Pastagens

Sorgo, milheto e milho ? do verão para o outono!


Publicado em: 04/01/2011 às 15:52hs

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O capim italiano ou milheto, sorgos forrageiros e o milho comum em alta densidade podem ser semeados de setembro a fevereiro, dependendo da temperatura e umidade adequada. Quanto mais tarde for implantado do período inicial até meados do verão, menor é o rendimento de pasto.  Entretanto, para vacas leiteiras é atrativo utilizar áreas de culturas de verão ensiladas ou de milho super-precoces  para a safrinha. 

Em trabalhos realizados na Universidade de Passo Fundo (UPF), no norte do Rio Grande do Sul (tabela 1), média de dois anos, demonstram que é possível obter até 6,8 t/ha de forragem seca, pois essas gramíneas anuais de verão crescem até as primeiras geadas. Esse rendimento é semelhante ao obtido com pastagens de aveia preta e azevém anual durante toda a estação fria.  Deve-se iniciar o pastejo quando as plantas atingirem  altura de 50 a 60 cm  e retirá-los com altura de resteva de 20 cm, aplicando-se logo após 30 kg N/ha. Novo pastejo se dará após 15 a 30 dias de descanso.

É possível ter sucesso com essa prática usando sementes de milho, recém colhido, em alta densidade, mais de 150 mil plantas/ha, inclusive consorciado com variedades tardias de soja. Observem que nesse caso inexiste “semente” de menor custo que o grão de milho recém colhido.

Todos sabem que, para minimizar o custo de produção de leite, deve-se usar o máximo possível de forragem vindo de pastagens bem manejadas.  O empresário rural deve planejar as pastagens necessárias para forragear os animais durante o ano todo com o auxílio do assistente técnico, especializado em Forragicultura.  Nesse processo, deve-se buscar quantidade de forragem com elevado valor nutritivo, bem distribuídas ao longo do ano, para privilegiar o consumo à campo, buscando alta eficiência traduzida em ganho líquido por área.

Tabela 1. Rendimento total de matéria seca (MS), percentagem de folhas, afilhos e medidas do valor nutritivo: proteína bruta  (PB), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e nutrientes digestíveis total (NDT)
 

  MS total Folha PB FDA (%) FDN (%) NDT
Genótipos (t/ha) (%) (%) Folha Colmo Folha Colmo (%)
Sorgo  6,8 56 15 40 49 68 74 74
AG 2501
Sorgo 5,9 72 17 41 47 66 72 72
BRS 800
Milheto 4 52 22 32 48 62 80 80
Comum
Capim 2,8 78 16 36 48 68 77 77
Sudão
Teosinto 2,7 78 17 38 44 62 74 74

Fonte: adaptado de Fontaneli et al. (2009)

Embora variedades e híbridos de sorgo forrageiro e milheto tenham potencial para produzir mais de 15 t MS/ha quando semeados cedo, e que a medida que posterga-se a data de semeadura o rendimento é reduzido, é indispensável fazê-lo para melhorar a distribuição de forragem de qualidade para o fim de verão e início de outono.  Quando citou-se 6,0 t MS/ha, cerca de 40% do potencial das espécies de  verão, convém lembrar que as forrageiras anuais de inverno, aveia preta, azevém e mesmo os trigos forrageiros, produzem essa quantidade durante todo o inverno e primavera.

Quais a vantagens de semear em mais de uma época?

A semeadura dessas gramíneas anuais de estação quente na região do Planalto e Missões do Rio Grande do Sul pode iniciar em setembro (Missões) e estender-se até início de fevereiro, quando a meta é produzir forragem para o período conhecido vazio forrageiro outonal (abril-maio), período de grande escassez de forragem de bom valor nutritivo.  Nesses meses, as pastagens perenes de estação quente apresentam baixo valor nutritivo e as forrageiras anuais de estação fria ainda estão sendo estabelecidas.  Em Passo Fundo, RS, trabalhos na Embrapa Trigo com híbridos comerciais de sorgo, capim sudão (aveia de verão),  variedades de milheto e teosinto (dente de burro) semeados em fevereiro, produziram 6,0 toneladas de forragem seca por hectare, com 17,8% de proteína bruta (PB), 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT), 40% de fibra em detergente ácido (FDA) e 60% de fibra em detergente neutro (FDN).  Quanto mais cedo na primavera for possível estabelecer com sucesso as forrageiras anuais de  verão maior será a quantidade potencial de forragem produzida, mas concentrada no final de primavera e início de verão.  O cenário comum são pastagens de sorgo e capim italiano mal fertilizadas, especialmente pouco nitrogênio, quando degradam-se no meio do verão, final de janeiro a meados de fevereiro, porém quando semeia-se parte da área cedo e após, a cada 3 a 4 semanas de intervalo, é possível distribuir melhor a forragem produzida e com melhor valor nutritivo.  Dessa maneira pode-se dispor de forragem de gramíneas anuais de verão até o advento das primeiras geadas.

Renato Serena Fontaneli
- Pesquisador da Embrapa Trigo e UPF

Fonte: Embrapa Trigo

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