Pastagens

Menor custo, teor de gordura no leite e bem-estar animal: descubra porque produzir leite a pasto é vantajoso!

Suplementação do rebanho com fontes de micro e macro minerais é de suma importância neste sistema


Publicado em: 19/10/2020 às 15:20hs

Menor custo, teor de gordura no leite e bem-estar animal: descubra porque produzir leite a pasto é vantajoso!

No Brasil, a maior parte da produção de leite é proveniente de animais mantidos em regime de pastagem, pois nosso território conta com clima favorável ao desenvolvimento das forrageiras.

A alimentação representa a maior parcela dos custos variáveis na atividade leiteira. Ela é responsável também pelo aumento da produtividade, o que acarreta diluição dos custos fixos do sistema. Por isso, o investimento na alimentação do rebanho é parte fundamental da produção de leite, alcançando assim equilíbrio entre custo e produção.

Ainda existem alguns sistemas mais rústicos e tradicionais que utilizam forrageiras pouco produtivas e de baixa qualidade, manejo incorreto e animais de baixo potencial produtivo. Sistemas assim resultam em degradação das pastagens e do solo, esgotamento da fertilidade do solo e, por fim, perda da produtividade.

Diante do exposto acima, o Brasil vem intensificando os sistemas de produção de leite a pasto pela busca na melhoria do potencial genético do rebanho, escolha de forrageiras de alta produtividade, qualidade e manejo adequado. O objetivo da intensificação é aumentar a capacidade de suporte da pastagem, aumento da produtividade, menor utilização de concentrados, melhoria na qualidade da pastagem e melhor aproveitamento da área. 

Por que escolher produção de leite a pasto?

• Menor custo

A produção de leite a pasto tem como vantagem os menores custos e investimentos quando comparado aos sistemas em que alimentos conservados são a base da alimentação. Como a base da alimentação dos bovinos é a forragem, saber aproveitar este recurso da maneira mais eficiente possível nos retorna maior produção por área de pastagem.

• Teor de gordura no leite

O teor de gordura do leite tem relação direta com a produção de ácido acético e butírico no rúmen. Estes ácidos graxos de cadeia curta são produzidos em maior quantidade quando a alimentação da vaca é proveniente de dieta com alta inclusão de forragem.

• Bem-estar animal e ambiência

Se comparado com alguns (não todos) sistemas de produção de leite em que as vacas ficam confinadas, a produção realizada em sistema de pastagem proporciona maior bem-estar animal. Além disso, sistemas com introdução de árvores (silvipastoril) em pastagens auxiliam na redução do estresse térmico e, consequentemente, melhoram na produtividade. 

Fatores que afetam a produção de leite a pasto

Sabemos que ao longo do ano as forragens estão sujeitas às alterações climáticas, resultando em aumento ou declínio na produtividade, dependendo da época. Como estamos partindo para época das águas, este é o momento de aproveitar ao máximo a alta produtividade das pastagens e produzir o litro de leite a um custo mais barato.

A intensificação tem como base a utilização de espécies de elevada produção de matéria seca com alta qualidade. Para intensificar uma área deve-se considerar a fertilidade do solo, declive da área e o manejo. Quanto melhor a fertilidade do solo, menor é o gasto com corretivos no terreno. A conservação do solo e manejo corretos são imprescindíveis para manter uma boa pastagem ao longo dos anos sem causar degradação do solo.

Em qualquer sistema de pastejo o produtor precisa acompanhar de perto o pasto. Assim, a qualidade pode ser mensurada pela concentração de proteína bruta. Este nutriente é importante para o crescimento animal e produtividade. E, com avanço da idade da planta há redução na concentração de proteína bruta. 

Sabemos que um bom produtor de leite a pasto precisa ser alguém que saiba manejar as pastagens. Devemos produzir a melhor pastagem para os animais na quantidade correta para alimentar o rebanho. Além disso, a qualidade da forragem precisa ser levada em consideração para o melhor desempenho possível.

