Publicado em: 18/11/2021 às 14:20hs
Segundo Júlia Silveira, coordenadora de bovinos de leite da Prodap, a criação de um ambiente de anaerobiose favorável para fermentação e produção de ácido lático resulta na queda do pH e garante, assim, a conservação do material e a inibição do crescimento de bactérias.
“Muitas pessoas pensam que o processo de ensilagem melhora o valor nutritivo da forragem conservada em relação àquela que a originou. Mas isso não é verdade, pois o objetivo da ensilagem é conservar o valor nutritivo inicial da forrageira”, afirma a coordenadora.
A especialista reforça que para se ter uma silagem de boa qualidade, é necessário ensilar material de boa qualidade e fazer as etapas corretamente. Abaixo seguem informações sobre o porquê produzir e as etapas do processo.
Dentre as vantagens da produção de silagem, pode-se citar:
O processo de ensilagem passa por etapas que devem ser realizadas com muita dedicação para garantir um bom resultado.
A produção da silagem passa por quatro fases divididas de acordo com o momento da fermentação do material após a vedação: fase aeróbica, fase anaeróbica, fase de estabilidade e a abertura do silo.
Esta fase inclui as etapas de colheita até a vedação.
O que ocorre:
Nessa fase há a queda do pH da massa ensilada.
O que ocorre:
É quando ocorre a estabilização do pH da massa ensilada e a redução da atividade microbiana. Com todo esse processo entendido, vamos agora ao passo a passo de cada etapa para a produção de silagem de qualidade.
A escolha da forrageira adequada é muito importante para a qualidade da sua silagem. Alguns pontos devem ser considerados:
Além disso, os cuidados culturais são de extrema importância para uma boa produção, sendo necessário estar atento às seguintes condições:
O processo da colheita tem impacto na compactação, fermentação, no consumo e desempenho das vacas, além de definir os custos operacionais.
Escolher o maquinário é o primeiro passo para essa etapa da produção de silagem. As colhedoras tracionadas por trator são maquinários mais simples e muito presente em pequenas e médias propriedades. Este equipamento tem como vantagem o seu baixo preço, com manutenção simples. Como desvantagem, podemos citar a limitação de ajustes.
Já as colhedoras autopropelidas não dependem da ação de outro equipamento, sendo muito mais tecnológicas. Elas têm como vantagem um processamento com maior precisão e mais velocidade, porém tem um valor mais alto.
O grande desafio desta etapa é saber reconhecer o ponto correto para colher. O teor de matéria seca deve estar entre 30 e 35%, pois nessa condição há o favorecimento do crescimento de bactérias láctica. Caso a colheita seja feita com a matéria seca menor do que 30%, há uma compactação excessiva, um favorecimento do crescimento de Clostridium, ocorre lixiviação (lavagem) e fermentação butírica, apodrecendo a silagem.
Já no caso da colheita feita com o teor de matéria seca maior do que 38%, a compactação não será efetiva, formando um ambiente aeróbio que predispõe o crescimento de fungos. Além disso, ocorrerá um aumento de temperatura, resultando no que chamamos de Reação de Maillard
A parte inferior das hastes das plantas é menos digestível e contribui para a redução da qualidade da forragem como um todo, além do fato do corte muito baixo haverá maior contaminação por clostridium devido ao contato com o solo. Porém, se o corte for feito muito alto haverá uma menor produção. Apesar disso, essa pode ser uma estratégia para obter um aumento na concentração energética e redução no teor da Fibra em Detergente Neutro (FDN) na silagem. Então, para determinar qual a altura de corte ideal para a sua propriedade, você precisará analisar suas necessidades e optar por priorizar uma maior produção (corte mais baixo) ou maior qualidade (corte mais alto).
O tamanho de partícula refere-se ao tamanho em que a planta será picada pelo maquinário responsável por esse processo. Ter um tamanho adequado da forragem é fundamental a ruminação e produção de saliva, garantindo um bom ambiente ruminal, ajudando no controle do pH e viabilizando a ação dos microrganismos.
Caso o corte deixe partículas grandes, a compactação será dificultada, os grãos serão menos quebrados e reduzirá o aproveitamento dessa silagem e o consumo. Já numa situação em que o corte seja muito pequeno, ocorrerá uma super compactação da silagem. Uma ferramenta muito utilizada para adequar os teores de fibra da dieta de vacas leiteiras é o “Penn State”, um conjunto de peneira com objetivo de separar as partículas de acordo com o seu tamanho.
Esta etapa visa a retirada total de ar para a fermentação que irá conservar o alimento.
Com a vedação adequada da forragem nós queremos garantir que não haverá a penetração do ar do ambiente externo no interior do silo. Para isso, são utilizadas lonas (lâminas de polietileno) e adiciona-se pesos sobre ela. É importante ficar atento a qualidade da lona, pois quanto mais fina, maior o risco de perdas da silagem. Um outro ponto de atenção é o uso de cercas no entorno dos silos, para evitar a aproximação de animais que podem furar a lona.
Esta é uma etapa de grande importância, visto que será o momento em que a silagem terá contato com o ar novamente e sairá do seu ambiente de anaerobiose e estabilidade. Para reduzir a área que entrará em contato com o ar, a face de retirada do silo deve ser mantida plana e perpendicular ao solo e laterais.
O recomendado é que se tire no mínimo 30 cm por dia após a exposição ao ar, pois é o quanto estima-se que haja de penetração de ar na massa ensilada. Por isso, os silos devem ser dimensionados para essa retirada mínima. Uma estratégia utilizada é calcular a taxa de retirada de silagem, relacionando a quantidade de silagem que se utiliza por dia em relação à área do painel (largura x altura).
Fonte: Prodap
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