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Pesquisador da Embrapa alerta sobre qualidade do leite

Ir ao supermercado e comprar leite bom, gostoso e barato é o desejo de todo consumidor. Mas o que pouca gente sabe são os cuidados necessários que tanto os produtores como as indústrias devem tomar para que o produto chegue com qualidade até as prateleiras


Publicado em: 09/11/2012 às 16:40hs

Pesquisador da Embrapa alerta sobre qualidade do leite

A Instrução Normativa 62, publicada em dezembro de 2011 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estabelece as regras que os produtores precisam seguir para garantir a qualidade do leite dentro e fora da porteira. Entre elas estão a higiene da ordenha e os cuidados com a saúde das vacas.

Este foi o principal assunto apresentado nesta sexta-feira (9.11) pelo médico veterinário e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Guilherme Nunes de Souza, na palestra "A nova regra do mercado: produzir leite com qualidade", durante o 1º Encontro Aproleite, promovido pela Aproleite, Famato e Senar-MT.

A IN 62 substituiu a IN 51, determinando aos produtores rurais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil novos limites para os principais índices que controlam a qualidade do leite. Entre eles estão a Contagem Bacteriana Total (CBT), que mensura o grau de higiene durante a ordenha, e a Contagem de Células Somáticas (CCS), que monitora a incidência de mastite nos rebanhos, considerada a principal doença infectocontagiosa do gado leiteiro e que atinge diretamente as tetas das vacas.

Os produtores têm até 2016 para se adequar a todos os parâmetros estabelecidos na IN 62. Será autorizada a quantidade máxima de 400 mil células somáticas por mililitro (CS/ml) de leite. Antes da regulamentação da normativa, o permitido era 750 mil CS/ml. No caso da Contagem Padrão em Placas, usada para monitorar a CBT, a mudança foi de 750 mil Unidades Formadoras de Colônia por mililitro (UFC/ml) para 100 mil UFC/ml até o ano de 2016.

Segundo Souza, essas medidas servem para garantir a qualidade do leite e para reduzir a incidência de mastite nas vacas, já que a doença é endêmica e considerada um problema mundial. “Por isso precisamos trabalhar com os menores níveis de mastite no rebanho”, afirma o pesquisador.

Para os produtores, a mastite causa sérios prejuízos econômicos, pois a doença reduz a quantidade de leite produzida por vaca e, além disso, é necessário gastar com remédios para o tratamento.

A partir de 2005, as principais empresas captadoras de leite no Brasil passaram a pagar mais pela qualidade do leite. Os acréscimos variam de acordo com a política de cada empresa e conforme a região. “É também uma forma de estimular os produtores a primarem pela qualidade do produto”, argumenta Souza.

Orientação – Durante a palestra, o pesquisador alertou sobre alguns dos principais cuidados que os pecuaristas devem ter no rebanho leiteiro. Entre as orientações estão manter a higiene nos equipamentos de ordenha, lavar os utensílios com água quente, manter as mãos sempre limpas e secas, os baldes devem ter a cobertura lateral superior, manter os tetos das vacas limpos e secos e refrigerar o leite imediatamente após a ordenha.

A preocupação do pesquisador é fazer com que os produtores de leite consigam cumprir as exigências no prazo estabelecido pelo governo federal, pois já houve diversas prorrogações da normativa devido a não adequação às novas regras. “No Brasil, cerca de 50% dos rebanhos de gado de leite registram mais de 400 mil CCS/ml no leite, ou seja, volume acima do permitido na IN 62. Os produtores têm somente até 2016 para conseguir diminuir isso. O Reino Unido, por exemplo, demorou 22 anos para diminuir o índice de mastite no rebanho”, destaca Souza.

Mas os produtores também dependem do governo para garantir melhores estradas e acesso à energia elétrica, pois são fatores que influenciam diretamente na qualidade do leite. O presidente da Famato e do Conselho Administrativo do Senar-MT, Rui Prado, avalia que Encontro Aproleite é uma oportunidade para os participantes se informarem sobre o assunto e para alertar às autoridades sobre as mudanças necessárias ao setor produtivo. De acordo com Prado, a cadeia do leite assim como a dos grãos exige boa logística para escoar o produto, tanto ao mercado interno como externo. "Os produtores têm capacidade de cumprir as exigências da IN 62, mas também precisam do apoio da indústria e do Governo para ter condições estruturais de armazenamento e transporte corretos do produto. Isso significa boas estradas e fornecimento de energia regular. No fim, quem ganhará com isso será o consumidor", afirma Prado.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Sistema FAMATO

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