Enquanto o pequeno Walisson Barbosa, de sete anos, conhece o gado da raça zebuína simental, o colega Victor Paulo Pereira corre para a fila do churrasquinho. “Eu encostei no bezerrinho, o pelo dele é muito macio”, diz o primeiro. “A carne vem do boi, da galinha e do porco; a que eu mais gosto é a de boi”, alegra-se o segundo, já com o espetinho na mão.

Esta é a segunda vez que os dois participam do projeto Zebu nas Escolas, que leva alunos das rede pública a visitar a Expozebu, em Uberaba (MG). “Foi na primeira vez que eu vim que descobri que a carne e o leite vêm da vaca”, recorda Victor.

O projeto da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) já tem 11 anos, com participação de em média 10 mil pessoas por ano. Os monitores são estudantes das faculdades da região, que recebem e acompanham 650 crianças pela manhã e o mesmo número pela tarde, durante os dias da feira, de 28 de abril a 10 de maio.

Em 2012, a proposta foi “Ciência e tecnologia no tripé da sustentabilidade”. Por isso, uma das estações do passeio era voltada à conscientização sobre reciclagem e reaproveitamento de materiais. “Preparamos os alunos para o tema do ano, meses antes de a feira começar”, conta a professora Maria Inês de Resende Castro, da Escola Estadual Fidélis Reis, de Uberaba.

Neste ano, até o tema da feira de ciências da escola foi Sustentabilidade, em alinhamento com o tema da exposição. Cada série recebe o conteúdo de forma diferente. “No terceiro ano, por exemplo, trabalhamos a história de Uberaba, na qual o zebu tem um papel muito importante”, diz Maria Inês.

A visita à Expozebu também serve para que os alunos adquiram conhecimentos em outras áreas. “As bandeiras hasteadas no pavilhão da feira servem para trabalharmos Geografia, e a memória dos animais serve de inspiração para as esculturas das aulas de Arte”, exemplifica a diretora da escola Fidélis Reis, Zania Maria Brito Caparelli.

Além disso, as crianças participam de um concurso cultural que dá prêmios, como bicicletas. As escolas ganham doações de carne para a merenda escolar. “É uma contribuição muito importante para os alunos e escolas mais carentes, como a nossa”, diz a diretora. Sua escola participa do projeto da ABCZ desde a primeira edição.

Ao final do roteiro, os visitantes participam de um churrasco, que pode até entrar para o livro dos recordes Guinness como maior distribuição de espetinhos do mundo – neste ano, foram 11 mil participantes ao longo da Expozebu, segundo a coordenadora do projeto, a pedagoga Teresa Prata. “As crianças acompanham todo o processo da pecuária, até chegar na carne”, diz a diretora da ABCZ, Leila Borges.

Depois de passar por mais de 20 estações durante a feira e receber inúmeras informações, as crianças mostram ter gostado do programa. Mas não sem manter o espírito inocente. Perguntado sobre o que mais gosta na Expozebu, Walisson não pensou muito para responder: “De brincar no touro mecânico”.