Bovinos Leite

Tecnologia a serviço da produção de leite

Na propriedade de Armando Rabbeas, vaca não tem hora marcada para ordenhar


Publicado em: 04/06/2013 às 09:40hs

Tecnologia a serviço da produção de leite

A fazenda Santa Cruz de Baixo, localizada na região de Castro (Campos Gerais), possui a primeira sala de ordenha totalmente robotizada da América Latina. Chamado no Brasil de Sistema de Ordenha Voluntária (VMS, sigla em inglês), o robô realiza toda a operação, que vai desde a limpeza dos tetos até a remoção dos resíduos pós-ordenha. Tudo isso sem a necessidade de um operador.

Simples - Parece complicado, mas o sistema é simples. Os animais ficam em um galpão, em cuja cabeceira está localizado o equipamento. Rabbeas explica que quando a fêmea sente que seu úbere está cheio, ela caminha até um corredor que dá acesso à máquina. Um escâner identifica o animal, por meio de um colar que contém uma numeração, abrindo, assim, a grade que dá acesso ao equipamento. Enquanto isso, as outras vacas fazem fila esperando para serem ordenhadas.

Procedimento - Dentro do equipamento, que é semelhante a um tronco de contenção, um braço robótico escaneia com laser os tetos e insere uma substância para higienizá-los. Logo após, o robô coloca os sugadores e começa a ordenha. Enquanto isso, o animal recebe alimentação na quantidade estipulada pelo veterinário no computador da central.

Segurança - O maior benefício com o equipamento, revela o produtor, foi a segurança que ganhou, principalmente em termos de qualidade. Além do leite não ter contato humano, o equipamento assegura que o produto a ser enviado para a Cooperativa Castrolanda não possui impurezas, sendo respeitados todos os critérios sanitários de manejo e também de produção. "Quando há algum problema sanitário durante o processo, o robô nos informa e acionamos imediatamente o nosso veterinário para resolvê-lo", descreve Rabbeas.

Modelo - É nesse modelo, que busca qualidade e eficiência na cadeia leiteira, que o Paraná vem trabalhando. A qualidade do leite em todo o País foi colocada em debate depois de deflagrada a Operação Leite Compen$ado, no início de maio, no Rio Grande do Sul, a qual investiga um esquema de adulteração do leite in natura, por meio de adição de água, ureia e formol. As investigações do Ministério Público do RS apontaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o produto cru entregue para a indústria. Produto, este, que era comercializado no varejo de todo o País.

Frota própria - Apesar do MP do RS ter divulgado que haveria a presença desse produto adulterado no Paraná, o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, ressalta que a maioria das cooperativas do Estado que atua na cadeia leiteira possui frota própria, eliminando atravessadores. As cooperativas, lembra Turra, são responsáveis por 47% de todo o produto comercializado no varejo paranaense. A região dos Campos Gerais, por sua vez, concentra algumas das melhores cooperativas de leite do Brasil, como a Batavo e a Castrolanda, que agrupam em torno de 570 produtores de alta qualidade. Todo o processo, desde a produção até o envase da matéria-prima, segue um rigoroso sistema de inspeção.

Qualidade - De acordo com Egídio Maffei, gerente comercial da operação conjunta Batavo e Castrolanda, conseguir matéria-prima de boa procedência não é tarefa fácil, por isso, os veterinários das cooperativas estão sempre em campo, ajudando o produtor. "Pagamos pela qualidade e vendemos qualidade", sublinha o gerente.

Robô aprimora a produção - O robô instalado na fazenda Santa Cruz de Baixo foi desenvolvido pela empresa sueca De Laval. Entre os destaques do equipamento, conta Rafael Martins Garcia, especialista da empresa, está o fato de que cada sugador calcula a quantidade e a qualidade do leite que sai de cada teto. Além de identificar problemas de saúde comuns nos animais, como mastite, escoriações, entre outros, e enviar uma mensagem à central. "Se o leite estiver contaminado com sangue ou alguma impureza, o VMS identifica a inconformidade e não manda esse leite para o tanque resfriador. O equipamento encaminha o material para outro recipiente para ser analisado", explica Garcia.

 Produção  - Quando uma fêmea está sendo ordenhada, o produtor pode saber o quanto ela produz por teto, a qualidade desse leite e a quantidade de comida que ela consome. Conforme Armando Rabbeas, proprietário da fazenda, ao sentirem o úbere cheio, as vacas já sabem para onde devem ir. "Em uma semana, elas se acostumaram ao robô."

 Produtividade  - Rabbeas, que possui 280 animais, 115 em lactação, revela que, com o equipamento, a produtividade aumentou. O motivo foi a redução do estresse dos animais que, muitas vezes, ficavam o dia todo com o úbere cheio porque a ordenha, na maioria das fazendas, só ocorre duas ou três vezes ao dia. "A falta de mão de obra também foi outro fator determinante para a compra do equipamento." Com o novo sistema, cada animal demora entre dez e 12 minutos para ser ordenhado. Atualmente, Rabbeas produz 4 mil litros de leite por dia.

 Investimento  - O equipamento custava R$ 1 milhão quando chegou ao Brasil. Com o aumento da demanda e a redução de preços dos produtos importados, o sistema completo fica em torno de R$ 400 mil. Rabbeas salienta que o investimento nesse tipo de equipamento só vale a partir de um plantel de 60 animais em lactação.

Fonte: Folha de Londrina

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