Publicado em: 09/01/2012 às 19:40hs
Por meio do projeto “Pontos de contaminação em tanques comunitários: subsídios para a elaboração de ferramentas de gestão e melhoria da qualidade do leite”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), eles acompanharam o trabalho em duas associações de produtores rurais do município de Lima Duarte. O objetivo foi coletar dados e identificar se a contaminação do leite é oriunda da fazenda ou por deficiência de higienização do tanque comunitário.
Segundo o pesquisador do ILCT, Daniel Arantes Pereira, os resultados demonstraram que o leite dos produtores, que já chega da fazenda com uma carga microbiana alta em função de deficiências de infraestrutura e falhas no procedimento de higiene, sofre um acréscimo dessa carga durante a estocagem. “Este aumento está relacionado a falhas na higienização dos equipamentos e utensílios por falta de padronização dos procedimentos; falhas no preparo das soluções de limpeza e sanitização; tempo excessivo para redução da temperatura do leite em função do extensivo período de entrega de leite; e contaminação da água nas fazendas e nos tanques comunitários”, ressalta.
O estudo também revelou que a contagem de microrganismos psicrotróficos - um importante parâmetro para o leite refrigerado - apresentou alta taxa de multiplicação ao longo do armazenamento, especialmente no período seco. Todas as amostras de água da fazenda e dos tanques apresentaram contaminação por coliformes, o que compromete a higienização dos equipamentos e utensílios de ordenha, transporte e armazenamento, contribuindo para a piora na qualidade do leite dos produtores e do leite de conjunto.
Demanda dos próprios laticínios
Daniel Pereira explica que a demanda pelo estudo partiu dos próprios laticínios. “A indústria tem verificado que o leite dos tanques comunitários possui grande índice de contaminação, o que prejudica o rendimento industrial”, observa.
Para percorrer todo o caminho do leite – da fazenda ao laticínio – o pesquisador levantou dados de todas as possíveis fontes de contaminação, como caracterização dos locais de ordenha, análise da água utilizada na higienização, análises microbiológicas e físico-químicas do leite, caracterização dos procedimentos de higienização e indicadores de sanidade do rebanho.
Com o apoio da Emater-MG, foram selecionados 30 pequenos produtores das duas associações de Lima Duarte, com produção inferior a 50 litros/dia, e realizados quatro conjuntos de coleta em três momentos da permanência do leite nos tanques, a fim de acompanhar as 48 horas de armazenamento. As coletas foram realizadas durante as estações seca e chuvosa, de setembro a dezembro do ano passado. Todo o material passou por análise microbiológica no laboratório do ILCT e por contagem de células somáticas com indicativo de sanidade do rebanho.
Cartilha irá orientar produtor rural
O projeto prevê reuniões com os produtores rurais para apresentação dos resultados e a elaboração de cartilhas demonstrando como evitar a contaminação do leite nos tanques comunitários, o que está previsto para março deste ano.
Segundo Daniel Pereira, com a tendência de os laticínios compradores de leite realizarem a coleta a granel e não mais em latões, os pequenos produtores não têm condições financeiras e nem volume que justifique a aquisição de um tanque de resfriamento. Dessa forma, eles se agrupam em associações ou informalmente para adquirir um tanque de expansão comunitário e, assim, atender a Instrução Normativa 62 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, que passou a valer a partir de 1º de janeiro passado, que regulamenta a qualidade do leite no país.
O problema é que os pequenos produtores, que antes levavam o leite em latões direto ao laticínio, onde há condições eficazes de higienização, utilizam agora tanques comunitários que, com pouca infraestrutura, má higienização dos equipamentos de transporte e armazenamento do leite podem contribuir para a contaminação do leite e sua consequente perda de rendimento industrial. “Queremos orientar o pequeno produtor rural a adotar procedimentos de higienização que irão garantir a qualidade do leite”, afirma o pesquisador.
Fonte: EPAMIG
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