Publicado em: 10/07/2013 às 16:16hs
A escolha das espécies vegetais que serão utilizadas para alimentação animal é importante, pois poderá influenciar tanto na redução de volumoso quanto da ração a serem ofertados no cocho. O cultivo das espécies poderá ser realizado em diferentes glebas ou as culturas poderão ser consorciados em algum momento no tempo e em algumas áreas da fazenda. Quanto mais produto for gerado em uma área, menor será o impacto do custo da terra no valor do bem.
A maior eficiência do uso da área não está relacionada somente com a produção de alimento para os animais. A intensificação de uso da terra possibilita aumentar o número de animais por área sem ocasionar a redução da produção de leite por animal. Na verdade, dependendo da condição inicial, poderá ocorrer aumento na produção por animal concomitante ao aumento do número de vacas por área, resultando em acréscimo da produção por área (produtividade).
Pastagem é cultura
A pecuária nacional caracteriza-se pela dependência das pastagens, que são constituídas, principalmente, por forrageiras tropicais nativas ou naturalizadas e cultivadas com produção vegetal sazonal, em consequência de fatores climáticos.
A regularidade da produção de leite torna-se dependente de alternativas de alimentação, como suplementação alimentar a pasto e uso de forragens conservadas. Os métodos, modelos ou sistemas de produção adotados vão do uso extensivo da pastagem ao confinamento total, cujos índices de produtividade também apresentam grandes variações regionais.
Embora a exploração leiteira brasileira seja bastante diversificada, há necessidade de se intensificar os sistemas de produção para manutenção dos produtores na atividade. A busca pela redução de custos é essencial. Nesse aspecto, a possibilidade de produção a pasto é estratégica para o país, visto que a alimentação animal é responsável por até 60% do custo operacional da produção do leite. Logo, a intensificação dos sistemas produtivos de leite, obrigatoriamente, passa pela melhoria das pastagens e pelo aumento da sua capacidade de suporte. Dados obtidos de pesquisas de campo realizadas nos estados de Goiás e Minas Gerais revelam que a maioria dos produtores não considera a pastagem como cultura; os maiores produtores são os que mais utilizam fertilizantes e corretivos; e que o uso de herbicidas e inseticidas é inexpressivo. A consorciação de pastagens, o plantio direto e a rotação pasto-agricultura são práticas de baixa adoção. Neste diagnóstico, a maioria dos produtores citou os altos custos dos insumos e sua incompatibilidade com o preço do leite como sendo a principal causa do baixo uso de insumos para aumentar a produtividade da pastagem.
Manejo das forrageiras
A semeadura da forrageira para pastejo é simultânea à lavoura. As forrageiras não prejudicam o desempenho das culturas, mesmo quando semeadas simultaneamente.
Quando o desenvolvimento inicial da lavoura é prejudicado, ou quando a forrageira apresenta grande vigor, é possível retardar o desenvolvimento desta última, sem prejuízos para as lavouras, por meio da aplicação de herbicidas seletivos, em subdoses. Nesse caso, não há morte das forrageiras, apenas supressão ou paralisação no desenvolvimento. Mesmo sem a aplicação de herbicida, o desenvolvimento da braquiária é bem mais lento do que o do milho. A aplicação do nicosulfuron, em doses bem abaixo das recomendadas para controle total das plantas daninhas, mostrou-se muito eficientes para redução do desenvolvimento da braquiária.
As decisões das culturas a serem empregadas na integração Lavoura-Pecuária-Floresta devem ser tomadas pelo produtor, auxiliado pela assistência técnica, bem como os esquemas de rotação e a forma de operacionalizar o consórcio. Normalmente, os agricultores utilizam rotações em que o pasto permanece por menor tempo (1 a 2 anos), ao contrário dos pecuaristas, que preferem utilizar as pastagens por intervalos maiores de tempo. É importante mencionar que o incremento em quantidade e qualidade da forragem advindo da iLPF é decorrente da correção e disponibilização de nutrientes via adubação das lavouras.
No caso das propriedades da Zona da Mata e Campos das Vertentes de Minas Gerais, as braquiárias são as espécies mais utilizadas no sistema de integração Lavoura-Pecuária e Lavoura-Pecuária-Floresta. De modo geral, a Brachiaria ruziziensis é utilizada para formação de palhada, mas também é um excelente recurso forrageiro e a Brachiaria brizantha (cv. Marandu) é utilizada, principalmente, para a formação da pastagem a ser utilizada no terceiro ano da integração, quando o milho não é mais plantado de acordo com a definição de rotação das áreas de pastejo na integração, por causa também da sua maior resistência à cigarrinha das pastagens.
Autores: Fausto de Souza Sobrinho, Marcelo Muller, Alexandre Magno Brighenti dos Santos, Wadson Sebastião Duarte da Rocha, Carlos Eugênio Martins, Paulino Jose Melo Andrade (Embrapa Gado de Leite) e Leonardo Calsavara (Emater-MG)
Fonte: Embrapa
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