“A Bahia é um dos estados com mais potencialidades agropecuárias do Brasil”. Assim, o presidente da FAEB – Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia, João Martins, deu início às atividades do Agropec Bahia 2012, ontem, em Salvador. Também participou da solenidade de abertura o Secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, que destacou a importância do evento para o estado que ocupa lugar privilegiado no ranking de produção agropecuária. Algodão, laranja e guaraná foram citados como destaque do setor que representa o terceiro motivo do PIB na Bahia. Entre os palestrantes de destaque do dia, estão os ex-ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues e Luiz Carlos Guedes Pinto.

Primeiro palestrante da programação do Congresso, que teve sua lotação esgotada, Roberto Rodrigues iniciou sua fala apontando o que para ele é um dos temas mais emergenciais do setor e a questão central da agricultura contemporânea: um projeto mundial de segurança alimentar e energética com sustentabilidade. Ao falar do Brasil destacou outros pontos importantes que precisam também de atenção, tais como política de renda, infraestrutura logística, política comercial e tecnologia e, principalmente, a falta de articulação entre os atores envolvidos no agronegócio. “Não sabemos ainda a força que temos”, enfatizou.
 
Para esquentar a discussão, Roberto Rodrigues, que também é engenheiro agrônomo e coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio na Fundação Getúlio Vargas (FGV) destacou que até 2020 a produção de alimentos deve crescer 20%, enquanto o Brasil tem potencialidade para crescer 40%, índice bem maior quando comparamos com outras nações. “Até o próximo ano, pela primeira vez, a população urbana será maior do que a rural. Ou seja, cada vez menos gente produzirá para um número cada vez maior de pessoas. É aí, nesse contexto, que a tecnologia deve entrar”, afirma Rodrigues.

O Agronegócio, responsável por 22% do PIB nacional, gera 37% de todos os empregos do Brasil. “O Brasil tem terra, tecnologia e gente”, diz destacando a força da juventude no setor, o que não acontece com a realidade de outros países, que estão vendo, diariamente, o envelhecimento do setor, sem perspectiva de sangue novo.

Quem também ressaltou a potencialidade do Brasil no cenário internacional foi Luiz Carlos Guedes Pinto, que, assim como Rodrigues, destacou o potencial da Bahia em produtividade e diversidade. Destinado a falar sobre o mercado internacional de carnes, Guedes Pinto, destacou que políticas de proteção de países desenvolvidos e as cotas impostas de quantidade dificultam a competitividade do Brasil, que é um dos países que menos subsidia a agricultura e a agropecuária. Entre outros entraves foram apontados a tarifa e o dumping que permite que alguns países consigam colocar no mercado produtos com preços desleais em virtude dos subsídios que recebem.
 
Apesar desse cenário, Guedes Pinto destaca que há pouco mais de 20 anos o Brasil importava carne, sendo hoje destaque no panorama mundial. Ele também chama a atenção para um grande passo que o País vem dando: "estamos conseguindo diversificar os destinos de exportação e nossa pauta de produtos. Uma série de qualidades e características faz com que o Brasil seja o país do mundo mais preparado para aumentar a oferta de alimentos para o planeta”, completa encerrando a manhã do primeiro dia de programação do Agropec Bahia 2012.

À tarde, foram realizados dezenas de painéis técnicos sobre as mais diversas culturas pecuárias da Bahia, como Bovinocultura de Corte e Leite, Ovinocaprinocultura e Avicultura. Com salas concorridas, os produtores tiveram oportunidade de conhecer tecnologias e experiências de sucesso com especialistas do Brasil e do mundo. “É maravilhoso poder participar de um evento como este na Bahia, que traz para Salvador o que há de mais avançado em termos de conhecimento e tecnologia no segmento agropecuário”, ressaltou o produtor de Itapetinga, no interior da Bahia, Luiz Matos Silva.

Nesta quarta-feira, 19, acontece o segundo dia do Agropec Bahia, com palestras de especialistas de renome nacional e internacional, como o ex-ministro das Comunicações Mendonça de Barros e o economista Eduardo Gianetti, Doutor em Economia pela Universidade de Cambridge.