Algumas práticas podem ser adotadas, como:

• Pastejo rotacionado

O pastejo rotacionado é representado por uma área dividida em piquetes que são pastejados em sequência por lotes diferentes de animais com finalidade de fornecer ao animal forragem de alta qualidade. Entre as vantagens podemos citar:

  • Melhor aproveitamento da forragem produzida, pela maior uniformidade de pastejo;
  • Aumento na taxa de lotação;
  • Aumento da produção de leite por hectare;
  • Proporciona períodos regulares de descanso do pasto;
  • Auxilia no controle de verminoses e carrapatos no rebanho;
  • Melhor ciclagem de nutrientes, devido à distribuição de fezes e urina na pastagem.

Para implantar o sistema rotacionado precisamos compreender que o período de descanso precisa ser estabelecido em relação a espécie forrageira predominante. Por exemplo:

A Brachiaria decumbens apresenta período de descanso (PD) de 24 a 30 dias. Outros capins como Tanzânia ou Mombaça apresentam PD de 28 a 35 dias. O período de pastejo (PP) deve ser de um a três dias. Tendo estes dois valores definidos, conseguimos apontar o número de piquetes (NP) que precisaremos a partir da fórmula: NP = (Período de descanso/Período de ocupação) + 1

Um detalhe importante é que mensuramos o consumo dos animais por ingestão de Matéria Seca (MS), sendo cerca de 2% do peso do animal. Então, é interessante calcular a produtividade da forrageira em tonelada de MS por hectare para entender quantos animais se alimentarão naquela área por determinado tempo.

• Irrigação de pastagem

A intensificação de produção de leite a pasto pode vir acompanhada da prática de irrigação das pastagens. O uso da irrigação proporciona incremento na produção de matéria seca. Com aumento da produtividade da pastagem conseguimos aumentar também a produção por hectares e a irrigação vem para solucionar um problema de estacionalidade de produção em decorrência de alterações climáticas.

O aumento da produtividade em decorrência da irrigação da pastagem não pode ser o único fator a ser levado em consideração na decisão de implementar este sistema. O projeto deve ser estudado quanto à viabilidade econômica e expectativa de retorno ao produtor. Por isso, é fundamental ter uma consultoria especializada na área de pastagens irrigadas.

• Adubação de pastagem

Para implantar uma nova forrageira em alguma área ou recuperação de pastagem existente, precisamos fazer a preparação do terreno antes do plantio. As etapas de correção da acidez do solo (calagem), adubação de plantio e adubação de cobertura precisam ser previamente organizadas para correto preparo do solo.

Ao manter os animais no regime de pastagem é preciso que as gramíneas tenham os nutrientes em quantidades desejáveis para que os animais que se alimentam delas tenham a maior parte das exigências nutricionais supridas. Um manejo indicado é realizar a adubação com NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) para manter a produtividade do rebanho.

• Suplementação com micro e macronutrientes

Conforme visto, a adubação tem como objetivo fornecer nutrientes necessários ao solo e às forragens. Porém, precisamos sempre nos atentar à lei do mínimo para nutrição dos animais. Isso significa que precisamos oferecer às vacas todos os nutrientes, evitando assim que haja algum nutriente limitante à produção.

A proteína e/ou energia que poderia limitar a produção na época da seca dá lugar aos minerais como nutrientes que em déficit podem evitar que o animal expresse todo seu potencial produtivo. Dentre os minerais, o fósforo destaca-se como o de maior importância ao gado leiteiro e a suplementação com fontes de micro e macro minerais é de suma importância neste sistema.

O sistema de produção de leite a pasto tem diversas vantagens, porém, como em todos os ramos da agropecuária, precisa ser planejado e acompanhado de perto, para que o produtor evite perdas e tenha lucro.

Por Letícia de Souza Santos, zootecnista, mestre em Zootecnia e analista de Produtos na Minerthal

Fonte: Attuale Comunicação

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