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Transferência de embriões multiplica produtividade

Odesenvolvimento tecnológico e, consequentemente, o melhoramento genético passa a fazer parte da realidade nas propriedades rurais, independente do porte


Publicado em: 16/07/2012 às 15:10hs

Transferência de embriões multiplica produtividade

A técnica de transferência de embriões é uma das que mais se desenvolve na pecuária bovina brasileira. De acordo com Diógenes Alves Lima, médico veterinário especialista em transferência de embriões, trata-se de um método que consiste inicialmente na estimulação hormonal dos ovários de uma fêmea de alto valor genético (doadora), seguida da inseminação artificial, para a obtenção de vários embriões, que serão coletados e transferidos para fêmeas receptoras (“barrigas de aluguel”).

Em Mato Grosso, na região de Chapada dos Guimarães, há um centro especializado em transferências de embriões, na fazenda Manacá, de propriedade do pecuarista Guilherme Nolasco. Nos últimos anos, já foram feitos mais de 15 mil processos de transferência para pecuaristas de diferentes regiões do Estado, e também para fazendas de Rondônia, Goiás, São Paulo e do Distrito Federal.

De acordo com Nolasco, o trabalho é realizado a partir de agendamento. O pecuarista interessado faz contato com sua empresa e depois contrata um laboratório de sua preferência. O pecurista explica que em seguida vem a fase da escolha das receptoras, as chamadas barrigas de aluguel. Contudo, antes do procedimento, essas vacas passam por um tratamento hormonal e sanitário. Sendo que posteriormente todas as receptoras são previamente sincronizadas para darem cio ao mesmo tempo, sincronizando ainda com a quantidade de vida do embrião. Uma das vantagens da transferência de embriões está na quantidade de bezerros que ela pode gerar. Pelo método convencional por exemplo, uma vaca produz um bezerro por ano, pela técnica transferência de embriões, pode gerar de 50 a 150 filhos por ano, usando várias receptoras.

O médico veterinário explica ainda que o processo está baseado no princípio da multiplicação, de forma acelerada, da progênie (descendentes) de fêmeas (doadoras) consideradas superiores, dentro de cada criatório. Atualmente, é a técnica mais acessível e de melhor aproveitamento de uma doadora, multiplicando seu material genético. Depois de submetidas ao tratamentos com hormônios, que atuarão sobre os ovários causando múltiplas ovulações (superovulação), esses óvulos se fertilizados após as inseminacaoções, serão coletados e avaliados uma semana após. Depois, os embriões considerados viáveis poderão ser transferidos para receptoras (transferência a fresco) ou congelados para posterior aproveitamento (serem descongelados e transferidos em outra oportunidade).

Atualmente, este trabalho pode ser incrementado, através da aspiração folicular, Fecundação In-Vitro (FIV) e posteriormente a transferência destes embriões em receptoras, podendo ainda ser utilizada em animais que não respondem aos tratamentos.

Manejo correto é fundamental

Omédico veterinário Diógenes Alves Lima explica que um dos fatores de maior importância no trabalho de transferência de embriões é o manejo correto das receptoras. “É importante lembrarmos que o sucesso de todo este trabalho está diretamente ligado às receptoras de embrião. Isso porque, além do bom manejo nutricional e sanitário, onde são aplicados todas as vacinas necessárias, outro fator importante é a qualidade genética também”. O especialista diz ainda que todos estes fatores são perfeitamente observados na fazenda Manacá, daí o sucesso no trabalho que tem realizado no local.

Através da Inseminação Artificial pode-se obter dados precisos de fecundação e de parto. Pelo preenchimento de fichas, quando da Inseminação Artificial, tem-se datas corretas de concepção e, portanto, datas muito aproximadas dos partos. Contudo, conforme o especialista, apenas 40 % das inseminações resultam nas vacas prenhas. Na avaliação dos especialistas, a Inseminação Artificial padroniza os rebanhos. Com a utilização de um só reprodutor em um grande número de vacas, pode-se obter lotes de animais com padrão zootécnico muito semelhante (características de fenótipo-aparência externa e de genótipo-mérito genético).

Entre as vantagens, a inseminação pode ser usada para a seleção e reposição de matrizes visando a melhoria do rebanho. Assim, por meio do acasalamento genético, pode-se obter resultados melhores para esta ou aquela característica utilizando-se sêmen de reprodutores mais indicados. Outra vantagem é o controle de doenças da reprodução. Sendo que pela monta natural (controlada ou não), freqüentemente o touro transmite às vacas, algumas doenças chamadas “da reprodução” e viceversa que, pelo processo de Inseminação Artificial não ocorre.

A Inseminação Artificial permite ao criador cruzar suas fêmeas com touros puros de raças distintas (por exemplo: fêmeas Zebuínas com touros das raças Européias) através da utilização de sêmen destes reprodutores. Sabemos que, em regiões de clima quente, esses animais dificilmente se adaptariam ao sistema de monta natural. Além disso é fácil entender que muitos acidentes poderiam ocorrer durante a cobertura de uma vaca por um touro muito pesado.

Outro fator preponderante é que há o melhoramento do rebanho em menor tempo por um valor de aquisição longe de qualquer comparação (animais com mérito genético semelhante), através da utilização de reprodutores comprovadamente superiores para a produção de carne e leite e outros. Propriedades pequenas usufruem da quantidade e da qualidade de sêmen de reprodutores de linhagens excepcionais disponíveis no mercado, não necessitando adquirir touros e com eles todas as desvantagens de sua utilização. Propriedades de média e grandes dimensões também usufruem desta vantagem. Podem ainda ampliar o seu uso, tornando o seu manejo muito mais otimizado, como ainda alcançar melhores resultados, além de conhecer mais suas matrizes elevando a docilidade dos animais.

Fonte: A Gazeta

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