Publicado em: 26/11/2024 às 14:30hs
O consórcio agrícola, prática que consiste no plantio de diferentes culturas na mesma área, tem se consolidado como uma solução eficiente para melhorar a saúde do solo, controlar pragas e ervas daninhas, e aumentar a produtividade no campo. Essa técnica vem ganhando força no Brasil, especialmente em regiões com clima desafiador, como Mato Grosso, onde a integração entre lavouras de grãos e pastagem tem gerado benefícios tanto econômicos quanto ambientais.
Em uma fazenda de 2.500 hectares em Jaciara, no Mato Grosso, a adoção do consórcio tem mostrado resultados notáveis. A prática de cultivar diversas espécies simultaneamente ou em sequência gera uma "palhada" que protege o solo, diminuindo a temperatura e preservando a umidade. Segundo Bruno Eduardo Cavamura, engenheiro agrônomo responsável pelas lavouras, essa cobertura do solo pode reduzir até 10 graus a temperatura em períodos de seca, contribuindo para a saúde das plantas.
A braquiária, uma gramínea de raízes profundas que pode atingir até dois metros, desempenha um papel fundamental nesse sistema. Suas raízes ajudam a fixar carbono e reter nutrientes, contribuindo para a formação de matéria orgânica que melhora a estrutura e fertilidade do solo. “A braquiária, ao morrer, cria microporos essenciais para a oxigenação e infiltração da água no solo, evitando a erosão e promovendo a retenção de umidade”, explica Cavamura.
A decomposição gradual das raízes da braquiária cria canais naturais que facilitam a percolação da água, garantindo que a chuva não escorra superficialmente e evitando a erosão. Com isso, o solo se torna mais resistente a períodos de estiagem, armazenando água de maneira mais eficiente para sustentar as culturas.
Outra vantagem do consórcio é a diminuição do uso de defensivos agrícolas. A diversidade de culturas no campo, como a combinação de soja com milho e braquiária, reduz o ambiente propício para pragas e doenças, o que diminui a necessidade de pesticidas. “Com menor pressão de pragas e ervas daninhas, conseguimos economizar em produtos químicos, além de reduzir o impacto ambiental”, afirma Cavamura.
A propriedade de Jaciara também se beneficia de tecnologias inovadoras na aplicação de defensivos. Com o uso de adjuvantes multifuncionais, é possível otimizar a aplicação dos insumos, aumentando a absorção pelas plantas e reduzindo o volume necessário. “Usando adjuvantes, conseguimos reduzir de 120 para 30 litros de insumos por hectare, o que representa um ganho significativo em eficiência e economia”, afirma Alexandre Gazoni, diretor comercial da Sell Agro. Essa tecnologia também possibilita uma aplicação mais precisa, inclusive por meio de drones.
Em algumas propriedades, o consórcio vai além das culturas vegetais, integrando a pecuária. O gado é solto para pastar sobre os resíduos das culturas, aproveitando materiais remanescentes, como as espigas de milho deixadas no campo. Esse sistema de integração lavoura-pecuária promove uma economia circular, onde todos os recursos disponíveis são maximizados. A presença dos bois também traz benefícios ao solo, ao contribuir com a reciclagem de nutrientes e fertilização natural.
Em anos de boas colheitas, os resíduos de milho são suficientes para alimentar o gado, gerando economia com rações e aproveitando períodos do ciclo produtivo. “Essa integração é uma ferramenta valiosa para quem quer manter o solo fértil e obter retorno econômico de diversas frentes”, conclui Cavamura.
A combinação de técnicas agrícolas inovadoras com o respeito pelos ciclos naturais revela-se como um caminho promissor para a agricultura do futuro. O consórcio agrícola não só promove maior sustentabilidade, mas também assegura ganhos econômicos significativos. “Buscar tecnologia para aperfeiçoar o processo vai garantir melhores resultados. Esse é o caminho para um futuro mais produtivo e sustentável”, finaliza Gazoni.
Fonte: Portal do Agronegócio
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