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Interleite Sul, até quinta-feira, em Chapecó

Competitividade: cenário e desafios para os três Estados do Sul


Publicado em: 04/04/2012 às 14:20hs

Interleite Sul, até quinta-feira, em Chapecó

A competitividade dos sistemas de produção do sul do País foi o tema que abriu os debates do Interleite Sul 2012 (3o Simpósio Internacional sobre a Produção Competitiva de Leite), que faz de Chapecó palco do maior evento sulbrasileiro do setor leiteiro durante esta semana. As atividades iniciaram nesta terça-feira (3) e encerram na quinta-feira (5), às 12 horas, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes.

Para abordar o tema na primeira manhã do evento, foram convidados representantes dos três Estados do Sul: o engenheiro agrônomo Hernani Alves da Silva apresentou os resultados aplicados pelos sistemas de produção da cooperativa Castrolanda, do Paraná, o médico veterinário da Coopercentral Aurora Alimentos Selvino Giesel expôs dados da produção catarinense e o engenheiro agrônomo Wagner Beskow, diretor da CCGL Tecnologia, enfatizou o sistema proposto pela empresa.

Silva destacou os sistemas implantados pela Cooperativa Castrolanda de acordo com o perfil do produtor. O Sistema A, de produção predominante, por exemplo, contempla propriedades de 16 hectares, com pastagens perenes e anuais de inverno e verão e mão de obra 100% familiar. Na avaliação do engenheiro, cada propriedade deve estar adequada à sua realidade.

De acordo com o engenheiro, hoje parte do leite produzido vem de poucas propriedades, pois a maioria produz em menor volume. Além disso, os valores pagos aos produtores sofrem grande variação. Alguns chegam a receber R$ 0,70 enquanto outros ganham R$ 0,98 por litro. “Essas diferenças são resultados do padrão de qualidade do leite. Por isso, é fundamental que o produtor invista em excelência para obter maior resultado com o mesmo investimento”, assinalou.

O médico veterinário Selvino Giesel falou sobre o sistema de produção predominante em Santa Catarina. Apontou o Estado como quinto produtor nacional, com 60 mil propriedades ligadas à atividade e 6,9 milhões de litros ao dia.  Destacou a evolução da produção catarinense que subiu de 2,13 bilhões em 2008 para 2,55 bilhões de litros em 2011.

O oeste barriga-verde é responsável por 73% da produção e abriga 60% dos produtores do Estado. Em 2012, a média de leite produzido por cada propriedade atingiu 179 litros-dia. “É um resultado animador. No entanto, há espaço para crescer ainda mais e também inúmeros desafios para enfrentarmos”, ressaltou.

Giesel apontou como maior fator de inibição de crescimento o alto custo de produção, que pode chegar a R$ 0,75. “Não há como ser competitivo se o produtor não tem retorno financeiro”. Complementou que o preço pago ao produtor brasileiro é um dos mais altos do mundo, mas, por outro lado, a concorrência é desleal devido aos problemas com o câmbio, precariedade na infraestrutura, alto custo para produzir, ausência dos jovens no meio rural, falta de mão de obra e profissionalização no campo, entre outros fatores. “A legislação ambiental poderá ser mais um problema se os pequenos produtores deixarem os 30 metros de recuo à sanga, pois 61%  do leite de SC vem de propriedade com menos de 20 ha. Como competir com este cenário?”, indagou.

Wagner B. Beskow também enfatizou que o preço pago ao produtor brasileiro está fora da realidade dos países competidores. “Há muitas barreiras impostas para a produção nacional. Quando atingirmos o livre mercado, com condições mais justas de concorrência, poderemos expandir nossos mercados, com custos reduzidos e aumento da renda para os produtores”.

SOBRE OS PALESTRANTES

Hernani Alves da Silva é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Estadual de Londrina. Possui especialização em Desenvolvimento Rural e em Bovinocultura de Leite. Ingressou como extensionista rural na Emater do Paraná em 1987 onde atua até hoje junto à Cooperativa Agropecuária Castrolanda, através de Termo de Cooperação Técnica, no programa de Profissionalização de produtores de leite da agricultura familiar. Concluiu mestrado e doutorado em Agronomia, na área de concentração Produção Vegetal, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Selvino Giesel é médico veterinário pela Universidade Federal de Pelotas(RS), frequentou curso sobre Nutrição de Bovinos Leiteiros pela Universidade Mc Gill/Canadá, é pós-graduado em Bovinocultura de Leite pela Unoesc, com MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agrobusiness pela Fundação Getúlio Vargas.

Wagner B. Beskow é engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado pela Massey University, Nova Zelândia, em Manejo de sistemas pastoris. Foi professor de economia e administração rural (FAEM/UFPEL), de agroecossistemas e de agroindústria (UERGS). Foi consultor em agropecuária (Brasil e Nova Zelândia) e diretor de unidade e diretor regional (UERGS). Atualmente, é diretor da CCGL Tecnologia (CCGL TEC), em Cruz Alta (RS), e contribui como revisor da revista Journal of Dairy Science (EUA).

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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