Saúde Animal

Censura a dados sobre influenza aviária é debatida

O pedido de restrição, feito pelo governo dos EUA, à publicação de dados de um estudo sobre gripe aviária foi tema de artigos publicados ontem na revista "Science"


Publicado em: 23/01/2012 às 09:30hs

Censura a dados sobre influenza aviária é debatida

Em dezembro, o editor da revista comunicou que o governo americano havia pedido a não divulgação, para o público em geral, de informações obtidas por uma pesquisa que conseguiu fazer o vírus H5N1 ser transmitido entre mamíferos.

O vírus causador da chamada gripe aviária é transmitido de aves para humanos, mas não entre humanos como a gripe comum. A letalidade da doença chega a até 80% em alguns países.

A pesquisa feita por Ron Fouchier, no Centro Médico Erasmus, na Holanda, alterou o vírus para que ele se tornasse transmissível entre ferrets, mamíferos. O objetivo é antecipar o comportamento do vírus caso a transmissão entre pessoas se torne possível e avançar no desenvolvimento de vacinas.

O pedido de censura aos dados pelo governo americano foi justificado pelo risco de bioterrorismo: nas mãos erradas, essas informações poderiam ser usadas para criar uma pandemia grave.

Os autores se defenderam ontem dizendo que "a própria natureza deveria ser considerar a principal bioterrorista".

Segundo Fouchier, os vírus que emergiram de seus reservatórios naturais já mataram milhões de pessoas sem a interferência dos humanos.

"Especialistas em doenças infecciosas têm a obrigação moral de fazer pesquisa em nome do interesse público e comunicar seus resultados de forma responsável."

Já o pesquisador Michael T. Osterholm, da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, nos EUA, afirma que não é necessário compartilhar os resultados desse estudo para obter avanços para a criação de uma vacina.

Para ele, a disseminação dos métodos da pesquisa não vai proteger a população de uma pandemia.

"Se uma forma virulenta de H5N1 causar uma pandemia, seja por vazamento intencional ou não dos dados, a ciência será responsável pelo que fez ou não para minimizar esse risco."

Fonte: Folha de S.Paulo

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