Caprinos e Ovinos

Evolução dos preços da carne ovina na Bahia no período de 2002 a 2009

A Bahia é o segundo maior produtor de ovinos do Brasil, com uma população de 2.663.818 cabeças, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul que tem 3.326.584 ovinos


Publicado em: 16/12/2009 às 18:58hs

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O município de Feira de Santana tem  um efetivo total de 38.618 animais, o que resulta em uma densidade de 28,3 ovinos por Km2, segundo dados do Censo Agropecuário (2006) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Empresa Baiana de Pesquisa Agropecuária (EBDA) divulga mensalmente os preços recebidos pelos produtores rurais do Estado da Bahia nas diversas cidades que compõem o Estado. Este artigo tem como objetivo mostrar o comportamento dos preços recebidos pelos produtores de carne ovina na cidade de Feira de Santana no período de 2002 a 2009. As informações contidas no Gráfico abaixo sintetizam as séries anuais de preços recebidos pelos produtores de carne ovina e bovina, e mostram  simulações de preços elaborados a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) divulgado pelo IBGE.

Fonte: Elaboração dos autores com base em dados da EBDA e do IBGE.

A análise da trajetória dos preços, tanto da carne ovina como da bovina, mostra  uma tendência de elevação ao longo do período analisado. De 2002 a 2009, o preço nominal da carne ovina apresentou uma taxa de crescimento de cerca de 80% no mercado de Feira de Santana, enquanto que a carne bovina (tradicional concorrente da carne ovina), apresentou uma taxa de crescimento de 52% no mesmo período. Portanto, pode-se observar que os produtores de carne ovina tiveram, proporcionalmente, maiores ganhos que os produtores de carne bovina, fato que aponta que o mercado de carne ovina no período esteve mais aquecido.

Quando se leva em consideração o índice de inflação do período, percebe-se claramente um aumento de competitividade dos produtores de carne ovina. Para tanto, utilizou-se o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) divulgado pelo IBGE e, para efeito de comparação, os preços nominais das carnes ovina e bovina foram corrigidos pelo INPC de cada ano, e foram feitas simulações atualizando tais preços. Verifica-se que os preços recebidos pelos produtores de ovinos foram superiores àqueles corrigidos pelo INPC (por exemplo, se os preços da carne ovina tivessem sido corrigidos pelo INPC do período, em 2009 o consumidor de Feira de Santana estaria pagando R$ 5,70 pelo quilo de carne, quando efetivamente ele paga R$ 7,01). Portanto, os produtores de carne ovina obtiveram significativos ganhos reais de cerca de 23% acima da inflação do período, fato que contribui para o aumento da competitividade da ovinocultura baiana, partindo-se do pressuposto de que os custos de produção seguiram a trajetória do INPC do período. Ressalte-se que, no período de 2002 a 2009, os preços recebidos pelos produtores de carne ovina só não superaram o índice de inflação no ano de 2003, ano em que os produtores receberam, em média, R$ 4,18 por quilo de carne, quando deveriam receber R$ 4,30 se os preços tivessem sido corrigidos pela inflação do período. Em todos os demais anos, os produtores de carne ovina tiveram aumentos superiores aos índices de inflação do período.

Fazendo-se a comparação do comportamento dos preços recebidos pelos produtores de carne ovina com os de carne bovina de Feira de Santana e, assumindo-se que os custos de se produzir carne ovina e bovina foram reajustados pelo índice de inflação do período, fica claro que os produtores de carne ovina tiveram ganhos reais muito maiores que os produtores de carne bovina. Senão vejamos, no período de 2002 a 2009, os preços da carne bovina não incorporaram integralmente os índices de inflação nos anos de 2003 (R$ 3,61 recebido, contra R$ 3,62 corrigido), 2004 (R$ 3,70 recebido, contra R$ 3,84 corrigido), 2005 (R$ 3,61 recebido, contra R$ 4,03 corrigido), 2006 (R$ 3,53 recebido, contra R$ 4,14 corrigido) e 2007 (R$ 3,53 recebido, contra R$ 4,36 corrigido), esboçando uma recuperação nos anos de 2008 (R$ 4,92 recebido, contra R$ 4,64 corrigido) e 2009 (R$ 4,97 recebido, contra R$ 4,79 corrigido). Portanto, o mercado de carne ovina de Feira de Santana aparenta ser mais atrativo do que o de carne bovina, indicando que a demanda por carne ovina está aquecida e supera a oferta, fato que contribui para este substancial aumento do preço da carne ovina.

Isto posto, constata-se claramente que o comportamento dos preços da carne ovina revela um mercado onde existe excedente de demanda, o que se traduziu em aumentos reais de preços e melhoria da competitividade da ovinocultura baiana. Quando se compara a evolução dos preços da carne ovina com os da carne bovina, observa-se que de 2002 a 2009 a tendência esboçada foi de que os preços da carne ovina apresentaram-se mais atrativos, visto que tiveram sempre uma trajetória ascendente e, proporcionalmente, tiveram taxas de crescimento superiores aos índices de inflação do período. Portanto, de acordo com o comportamento dos preços recebidos pelos produtores e segundo a inflação, percebe-se que no período de 2002 a 2009, a ovinocultura em Feira de Santana tornou-se uma atividade mais competitiva, quando comparada com a bovinocultura de corte.

Espedito Cezário Martins - Engenheiro Agrônomo com mestrado em Economia Rural e doutorado em Ciências (Economia Aplicada). Atualmente é pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Evandro Vasconcelos Holanda Junior - Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos. Atualmente exerce a função de chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos e é representante da Embrapa na Câmara Setorial Federal da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos.

Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos

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