Publicado em: 09/01/2007 às 15:38hs
Podem ser classificados também em tipo rio: coloração preta e com 50 pares de cromossomos; e, de pântano, com coloração mais clara e 48 pares de cromossomos.
A espécie teve origem no continente asiático, depois foi levada à Africa, mais tarde à Europa e Oceania e por último à América. No Brasil, foi introduzida através da Ilha de Marajó, em 1895, espalhando-se por todas as regiões fisiográficas, predominando na região Norte, com um efetivo acima de 50% do total nacional, estimado em três milhões de cabeças.
O búfalo é conhecido como o “trator vivo do oriente”, devido ao seu grande potencial como animal de trabalho, sendo intensamente utilizado em campos de produção de arroz. Seus largos cascos fendados e as articulações do boleto, com até 180° de flexibilidade, proporcionam a redução do esforço de sucção quando o animal se desloca em solos moles ou lamacentos. Dificilmente ficam atolados. Além da flexibilidade da articulação metacarpo-falangeana, os cascos ou unhas são muito duros, permitindo que essa espécie trabalhe com as patas mergulhadas na lama ou água. E ainda, a estrutura corporal dos bubalinos, especialmente a distribuição do peso sobre os membros, dá a essa espécie uma grande força de tração.
É notável a longevidade de trabalho do búfalo. Na Ásia, não é raro encontrar búfalos que continuam a trabalhar com idade de 30 anos, havendo relatos de animais trabalhando com 40 anos. Os búfalos podem ser usados para os mais diversos tipos de serviço, tais como: encoivaramento, aração, gradagem, nivelamento de terreno, capina, tração de carroça, tração de pequenas embarcações fluviais, montaria, arrasto de toras de madeira, bem como alargamento, aprofundamento e limpeza de drenos e beneficiamento de grãos.
Adaptam-se, também, ao constante trabalho circular (espremer cana, amassar barro para tijolos). Os búfalos podem trabalhar cinco horas por dia e arar de 0,25 a 0,33 ha, podendo chegar a 3 ha de terra irrigada. Dois búfalos podem puxar duas toneladas de carga em carroças com rodas pneumáticas, por 25 a 32 km em um dia.
Sabe-se que mais de 80% da produção agrícola nacional provém da pequena produção, ou seja, da agricultura que tem como base a família. Segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, no Brasil, os pequenos criadores (com rebanho entre dez e 50 cabeças de búfalos) representam 70% dos criatórios. Nas pequenas propriedades, essa espécie tem sido utilizada para o cultivo de lavouras e como fonte de proteínas nobres de baixo custo, como o leite e a carne.
No extremo sul do país, em criações extensivas, os bubalinos podem ser abatidos aos 24 meses com, em torno de, 450kg de peso vivo. A carne dos búfalos apresenta características qualitativas similares à dos bovinos, sendo mais magra e tendo um baixo nível de colesterol. Comparada à bovina apresenta 40% menos colesterol, 12 vezes menos gordura, 55% menos calorias, 11% a mais de proteína e 10% a mais de minerais. Devido aos baixos índices de gordura e colesterol é uma carne indicada para pessoas com problemas cardíacos.
O leite tem coloração branco-opaca e sabor adocicado. É mais concentrado do que o dos bovinos. Possui maiores teores de proteína, gordura e minerais. A grande importância do leite bubalino está em proporcionar produtos lácteos de grande qualidade (mozzarella e iogurte). Seu rendimento industrial pode superar o rendimento do leite bovino em mais de 40%.
Devido às características inerentes à espécie, que vão desde rusticidade até a produção de alimentos de alta qualidade, a bubalinocultura seria uma alternativa à agricultura familiar no extremo sul do país, pois ajudaria a melhorar a qualidade de vida desses pequenos produtores, mantendo-os no campo.
Maria Cecilia Florisbal Damé (cecilia@cpact.embrapa.br) - Pesquisadora da Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS
Fonte: Embrapa Clima Temperado
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