Publicado em: 08/07/2009 às 14:45hs
I. INTRODUÇÃO:
Uma doença comum na suinocultura tecnificada e que merece atenção especial é a infecção do trato urinário em porcas. Estas infecções são causadas principalmente por bactérias da microbiota fecal e também condições precárias de manejo e instalações favorecem o desenvolvimento destas infecções.
Uma das principais conseqüências causadas pelas infecções do trato urinário são os baixos índices zootécnicos que o plantel apresenta e mais especificamente os índices reprodutivos causando grandes prejuízos econômicos. A prevalência é alta e estas infecções são difíceis de serem controladas e diagnosticadas.
II. O QUE SÃO AS INFECÇÕES E COMO SE INSTALAM NAS GRANJAS:
A infecção do trato urinário, é a colonização do mesmo por bactérias patogênicas sendo a cistite e a pielonefrite as mais prevalentes. As bactérias mais comumente encontradas são E. coli, Proteus sp, Streptococcus sp e Staphylococcus sp. As infecções podem ser agravadas por um outro tipo de bactéria, o Actinobaculum suis e muitos machos desta espécie albergam esta bactéria no divertículo prepucial. Assim, as fêmeas se infectam com o A. suis pelo contato com o ambiente ou sendo cobertas por cachaços portadores.
As vias urinárias da porca são naturalmente mal protegidas. A distância da vulva até a uretra é relativamente pequena e a uretra é curta e calibrosa e assim, a bexiga da porca fica mais predisposta à ascensão de bactérias (flora retal e vaginal). Existem 3 mecanismos principais que protegem o trato urinário das infecções: sistema imune, limpeza do trato urinário pelas micções e presença da microbiota normal.
Com relação à limpeza do trato urinário pelo ato da micção é importante ressaltar que o funcionamento deste mecanismo é dependente da quantidade diária de água ingerida pelas porcas e esta por sua vez, esta condicionada à qualidade da água, vazão dos bebedouros e à motilidade das porcas. Trabalhos recentes mostram que o volume diário de água ingerida pelas porcas nos atuais sistemas de criação esta muito abaixo de suas necessidades fisiológicas e assim, o número de micções também fica diminuído facilitando a sobrevivência e multiplicação das bactérias no trato urinário.
Porcas com problemas locomotores e porcas obesas, permanecem a maior parte do tempo deitadas e, com isso, ingerem menor quantidade de água e urinam poucas vezes aumentando sua susceptibilidade às infecções. A eliminação periódica da urina permite que a bexiga e as partes mais próximas da uretra permaneçam praticamente estéreis, sendo que a parte distal da uretra é colonizada por bactérias provenientes do ânus, vagina e pele.
Muitas granjas adotam o manejo de choque de antibióticos na ração para “limpar” o trato urinário das porcas. Esta técnica não resolve o problema das porcas com infecções urinárias, pois a terapia não leva em consideração o consumo de ração das porcas doentes, sendo que muitas vezes elas não se alimentam. Como agravante, as porcas sem infecção sofrem o risco de selecionar microorganismos mais resistentes, devido ao uso indiscriminado de antibióticos. Por esse motivo torna-se importante o auxílio laboratorial como ferramenta de diagnóstico e controle, na prevenção de gastos desnecessários e sem retorno com drogas incorretas.
O periparto é a fase em que as infecções urinárias provoca maiores perdas para a granja, pois no momento do parto ocorre abertura da cérvix e a contaminação da bexiga pode ascender ao útero provocando uma endometrite.
A principal causa de descarte de matrizes é por mal desempenho reprodutivo e, quando se realiza uma monitoria do trato reprodutor destas matrizes, o que se observa é que a maioria não apresenta problemas no trato reprodutor, ou seja, as porcas eram férteis. Entretanto a maioria apresenta infecções urinárias e provavelmente os transtornos reprodutivos foram provocados por esta infeção. Resumindo, as infecções urinárias servem de fonte de contaminação para o útero causando infertilidade nas porcas.
III. DIAGNÓSTICO DAS INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO:
Tendo em vista que as infecções urinárias não produzem sinais clínicos evidentes, é necessário o diagnóstico por meio de exame de urina. Colhe-se uma amostragem por meio de micção espontânea desprezando-se os primeiros jatos, no primeiro trato do dia e realiza-se o diagnóstico por meio de tira reagente. Dependendo da prevalência da doença na granja ou adotam-se medidas profiláticas e/ou curativas. A amostragem permite fazer uma estimativa da prevalência de infecção urinária da granja tornando-se um importante no auxílio da tomada de decisões.
IV. USO DE ADITIVOS NA RAÇÃO PARA MELHORAR A SAÚDE DO TRATO URINÁRIO:
A capacidade das bactérias uropatogênicas em se estabelecer e multiplicar no trato urinário é influenciada pelo ph urinário e número de micções diárias. Assim, a adição de substâncias na dieta das porcas que promovam a redução de ph urinário ou aumentam o consumo de água e o número de micções podem auxiliar no controle da infecções urinárias. Os produtos mais utilizados são os ácidos orgânicos ou inorgânicos e o cloreto de sódio (sal comum).
Como acidificantes de urina, o cloreto de amônio e o acido cítrico são os mais utilizados. Já o sal comum se adicionado em níveis superiores que os usuais na dieta aumentam a sede e consequentemente o aumento da micção contribuindo para o controle das infecções.
Na prática, estudos e experimentos realizados comprovam que estes produtos não estão auxiliando no controle das infecções e muitos produtores têm que ter isso em mente para não relaxarem com as medidas de manejo.
V. SUGESTÕES PARA CONTROLE:
Pensando na maior comodidade dos suinocultores em diagnosticar problemas e agir corretamente sob auxílio sólido e coerente, o TECSA-Laboratórios disponibiliza dois exames para diagnóstico relacionados às doenças do trato urinário.
Se a granja apresenta problemas graves com infecções urinárias, o sugerido é realizar o exame S77, CHECK UP GENITO-URINÁRIO DA GRANJA, com o objetivo de mapear os níveis de incidência dos problemas.
Fonte: EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios
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