Publicado em: 24/06/2022 às 08:30hs
A grave interrupção das cadeias globais de suprimento decorrentes da pandemia da COVID-19, a menor disponibilidade de fretes marítimos e a ocorrência de conflitos geopolíticos, acentuou de forma abrupta os preços das matérias-primas utilizadas na indústria, tais como o Fosfato e isso trouxe consequências imediatas nos custos das rações animais, forçando os nutricionistas a buscarem maneiras de reduzir a necessidade de Fosfato Inorgânico nas dietas mantendo o desempenho.
Essa situação desafiadora e volátil faz com que agora seja a hora de reavaliar as formas de desbloquear o Fósforo contido nas matérias-primas da ração, revendo a inclusão e o tipo de Fitase utilizada. Com a escalada dos preços do Fosfato Inorgânico (preços na Europa acima de € 1500,00/ton, fonte FeedInfo, Abril 2022), aumenta a importância da valorização da Fitase como fonte de Fósforo na dieta, justificando o uso de enzimas dessa categoria mais eficientes na hidrólise do Fitato com maior liberação de Fósforo. Mesmo para os produtores que já utilizam doses moderadas a altas de Fitase alguns passos adicionais podem reduzir os custos e minimizar sensivelmente a necessidade de uso de Fosfato Inorgânico, desde que feitos de forma inteligente.
Diante desse cenário de desafio que nos encontramos, todo o conhecimento e inovação quanto à Nutrição Livre de Fitato faz a diferença. A inclusão de uma Fitase de alta eficácia, como são as de quarta geração, aumenta muito a quantidade de Fósforo disponível para o animal a partir da dieta, quebrando o Fitato dos ingredientes, aumentando a liberação do Fósforo e outros nutrientes que, de outra forma, estariam indisponíveis. Isto significa que é preciso adicionar níveis muito menores de Fósforo Inorgânico à dieta, proporcionando economias substanciais nos custos de alimentação.
Com os atuais desafios de preço e fornecimento no mercado de Fosfatos este é o momento para verificar e capturar oportunidades de melhorias na nutrição livre de Fitato. De forma geral, o uso de Fitase em dietas de aves tem por objetivo inicial uma liberação de Fósforo de 0,15% nas dietas com doses de 1.000 unidades de Fitase/kg. Entretanto, ao avaliar a quantidade de Fitato na dieta de aves e suínos (percentuais maiores ou iguais a 0,22% de Fitato), permite-se ajustes de liberação de Fósforo na dieta acima do normalmente praticado, utilizando Fitases de quarta geração, com a mesma dosagem de 1.000 unidades de Fitase/kg chega-se a liberações médias de 0,18% de Fósforo ou 0,14% de Fósforo digestível em aves e suínos, respectivamente, o que traz benefícios adicionais significativos de nos custos além de ajudar a reduzir o uso de fosfato inorgânico, que é interessante do ponto de vista de sustentabilidade (Tabela 1). Considerando a escala de produção de uma fábrica de ração típica para aves e suínos, até mesmo pequenas reduções na quantidade de Fosfato logo se traduzem em economia da ordem de múltiplos contêineres.
Manter a integridade das rações se tornou mais importante quando os preços dos ingredientes estão elevados. Antes de passar a considerar liberações de Fósforo maiores com o uso de Fitases de quarta geração é necessário fazer algumas verificações fundamentais para garantir que as mudanças façam sentido tanto na teoria (formulação) quanto na prática (para o animal). Para garantir uma mudança segura para doses mais altas, considere as sugestões a seguir. Lembre-se que uma Fitase rápida e eficiente, ajudará a maximizar a degradação do Fitato e a eliminar qualquer risco associado à mudança para doses mais altas.
Muitos outros fatores também influenciam a eficácia da Fitase. O uso de água a temperaturas inferiores a 20°C, por exemplo, a presença de outras enzimas como proteases e carboidrases para liberar o Fitato de matrizes mais complexas e a correta relação Fitato-Proteína na ração podem ter um efeito positivo. Para saber mais sobre a influência desses e de outros fatores existem ferramentas como calculadoras de melhor dose de Fitase, na qual é possível avaliar o impacto de diferentes cenários alimentares sobre a acessibilidade do Fitato em diferentes espécies e o que isto significa para a dosagem da referida enzima.
Para entender melhor como essa poderosa enzima pode ajudar a reduzir seus custos e melhorar sua margem, minimizando o impacto da escassez de Fosfato Inorgânico atual, vamos fazer algumas simulações a seguir.
Tabela 1. Exemplos de economia de dietas com liberação de 0,15% de fósforo para 0,18% de fósforo disponível com uma fitase de quarta geração.
Vitor Fascina é Médico Veterinário formado em 2004 e Mestre em Ciência Animal formado em 2007 pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Doutor em Zootecnia (Nutrição e Produção Animal) e Pós-Doutorado em Nutrição e Saúde Animal pela Universidade Estadual Paulista (FMVZ-UNESP-2014). Em 2014, ingressou na DSM como pesquisador do Departamento de Inovação & Ciência Aplicada, atuou como Gerente de Serviços Técnicos de Eubióticos e atualmente é Gerente de Enzimas para a América Latina.
Fonte: InPress Porter Novelli
◄ Leia outros artigos