Publicado em: 16/02/2012 às 19:20hs
O presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo, disse que o governo deve investigar o expressivo e suspeito crescimento das importações de lácteos em janeiro deste ano, conforme denunciado ao Ministério da Agricultura pela Câmara Setorial do Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Em janeiro as importações de lácteos dispararam e atingiram o equivalente a 200 milhões de litros de leite: somente as importações de leite em pó do Uruguai somaram 6.280 toneladas, volume 67% acima das 3.750 importadas em janeiro do ano passado.
Pedrozo suspeita da triangulação nas vendas por países vizinhos e parceiros do Mercosul. Outros países poderiam estar utilizando o Uruguai como escala para entrar no mercado brasileiro, aproveitando-se da tarifa zero no comércio dentro do Mercosul.
"É uma concorrência predatória, que desestrutura a produção nacional", argumenta o dirigente. Ele afirmou que o crescimento expressivo na importação ainda não teve pressão sobre os preços internos por causa da redução da captação de leite provocada pela estiagem no sul do país e excesso de chuvas em Minas Gerais.
O presidente da FAESC rafirma que não pretende qualquer tipo de proteção ao mercado interno, mas coibir as práticas desleais de comércio, que trazem graves prejuízos aos produtores de leite catarinenses.
Esta não é a primeira vez que a Faesc protesta contra o surto de importações de leite em pó proveniente do Uruguai. A Federação alerta que, acrescidas a entrada de produtos lácteos de terceiros mercados, essa importação inviabilizava a competitividade dos produtores de leite brasileiros, que não conseguiam concorrer com o volume de subsídios aplicados aos produtores desses países.
O presidente lembra que os demais exportadores considerados competitivos no mercado mundial, a exemplo da Argentina e do Uruguai, adotaram práticas desleais de comércio para continuar exportando seus excedentes.
Em 2009, uma crise semelhante envolveu Brasil e Uruguai. Na ocasião, além de subfaturamento, os parceiros do Mercosul realizavam pagamentos diretos aos seus produtores, ou seja, também subsidiavam a produção. A Faesc e a CNA chegaram a solicitar o cancelamento das importações de leite em pó do Uruguai e de outros países para a redução das distorções do mercado internacional do leite.
EFEITOS
Pedrozo lembra que o leite é o principal produto de grande parte dos estabelecimentos rurais. Santa Catarina produz 2,2 bilhões de litros/ano gerados por 60.000 estabelecimentos rurais e processados por 23 indústrias de laticínios. O Estado ocupa a sexta posição nacional como maior produtor, concentrando 72% da produção no Oeste, onde a maioria dos produtores é vinculada às cooperativas. As pequenas propriedades (com menos de 50 hectares) respondem por 82% do leite produzido.
Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional
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