Bovinos Leite

Setor leiteiro ganha em conhecimento

Mais de 450 produtores de leite participam de visitas à campo para alavancar produção e eficiência


Publicado em: 19/10/2012 às 15:40hs

Setor leiteiro ganha em conhecimento

A Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) foi literalmente invadida pelos produtores em busca de conhecimento para aplicar em suas propriedades leiteiras nesta quarta-feira, 17. A unidade de pesquisa fez um chamamento a várias representações da cadeia produtiva no Estado e fora do Rio Grande do Sul para demonstrar as tecnologias desenvolvidas para dar maior eficiência ao setor.  Um conjunto de 11 técnicas serviram para que homens, mulheres, jovens, crianças e até bebês de colo, se sentissem mais próximos das lides campeiras envolvendo o rebanho de leite.  “Mais de 100 mil famílias dependem da produção leiteira no Estado e esta ação é uma maneira de garantir a renda desses produtores”, comentou em sua fala de abertura o chefe-geral da Embrapa, Clenio Pillon.

A chefia da Unidade esclareceu que o encontro deu acesso à genética para fortalecimento da cria e disponibilizou tecnologias para melhorar as condições da cadeia, um espaço para colher demandas e apontar novas oportunidades de pesquisa. “Os 476 produtores que estão aqui são os primeiros pesquisadores”, enfatizou. Para Pillon, quem faz a etapa inicial da pesquisa é o próprio produtor que manifesta sua necessidade e a partir daí, a Empresa aplica esforços para dar respostas agropecuárias.

O Dia de Campo Produção de Leite tratou de indicar aos produtores como se faz as análises e como devem ser encaminhadas a coleta e remessa das amostras ao Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa, o Lableite. “É a primeira vez que conheço um laboratório de análise de leite”, disse o produtor Gilnei Corrêa, 46 anos, de São Sepé/RS, com 17 animais produzindo 280l/dia/leite. Esta foi uma das estações que mais chamaram a atenção dos produtores em função da garantia de qualidade do produto, já que muitos relataram à pesquisadora Maria Edi Ribeiro, as dificuldades encontradas no manejo do leite até chegar à cooperativa e à indústria.

Para a caravana da Universidade do Estado de Santa Catarina(UDESC), de Chapecó/SC, as expectativas em propiciar uma experiência aos universitários foi suprida. Segundo o professor de  Bovinocultura de Leite e de Ruminantes, Carlos Eduardo Oltramari, os índices zootécnicos da Embrapa são absolutamente muito bons. “A estrutura da qualidade do leite da unidade de pesquisas é uma das melhores do país”, constatou o professor. Carlos Eduardo falou que no Estado catarinense, o leite é o terceiro produto de maior importância, o que confirma as perspectivas de crescimento do setor e o quanto necessita de tecnologias com alta eficiência.

O consultor do SEBRAE de Júlio de Castilhos/RS, Jovane Becker disse que seu grupo buscava alternativas de alimentação para o gado. “Genética a gente tem, o que se quer é nutrição, pois não se consegue expressá-la por falta de comida em quantidade e qualidade”, enfatizou. Para Jovane, os problemas de Lina no seu município acontecem mais no verão, por isso, não é uma dificuldade expressiva. Já a falta de profissionalismo para realização da coleta de amostras para verificar a qualidade do produto é uma carência. “Obtemos resultado absurdos”, declarou. A pesquisadora Maira Zanella alertou aos diversos grupos sobre as possibilidades de condenação da qualidade do leite pela presença ou não de acidez ou de Lina no produto. “Se for Lina, é preciso ajustar a alimentação e o tempo de lactação das vacas; se for acidez, é preciso prestar atenção no manejo da higiene e resfriamento do produto”, concluiu.

Já o jovem produtor, Maurício Sievert, 18 anos, de Turuçu/RS, que faz controle leiteiro, seu maior entrave  é a mastite. “A gente trata, mas volta”. Vou levar informações de como manejar melhor com a vaca. O jovem tem 33 vacas em lactação, produzindo cerca de 250 l/dia/leite.

