Publicado em: 28/05/2021 às 09:10hs
A febre aftosa é uma enfermidade viral grave e altamente contagiosa e que afeta principalmente bovinos, bubalinos, suínos, ovinos, caprino, entre outros animais. O vírus pertence à família Picornaviridae e ao gênero Aphtovirus. Dos sete sorotipos endêmicos identificados no mundo todo (A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3 e Asia1), foram detectadas três variações no Brasil (A, O e C).
Para bovinos, alguns dos principais sinais clínicos são: vesículas, úlceras ou bolhas na boca, patas e/ou tetas, febre alta, perda de apetite, salivação e manqueira. Contudo, a gravidade desses sinais dependerá do sorotipo do vírus, grau de exposição, idade e condição imunitária do animal afetado.
A transmissão ocorre por meio das secreções e excreções de animais infectados, podendo ser transmitido também indiretamente por meio do solo, água, vestimentas, veículos, equipamentos e instalações, inclusive através do vento. Devido à sua facilidade de transmissão, a morbidade (taxa de portadores da doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento) da febre aftosa pode atingir 100% de uma população susceptível, apesar da doença ser raramente fatal em animais adultos.
Os prejuízos econômicos são significativos por causa da redução de peso e/ou produção, além de perdas indiretas oriundas de embargos impostos por países importadores. Na Assembleia Geral da Organização de Saúde Animal (OIE) realizada em Paris em 2019, foi estimado que o impacto econômico mundial da doença pode atingir US$ 20 bilhões e para seu controle, US$ 1,7 bilhão.
O plano estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pecuária (MAPA), tem como objetivo principal “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre de febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira”.
A previsão de execução do plano estratégico é de 10 anos, tendo iniciado em 2017 e com previsão de término em 2026. As ações previstas visam:
Suas diretrizes estão de acordo com o Código Sanitário para os Animais Terrestres da OIE e do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), que visa a erradicação dessa enfermidade nas Américas.
O território brasileiro foi dividido em cinco blocos geográficos, com ajustes realizados em 2019 (figura 1A) ordenando a transição regional de zonas livres de febre aftosa com vacinação para sem vacinação. A figura 2A demonstra a situação atual dos status dos blocos geográficos em relação à febre aftosa. Ao final de 2023, é esperado que todos os blocos alcancem o status de livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecidos pela OIE.
Figura 1. Composição dos blocos geográficos para vacinação de febre aftosa (A) e situação atual do plano estratégico de vacinação em 2021 (B).
(A)
(B)
Fonte: Mapa (2021).
A transição da condição dos blocos foi condicionada à realização das ações previstas pelo plano estratégico. Desta forma, a tabela 1 exibe as datas de transição de status dos blocos para livre de febre aftosa sem vacinação.
Tabela 1. Transição de condição sanitária referente à febre aftosa.
1Inclui 14 municípios localizados no sul do Amazonas.
2Inclui alguns municípios localizados ao noroeste do Mato Grosso.
Fonte: modificado de Mapa (2021) / Elaboração: Scot Consultoria.
Quanto ao reconhecimento internacional pela OIE, o Brasil poderá ampliar o reconhecimento de regiões livres de febre aftosa sem vacinação, uma vez que tem parecer favorável para as regiões do bloco I e dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. E essa transição poderá se concretizar durante a 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE que ocorre de 22 a 28 de maio de 2021.
Para o estado de São Paulo, todos os bovinos e bubalinos de todas as idades estão sendo vacinados contra a febre aftosa entre 1 e 31 de maio de 2021 e a declaração de vacinação até o dia 7 de junho de 2021 deverá ser registrada por meio do sistema Gedave.
Apesar da situação de pandemia devido ao novo coronavírus, as últimas vacinações contra a febre aftosa estão avançando no país, com a recomendação de medidas que minimizem o contato social.
O Brasil caminha para ser livre de febre aftosa sem vacinação, com uma pecuária ainda mais forte e reconhecida internacionalmente. Vale ressaltar que desde abril de 2006, não houve mais ocorrências de febre aftosa no país.
por Rafael Suzuki - Scot Consultoria
Fonte: Scot Consultoria
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