Bovinos Leite

Preço do leite subiu 12,37% em Minas e deve seguir em alta

Apesar da alta, as margens ainda estão estreitas e a falta de chuvas contribui para que a oferta continue escassa, o que deve manter os preços firmes em agosto


Publicado em: 04/08/2016 às 11:10hs

Preço do leite subiu 12,37% em Minas e deve seguir em alta

Os custos de produção elevados e o período de seca estão impactando na oferta de leite em Minas Gerais e alavancando os preços pagos aos pecuaristas. No Estado, de acordo com o levantamento feito pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a média líquida praticada em julho, referente à produção entregue em junho, foi de R$ 1,41 por litro de leite, valor que ficou 12,37% superior ao praticado no mês anterior e 53,6% maior que o de junho de 2015.

Apesar da alta, as margens ainda estão estreitas e a falta de chuvas contribui para que a oferta continue escassa, o que deve manter os preços firmes em agosto.

Os dados do Cepea mostram ainda que o valor bruto pago ao produtor foi reajustado em 11,49% com o preço médio do litro negociado a R$ 1,54 em julho. Na comparação com igual período do ano passado a elevação acumulada é de 45,28%. O valor bruto mais alto praticado no Estado foi de R$ 1,69 por litro de leite e o menor R$ 1,26.

De acordo com o coordenador técnico de bovinocultura da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), Feliciano Nogueira de Oliveira, vários fatores contribuíram para a redução da oferta de leite e, consequentemente, aumento dos preços.

“Um dos fatores foi a desvalorização do real frente ao dólar, o que provocou o aumento dos custos dos principais insumos da atividade. Além disso, durante o período chuvoso, tivemos precipitações mal distribuídas, o que prejudicou a formação de pastagens, que são determinantes para a produção de leite. Todos estes fatores, contribuíram para que houvesse redução da captação. Com a oferta menor os preços se elevaram”, explicou.

Oliveira destaca que apesar do aumento verificado nos preços do leite, os pecuaristas de Minas Gerais ainda trabalham com a margem de lucro estreita, uma vez que os insumos da atividade apresentaram alta significativa desde o início do ano e a recuperação dos valores do leite só aconteceu nos últimos meses.

As altas mais significativas foram verificadas nos preços do milho e do farelo de soja, que são essenciais para a produção de ração animal. Em um ano, a cotação do cereal subiu 108%, com a tonelada negociada a R$ 880. Já o farelo de soja ficou em 45,45% mais caro, alcançando R$ 1,6 mil por tonelada.

“Enquanto as chuvas não forem regulares, a ponto de permitir a recomposição das pastagens, a tendência é de oferta menor de leite já que os custos com a alimentação estão em alta. É preciso chamar a atenção dos produtores para a importância da gestão da propriedade e do planejamento, o que em um período como o atual, de custos elevados, é fundamental para evitar prejuízos”.

Regiões

Os dados do Cepea mostram que em todas as regiões produtoras de leite em Minas Gerais foram verificadas altas nos preços do leite. A maior foi no Sul e Sudoeste onde o preço líquido médio foi de R$ 1,38 por litro de leite, aumento de 17,18%. O valor bruto praticado, R$ 1,46, ficou 16,23% maior.

No Triângulo e Alto Paranaíba o valor médio líquido pago ao pecuarista aumentou 14,09% e alcançou R$ 1,51 por litro. O valor bruto cresceu 12,94%, encerrando o período a R$ 1,67.

De acordo com o presidente da Calu (Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia), com sede no Triângulo, Cenyldes Moura Vieira, a captação de leite na região recuou cerca de 30% frente ao ano passado.

“Com a menor oferta de leite, as indústrias estão pagando mais pelo produto com o objetivo de ampliar a captação. Os reajustes foram observados principalmente em junho e julho e devem ser mantidos em agosto. Com a melhora da rentabilidade dos pecuaristas, esperamos que a produção aumente. Mas a confirmação só ocorrerá nos próximos dois meses. Não sabemos ainda se a correção dos valores é suficiente para a retomada da produção ou se dependerá da retomada das chuvas e recuperação das pastagens para que ocorra uma maior captação de leite”, disse Vieira.

No Vale do Rio Doce, o litro de leite foi negociado, na média líquida, a R$ 1,47 e, na bruta, a R$ 1,62, reajuste de 14,56% e 12,99%, respectivamente. Na RMBH (Região Metropolitana de Belo Horizonte), o aumento de 8,93% fez com que a média líquida do preço do leite encerrasse julho a R$ 1,37. O valor bruto, R$ 1,49, ficou 8,14% maior.

O litro de leite na Zona da Mata atingiu o preço de R$ 1,32 na média líquida e R$ 1,42 no valor bruto, variação positiva de 5,99% e 6,09%, respectivamente.

Fonte: Diário do Comércio

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