O Ceará será a primeira unidade da federação a executar as ações do programa, que terá recursos do Ministério da Integração Nacional para a inovação tecnológica em ovinocultura de corte, em regiões com produção tradicional de ovinos, mas que apresentam baixos indicadores socioeconômicos.

Na reunião desta terça, o pesquisador Octavio Morais (foto), da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), apresentou a proposta de atuação que prevê a implantação de uma unidade técnica de referência no município de Tauá, no sertão dos Inhamuns (região com maior rebanho de ovinos no Ceará). Lá serão desenvolvidas ações em melhoramento genético,nutrição animal e de capacitação para 120 produtores locais, que conduzirão animais dos seus rebanhos para um centro de terminação de cordeiros a ser implantado na unidade.

Segundo Octávio, o centro de terminação terá um controle sanitário que permita a oferta de ovinos com melhor qualidade para abate e comercialização da carne e seus derivados, além de trazer também benefícios para inserção dos produtores locais no mercado: as negociações para venda de animais, que na realidade local são feitas na maioria das vezes de forma isolada, poderão ser realizadas em grupo.

O programa trará ainda, a criação de um núcleo de melhoramento genético com animais da região e articulação com os futuros Centro de Inteligência de Caprinos e Ovinos da Embrapa e Residência Zootécnica da Embrapa Caprinos e Ovinos, que contribuirão na capacitação de técnicos e de produtores rurais. "O programa trará ainda outros benefícios como a criação de empregos indiretos, a melhoria de renda e aquecimento do comércio local" acrescentou Octávio.

Além do Ceará, há a previsão de que o Rota do Cordeiro atue em Pernambuco (estado que já conta com o convênio para implantação assinado), Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Paraíba, com metodologias de trabalho semelhantes. "O que buscamos é um modelo de intervenção, com agentes locais, que não se dê só na propriedade. O Rota do Cordeiro é um programa do Estado brasileiro, que contará com tecnologias da Embrapa e execução dos governos estaduais", destacou Evandro Holanda Júnior, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, durante a reunião.

A possibilidade de inserção produtiva dos ovinocultores foi um dos aspectos destacados pelos representantes da SDA e por outros participantes da reunião do Agropacto. "Esse programa representa uma tentativa de se romper com um modelo tradicional, de venda de animais na porta da propriedade rural. Esperamos convencer os produtores que comercializar os animais em grupo é melhor do que se fazer isso de forma pulverizada", afirmou Antônio Nunes, da Coordenação de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária da SDA. "A iniciativa pode ter resultados auspiciosos. Esses centros de terminação podem ser o rumo do sucesso do empreendimento, fazendo com que produtores tenham melhores condições para negociação de preços", avaliou Flávio Saboya, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará.