A produção de algodão cresceu cerca de 30% nos últimos vinte anos no Brasil. Hoje, somos o terceiro maior exportador da fibra, atrás dos Estados Unidos e Índia. Esse cenário coloca o País como um dos maiores “players” mundiais nesta atividade agrícola. Todavia, o momento atual preocupa. Com o crescente aumento da área plantada, os cotonicultores enfrentam uma crise de preços baixos, pressionados também pelo grande estoque mundial da fibra.

Para discutir desafios e oportunidades do setor, foi realizado nesta semana, no dia 05 de junho, em Chapadão do Sul (MS), o “Workshop do Algodão”. No evento, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Chapadão do Sul (Fundação Chapadão do Sul), especialistas no segmento se mostraram preocupados com a chuva que deve prejudicar a colheita da pluma em meados de julho, podendo ocasionar uma quebra de 10% da safra.

Para o consultor da BM&FBovespa, João Pedro Cutty Dias, a expectativa é de redução de 20% da área plantada no Brasil em 2013. No ano passado, os valores negociados estavam em torno de R$100/@. Neste ano, foram feitos negócios a R$52/@, mas o custo de produção não caiu na mesma proporção. No encontro, foi possível observar que os cotonicultores da região estão tirando dinheiro do bolso para investir em pesquisa e consequentemente em tecnologia.

Chapadão do Sul tem apenas 25 anos de história e responde por 80% da produção de algodão do Estado. Produtores de várias partes do País estão sendo atraídos para o município por conta das terras férteis, planícies e boas condições climáticas. Segundo o prefeito, Jocelito Krug, quando tudo começou a terra valia 1 dólar por hectare e hoje vale 15 dólares.

O presidente da Fundação Chapadão do Sul, Adriano Loeff, afirma que a região é de oportunidades e mesmo em meio à crise de preços do algodão, o produtor vai continuar investindo em tecnologia e se destacando na produção de fibras de alta qualidade e quantidade. No raio de 300 km da cidade, a área plantada de algodão é de 99.900 hectares, com produção total de 405 mil toneladas e 210 mil toneladas do caroço. No Brasil, a produção de algodão foi estimada em 1,95 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O cotonicultor Alberto Schlatter foi o primeiro a colocar sementes de algodão no solo de Chapadão do Sul e o primeiro a utilizar colheita mecanizada da região. Com uma propriedade de 8 mil hectares , ele acredita na recuperação de preços. “Estamos no fundo do poço, mas isso não me assusta porque tenho certeza que o mundo precisa e há demanda pelo nosso algodão.”

Encontro de Jornalistas

O “Workshop do Algodão” para jornalistas reuniu 26 profissionais de todo o País que assistiram palestras sobre produção e mercado do algodão, custo de produção da atividade, comparativo a outras culturas, cultivares, época de plantio, manejo da planta, correção do solo e conheceram o laboratório e as técnicas para a classificação visual e por aparelho HVI. Além da Fundação, o evento teve a Agropress como uma das promotoras.