Caprinos e Ovinos

Embrapa Discute Potencial Abertura de Mercado para Exportação de Ovinos ao Kuwait

Missão Brasileira Explora Oportunidades Comerciais para o Setor de Ovinocultura


Publicado em: 04/02/2025 às 11:25hs

Embrapa Discute Potencial Abertura de Mercado para Exportação de Ovinos ao Kuwait

A exportação de ovinos vivos do Brasil para o Kuwait será um dos principais temas abordados durante a Missão de Promoção Comercial e Atração de Investimentos, que ocorrerá de 2 a 4 de fevereiro na Cidade do Kuwait, promovida pela Embaixada Brasileira. A Embrapa, uma das participantes da comitiva brasileira, apresentará o panorama da ovinocultura nacional a autoridades kuwaitianas e representantes da Al Mawashi, empresa líder no fornecimento de carne ovina no Golfo Pérsico. A demanda por ovinos vivos, manifestada pelas autoridades locais, pode representar uma oportunidade inédita para o comércio de animais do Brasil, que ainda não participa ativamente da exportação de ovinos vivos para abate.

O pesquisador Fernando Henrique Albuquerque, da Embrapa Caprinos e Ovinos, será o responsável pela apresentação dos dados relativos à ovinocultura brasileira. Ele destacará as principais regiões produtoras no Nordeste e Sul do Brasil, além de informações sobre o rebanho, os produtores e o perfil dos sistemas de produção. Outros aspectos logísticos, como a localização dos portos brasileiros e as inovações tecnológicas que a Embrapa pode oferecer, também estarão em foco.

De acordo com Albuquerque, o interesse do Kuwait em importar ovinos vivos representa um desafio novo para a ovinocultura brasileira, que já exporta carne e animais para fins reprodutivos, mas não está envolvida no comércio de animais vivos para abate. A demanda do mercado kuwaitiano pode chegar a até 70 mil animais por embarque, o que exigirá uma estrutura logística eficiente e a adaptação de produtores aos critérios exigidos para exportação.

“A expectativa é de uma exportação a médio prazo, mas o Brasil possui uma infraestrutura logística consolidada, já testada em outras cadeias, como a bovinocultura. Além disso, contamos com o apoio da Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, que poderá dar suporte às demandas futuras, caso o processo seja formalizado”, afirma o pesquisador.

Para Pedro Marthins, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos, o desafio de atender a essa demanda em grande escala pode ser superado com o engajamento dos produtores e o apoio de entidades como a Associação Nacional dos Criadores de Ovinos (Arco). “O Brasil tem um rebanho de cerca de 22 milhões de cabeças, e a logística brasileira já permitiu a exportação de 850 mil bovinos em 2024 para mercados árabes. Acredito que, com a mobilização do setor, conseguiremos atender a essa demanda”, destaca Marthins.

Em 2023, as exportações mundiais de ovinos vivos somaram 24,11 milhões de cabeças, movimentando US$ 2,3 bilhões. Países como Sudão, Somália, Romênia, Irã, Espanha, Namíbia e Austrália são os maiores exportadores, representando 75,4% do rebanho exportado e 65% da movimentação financeira, segundo dados da FAO.

Oportunidade para Incentivo à Produção

A possibilidade de exportar ovinos vivos é vista como uma oportunidade estratégica para a ovinocultura brasileira, especialmente no que tange à atração de novos investidores e produtores, além de abrir caminhos para a agregação de valor à produção. Para Cícero Lucena, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos e Ovinos, um ingresso bem-sucedido neste mercado pode resultar em um fortalecimento significativo do setor.

Lucena ressalta que, entre os principais desafios, está a necessidade de organizar os produtores e adequar os animais aos padrões exigidos para exportação. Com 80% da ovinocultura brasileira voltada à agricultura familiar, a maior dificuldade está em promover a organização e a escala necessárias para atender a um mercado tão exigente. Ele também destaca a importância da certificação zoossanitária internacional e de melhorias nas práticas de manejo, bem-estar animal e condições de transporte, como forma de garantir a viabilidade da exportação.

Missão de Promoção Comercial

Além da Embrapa, a missão ao Kuwait contará com a participação de representantes da Embaixada do Brasil no Kuwait, Embraer, Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Invest/SP). A agenda de negociações também inclui discussões sobre aviação civil, materiais médicos hospitalares e energias renováveis, com o objetivo de ampliar os mercados de exportação.

Representantes da Câmara Kuwaitiana de Comércio e Indústria (KCCI), da Kuwait Investment Authority (KIA) e da empresa Al Mawashi também participarão das negociações, buscando fortalecer os laços comerciais entre o Brasil e o Kuwait.

Fonte: Portal do Agronegócio

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