Caprinos e Ovinos

Alimentação deve ser oferecida três vezes ao dia

Para caprinos não sofrerem com desequilíbrio nutricional, rações devem ser oferecidas de forma espaçada


Publicado em: 06/07/2012 às 19:40hs

Alimentação deve ser oferecida três vezes ao dia

A nutrição de caprinos no Brasil ainda é uma questão delicada. Muitos produtores não sabem fazer uma alimentação equilibrada, na proporção que os animais precisam, e acabam gerando problemas no rebanho por causa dos descuidos. Em regiões como o Semiárido, em que a época seca se estende durante um grande período do ano e inviabiliza a produção de forragem, os produtores precisam ficar atentos à suplementação alimentar e suprir essa carência com rações. Uma das principais recomendações para estes produtores é acumular forragem em abundância no período chuvoso e aumentar a quantidade de ração na seca para o animal não ficar muito magro.

Mas se engana o produtor que acha que é só em condições de seca que é preciso ter cuidado com a alimentação do rebanho. Mesmo no Sudeste e Sul, em que a seca ocorre durante um período curto e a oferta de silagem e feno existe durante praticamente todo o ano, é preciso ficar bem atento. O desequilíbrio alimentar pode acontecer não só pela falta de alimentos, mas também pelo seu excesso. Existem produtores que oferecem ração demais para o seu rebanho em uma única dose, o que pode gerar um processo de acidificação no estômago dos animais. Por isso, é recomendado que a alimentação diária seja divida em porções durante três momentos do dia para que não haja sobrecarga na digestão e o animal ingira o que comeu da melhor forma possível.

Essa ração deve ser balanceada e, dependendo da quantidade de concentrado utilizado, é importante que a alimentação seja dividida de duas a três vezes por dia para evitar problemas digestivos. Se você oferece uma quantidade muito grande de concentrados de uma única vez pode acarretar uma acidificação no estômago destes animais que pode trazer uma série de problemas. O produtor deve procurar dividir as refeições no maior número de vezes possível. A alimentação é o elemento de maior custo da produção. Se nós olharmos para o Sul e Sudeste, em que nós temos produção de leite de cabra muito forte com animais criados intensivamente temos um problema, às vezes, de desbalanceamento de rações, em função do excesso de alimentos oferecido. Já no Nordeste, o cenário é contrário com a falta de alimentos numa grande parte do ano e os produtores precisando balancear esta alimentação com oferta de rações — esclarece Marco Bomfim, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Um manejo para cada região

O problema para os produtores nordestinos do Semiárido é mais delicado. Os cuidados são muitos. Além de acumular forragem na época chuvosa e estocar este material de forma correta, em um ambiente adequado, ele tem que se preocupar em não deixar o animal ficar magro e oferecer maiores porções de ração, principalmente nas épocas de lactação e no período pós-parto. O fortalecimento da suplementação alimentar nesta época em que o animal perde muito peso por causa da grande produção de leite é essencial para que ele chegue ao período de monta saudável e dentro do peso.

Para os produtores do Sul e Sudeste, os cuidados são básicos, mas não podem deixar de serem tomados. Além de dividir a oferta de alimentos ao longo do dia, a observação das condições sanitárias dos animais é muito importante. Observar se o pelo está macio, brilhoso e liso e se o animal está dentro do peso recomendado para a sua idade e fase de alimentação são pontos fundamentais para saber se a dieta oferecida aos caprinos está sendo adequada. Uma dica do pesquisador para a época da seca nestas regiões é incorporar a cana-de-açúcar nas porções e utilizar  as capineiras, que cortam e picam as forrageiras.

Um dos projetos de fluxo contínuo da Embrapa Caprinos e Ovinos é a avaliação de alimentos. Estamos sempre buscando alimentos alternativos que possam ao mesmo tempo nutrir os animais e reduzir os custos. Atualmente, temos um projeto focado no subproduto de frutas para alimentação de caprinos, subprodutos da indústria da mamona (casca e farelo) e um outro projeto para melhorar a qualidade do leite através da nutrição. Essa é uma linha que visa adicionar valor à bebida, uma vez que o leite de cabra chega a um preço mais alto no mercado e o consumidor precisa se sentir motivado a comprar. Modificamos certos componentes da ração para melhorar a composição da gordura do leite, para que ele se torne mais saudável.

Bomfim diz que de uma forma geral, os cuidados que se têm com a nutrição de outros ruminantes como bovinos é parecida com a dos caprinos. A gama de alimentos fornecidos é basicamente a mesma com grande concentração de fibra como capim picado, feno ou silagem e concentrados a base de farelo de milho ou de soja. O que muda é a quantidade oferecida aos animais. Ele lembra que é sempre interessante consultar a opinião de um extensionista da região para que ele adapte as regras gerais e crie um sistema personalizado mais adequado às condições que cada produtor possui.

Fonte: Juliana Royo/Portal Dia de Campo

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