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Melhoramento genético em bovinos melhora qualidade de leilão de touros

Lucro certo para o pecuarista. O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Luiz Otávio Campos Silva, definiu deste modo o retorno financeiro de quem utiliza os dados coletados por técnicos de programas de melhoramento genético, como o Geneplus


Publicado em: 17/07/2012 às 15:50hs

Melhoramento genético em bovinos melhora qualidade de leilão de touros

O mercado crescente de animais reprodutores que passam por seleção prova o sucesso e a importância das avaliações genéticas e ajudam a cadeia produtiva da carne até a gôndola do supermercado, já que pode b aratear o preço do produto.

Para Luiz Otávio, que é gestor e um dos idealizadores do Geneplus, programa de melhoramento vinculado à Embrapa Gado de Corte, a relação é diretamente percebida pelos consumidores finais. “As pessoas procuram primeiro por preço e segurança alimentar, depois aspectos sociais e maciez. E o melhoramento genético ajuda a baratear o custo de produção da pecuária, que impacta no preço da carne”, relacionou o pesquisador.

O empresário Murilo Borges, titular da Leilogrande, que realiza semanalmente uma média de dois a três leilões de gado, reforça que os animais que são registrados em associação e passam por seleção de programas de melhoramento atendem o consumidor final também no aspecto da segurança alimentar. “Por exemplo, você tem um nelore registrado na ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), que dá pra você saber toda a árvore genealógica dele, e ele ainda passa por um programa como o Geneplus e é todo avaliado sob critérios de produção. A gente sabe tudo da procedência de um animal como esse”, demonstra.

Dentro do Geneplus, a avaliação genética de um rebanho passa por dez etapas até que o pecuarista esteja apto a aplicar o conhecimento técnico em seus animais. Como mostrou Luiz Otávio, assim que decidem utilizar o programa, produtores rurais, técnicos de campo e pesquisadores executam as seguintes fases:

1 – Planejamento do programa
2 – Internalização dos técnicos na fazenda
3 – Coleta de dados
4 – Arquivamento de dados
5 – Análise de dados
6 – Envio de resultados
7 – Interpretação
8 – Geração de informação com base na interpretação
9 – Decisão
10 – Aplicação

É somente nesta última fase, a da aplicação do conhecimento gerado, que o programa de melhoramento genético se caracteriza como uma inovação. “Até esta última etapa, é Pesquisa & Desenvolvimento. Quando aplicamos, é uma inovação”, explica Luiz Otávio. “O melhoramento genético animal é um grande negócio para os grandes criadores, ou melhor, selecionadores. Quando me perguntam sobre o preço, eu respondo que é caro para quem não vai usar as informações e baratíssimo para quem vai, efetivamente, usar o programa”, resume Luiz Otávio.

Características da raça Nelore

Luiz Otávio, da Embrapa Gado de Corte, é um entusiasta da raça nelore. “A evolução dessa raça no programa de melhoramento é espantosa”, classifica. O pesquisador afirma que o bezerro nelore muito resistente. “Ele bateu no chão e já tá em pé”, diz. Pa ra o gestor do Geneplus, a principal característica que fez do nelore uma das raças mais importantes no Brasil é a facilidade de criar, pois as fêmeas têm leite suficiente, tetas pequenas, que é o ideal, e uma habilidade materna muito boa. “Não é só alimentar o bezerro, é um conjunto de tudo isso. A vaca nelore toma conta da cria, se arrisca pelo bezerro e faz a raça prosperar em regiões inóspitas.  As pessoas falam do cruzamento, porque o cruzamento é bom, mas esquecem que um bom nelore melhora o cruzamento. Eu costumo falar que o nelore é como um empório: você busca uma característica, vai no inventário da raça e encontra ela lá”, compara Luiz Otávio.

Touros Nelore à venda

Fazendo as contas da importância de um touro dentro de um rebanho, conclui-se que a seleção dos machos deve ser mais significativa que a das fêmeas. Exemplificando, um lote de 100 fêmeas precisa de quatro touros em média. Se a taxa de bezerros nascidos for de 80%, ou seja, bem eficiente, um macho será responsável por 20 bezerros nascidos (25%), enquanto a fêmea será responsável por apenas um (1,25%).

A próxima oportunidade que o pecuarista terá para incorporar ao seu plantel touros nelore selecionados acontecerá no Sétimo Leilão Grandes Touros, dia 22 de julho, domingo, às 12h, no Tatersal de Elite da Acrissul, em Campo Grande-MS. Na ocasião, serão ofertados 150 touros nelore PO com exame andrológico completo.

- Veja aqui o catálogo do Sétimo Leilão Grandes Touros


Murilo Borges, da Leilogrande, realizadora do evento, lembra que todos os leilões de reprodutores que sua empresa realiza vendem animais provados por programas de melhoramento. “Esse leilão a gente realiza desde a segunda edição. São animais registrados na ABCZ e o Geneplus, da Embrapa Gado de Corte, valida a avaliação genética”, argumenta Borges. Entre os clientes do leilão, estão a Agropecuária Naviraí, Nelore Quilombo,Fazendas Bartira, Bodo quena (Grupo Votorantim), Progenel, Ulisses Serra Neto (Noninho) e Produção Rural Consultoria. Os vendedores são Família Mauro Borges,Janete Souza Morais, Thiago Morais Salmoão e mais convidados.

“O melhoramento genético ainda vai evoluir, mas hoje a gente já tem alguns trabalhos que demonstram que o pecuarista pode obter até 50% a mais de peso usando touros provados”, cita Murilo Borges. “A gente observa nos nossos leilões a diferença na média de preço do gado comercial e do gado bom, quem é muito superior”, valoriza o empresário. Para o pesquisador Luiz Otávio, o que justifica a compra de um reprodutor provado ao invés de um não provado é que “esse animal, se bem selecionado, vai ser mais eficiente no sistema de produç&at ilde;o do que o outro, sem dúvida”, acrescenta.

Mercado crescente


Segundo números levantados em 2010, apresentados pela zootecnista Roberta Gestal no Dia de Campo Genética Aditiva 2012 (dia 5 de maio), em 2000 a porcentagem de venda doses de sêmen de animais selecionados por programas de melhoramento era de 27%. Em 2010, 83% das doses de sêmen vendidas eram de animais provados*.

*Doses de sêmen comercializadas pela Alta Genetics em 2000 a 2010.

Fonte: Rural Centro

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