtores adotem práticas de manejo que promovam o bem-estar animal, assegurando um ambiente menos estressante e, por consequência, uma produção mais eficiente e sustentável.
A Ceva Saúde Animal prioriza o desenvolvimento de novas tecnologias que visem reduzir o estresse nos animais. Entre as soluções oferecidas, estão vacinas combinadas para doses únicas e formulações menos reativas, promovendo um manejo mais atualizado e eficaz, sempre com foco na saúde e bem-estar animal.
Fonte: Portal do Agronegócio
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