Na estação que mostrou a possibilidade de uso da técnica de reprodução assistida, com produção in vitro de embriões em condições controladas, os produtores puderam visualizar, para despertar o interesse, em microscópios amostras de ovocitos e espermatozóides. A técnica permite ter maior número de descendentes de uma mesma fêmea com produção genética superior. “Ao invés de utilizar inseminação, com o sêmem do touro selecionado, o produtor compra um embrião com as características desejáveis”, disse o professor da UFPel, Arnaldo Vieira, parceiro na ação.

“Não sabia que tinha esta técnica, o problema é o preço, mas com o tempo pode ser possível”, falou com esperança a produtora de leite, Geni Schneider, de 47 anos, da Colônia Osório, interior do município. Geni tem 15 vacas, que rendem 250 l/dia/leite. O preço de embriões, conforme os pesquisadores, gira em torno de 700 a 1.500 reais.

Outras estações trataram sobre a alimentação de qualidade, a introdução de feno aos 60 dias e também o convívio com os animais mais adultos. Para José Carlos Lopes, de Camaquã, esta experiência do manejo utilizado para cria de terneiras “é uma forma simples, eficiente e planejada”.

Numa das estações, a pesquisadora Maria Cecília Damé apresentou a evolução genética da raça entre bubalinos e bovinos de corte, além do manejo adequado para sucesso na produção.  “Este sistema de difusão qualificado que a Embrapa usa ajuda a tirar nossas dúvidas”, expôs Marcos Silveira, produtor de Capela de Santana, grande Porto Alegre, há 20 anos criador de búfalos.

Sobre a recria de novilhas, o pesquisador Darcy Bitencourt apresentou aos produtores o sistema de molhação como eficaz para que se obtenha maior sustentabilidade no manejo dos animais. Para Stefan Dettmann, da Colônia Aliança, interior do município, o que mais chamou sua atenção foi o planejamento e a inovação.

E o veterinário Cristiano Weissheimer ao falar das recomendações para se fazer o manejo da secagem das vacas, despertou o interesse da produtora Nilva Bierhals, de Chuvisca/RS:  “estou impressionada”.

E as estações dedicadas as pastagens e forrageiras foram desfrutadas pelos produtores com atenção. As pesquisadoras Andréa Mittelmann e Fernanda Bortolini apresentaram a opção para o chamado “vazio de primavera” com o BRS Ponteio (azevém), BRS Adelino (capim-lanudo), BRS Centauro (aveia-preta), BRS Serrano (centeio), BRS Tarumã (trigo duplo propósito), BRS Resteveiro (trevo-persa) e BRS Kurumi (capim-elefante). A vitrine de tecnologias em forrageiras conta ainda com trevo vermelho, trevo branco, trevo vesiculoso, cornichão São Gabriel e cornichão El Rincón.

O pesquisador Jamir Silva encerrou uma das últimas estações ao falar do  forrageamento em sistema de Integração Lavoura-Pecuária. “Esse sistema é importante para o produtor de leite por que tem alta concentração de forragem, possibilitando o aumento da produção de leite com menor custo”, explicou.

O evento foi prestigiado pelos parceiros da Embrapa, contando com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Estado, através do superintendente Antonio Queiroz, da Emater Regional Pelotas, através do gerente adjunto Cesar Demenech, da vice presidência da Cosulati, com a presença de José Carlos Signorini e do representante do convêncio Incra-Fapeg-Embrapa (Confie), Alberi Noronha.   O dia de campo contou ainda com o apoio da UFPel, da UFRGS, da UDESC, além de cooperativas, sindicatos rurais e associações de gado de leite.

Para 2013, o dia de campo de produção de leite já está marcado. A nova edição acontece na mesma data, em 17 de outubro.

Fonte: Embrapa Clima Temperado

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