Publicado em: 22/08/2012 às 16:50hs
A pecuária brasileira precisa acelerar seu ganho de produtividade para atender a demanda e liberar o espaço necessário para o avanço da agricultura, segundo novas projeções das consultorias Agroconsult e Bigma. Nos próximos 10 anos, já considerando a safra 2012/2013, as culturas de grãos, cana-de-açúcar e florestas plantadas necessitarão avançar em 12,2 milhões de hectares de pastagens para atender o crescimento da demanda. Mas no ritmo atual de crescimento vertical, a pecuária só conseguiria liberar 9 milhões de hectares de pastos para suprir a demanda por seus produtos.
Os números, que mostram um déficit de cerca de 30% no ganho de produtividade da pecuária em 10 anos, serão o foco das consultorias em 11 palestras para produtores que farão ao longo do Rally da Pecuária 2013. A expedição anual passará por nove estados nos próximos meses analisando dados das pastagens, dos rebanhos e da gestão dos pecuaristas.
O descompasso entre a demanda de terras pela agricultura e a liberação de áreas pela pecuária resultará em um aumento do preço da carne ou em um maior crescimento da agricultura sobre o cerrado nativo, segundo os autores do levantamento. “Se o pecuarista não acelerar a curva de aplicação de tecnologia, o preço da carne vai subir”, diz Maurício Palma Nogueira, da Bigma Consultoria.
Segundo as projeções, a conversão de pastagens degradadas em lavouras será a principal fonte de novas áreas para a agricultura. “A pecuária está sob pressão e a resposta é, quase sempre, a adoção de tecnologia”, afirma André Pessôa, sócio da Agroconsult. O estudo levou em conta a adoção de tecnologias já existentes e que terão impacto relevante nos próximos 10 anos, além de projetar o crescimento da demanda pelos principais produtos agrícolas e pecuários.
Apesar do lapso significativo, de 3,2 milhões de hectares, entre a demanda da agricultura e a capacidade da pecuária de liberar área na próxima década, tecnologias já existentes seriam capazes de cobrir essa diferença. “A diferença entre a tecnologia disponível e aquela que é praticada é muito grande”, diz Nogueira. Segundo ele, os dados do Rally da Pecuária de 2011 comprovam isso. Se todos os pecuaristas do País adotassem o nível tecnológico dos criadores que participaram da amostra do Rally em 2011, a pecuária nacional poderia liberar 86 milhões de hectares de pastagens – isso considerando o cenário atual.
Essa aceleração no ritmo de ganho de produtividade na pecuária também trará reflexos na sustentabilidade da atividade. “É saudável que a pecuária aumente de produtividade para atender a pressões por sustentabilidade, mas o motivo principal para o aumento da adoção de tecnologia é econômico, é a necessidade de se manter na atividade”, afirma Pessôa.
Os ganhos tecnológicos, segundo Nogueira, da Bigma, vêm de diversas áreas. As melhores práticas e produtos em sementes de pastagens, nutrição, saúde animal e manejo já disponíveis seriam altamente capazes de contribuir para o avanço de produtividade da pecuária.
Fonte: Sou Agro
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