Publicado em: 24/09/2013 às 17:30hs
Em apenas 14 meses a realidade da produtora rural Coraci Faria Fernandes da Costa mudou de forma significativa. A sua produção leiteira aumentou mais de 600%, passando de 15 litros diários para 110. Essa conquista só foi possível depois que a produtora passou a integrar o Programa Balde Cheio, em julho de 2012. O resultado do trabalho da Dona Coraci foi apresentado, no último sábado (21), durante o terceiro Dia de Campo Goiás Mais Leite, no município de Formosa.
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, esteve presente no evento e lembrou como as ações do Sistema têm resultado em números tão positivos. “O caso da Dona Coraci é um exemplo de que trabalhamos pensando no produtor. É gratificante ver pessoas interessadas em mudar. Essa conquista só foi possível porque ela se dispôs a dar o seu melhor”, diz.
Com a presença de quase 700 pessoas, entre elas produtores e alunos do Pronatec, o Dia de Campo teve em sua programação três palestras. A primeira, ministrada pelo técnico do programa, Carlos Eduardo Vilela, apresentou o trabalho no Sítio da Felicidade, unidade demonstrativa do Balde Cheio.
Segundo ele, para a Dona Coraci conseguir os resultados positivos dentro do programa foi feita uma medida simples. “Intensificação da pastagem. Esse foi a estratégia usada.” Ele conta que intensificação foi feita em apenas um hectare (ha) de área. “Antes ela produzia 15 litros diários em 20 ha. Hoje esse número passou para 110. Nós diminuímos a área e aumentamos a produção”, explica.
O técnico destaca que trabalhar com pastagem é mais barato do que alimentar o gado no cocho. Além disso, segundo ele, o aumento da produtividade da terra alavanca a escala de produção, o que garante a qualidade do volumoso. “É importante que nesse ciclo seja realizada uma análise de solo, para sabermos o uso correto das adubações”, garante.
Índices
Outro técnico do Balde Cheio, Carlos Eduardo Freitas, falou dos índices zootécnicos e econômicos do programa. Segundo ele, o programa tem 40 grupos em andamento, sendo 500 produtores assistidos por 40 técnicos. As estratégias usadas pelos profissionais do Balde Cheio consistem na visita à unidade demonstrativa, no encontro com os produtores, intensificação de áreas e atendimento igualitário. “São medidas simples que fazem toda a diferença”, completa.
Freitas conta que antes não era feito o controle zootécnico na propriedade da Dona Coraci. “O controle leiteiro é uma das ações mais importantes dentro do programa. É necessário que o produtor anote quando a vaca pariu, a produção diária, quando foi feita a inseminação e o período que a vaca secou.”
Ele destaca que após as mudanças, a Dona Coraci passou a ter conhecimento de sua receita no fim do mês. “Os números não eram animadores. No início a produtora tinha uma receita negativa de R$ 199,35. No primeiro semestre de 2013, o valor passou a ser positivo, resultando em R$ 1.427 ao mês”, conta.
Qualidade
A programação foi encerrada com a palestra do médico veterinário e instrutor do Senar, Sáudio Vieira Peixoto, que falou sobre a qualidade do leite. Segundo os dados apresentado pelo veterinário, dos 5,2 milhões de estabelecimentos rurais brasileiros, 25 % produzem leite. “Os dados da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostram que o Brasil é o quarto maior produtor de leite do mundo com 32 bilhões de litros, atrás apenas dos EUA, Índia e China.”
Os números mostram que, em Goiás, 30% dos produtores não fazem controle de rebanho. “Quase 70% não usam a técnica da caneca telada, onde é possível ver a qualidade e intensidade do leite a olho nu, 20% não resfriam o leite e somente 18% dos produtores querem melhorar”, explica Sáudio.
De acordo com Sáudio, para um leite ser considerado de qualidade é necessário ter baixa contaminação por bactérias, baixa Contagem de Células Somáticas (CCS), ausência de resíduos antibióticos ou outras substâncias e alto teor de gordura, proteínas e sólidos.
Ele lembra que a qualidade aumentou após a Instrução Normativa (IN) 62. Essa instrução é o que rege os parâmetros de qualidade do leite. “Toda essa melhoria se teve devido à exigência do consumidor final, que está cada dia maior, e a preocupação com a saúde pública.”
Para se produzir leite com qualidade, Sáudio destaca que são necessárias algumas medidas. “O produtor deve ter higiene com a ordenha e seu tanque, sempre limpar seus equipamentos e prezar por um ambiente limpo para os animais.”
Dona Coraci conta que fazer todas essas mudanças resultou em melhoria de vida. “Antes nós tirávamos 18 litros de sete vacas. Hoje, tiramos mais de 10 em 11 animais. E minha meta é chegar a 300 litros por dia.” Ela ressalta que sem trabalho duro não há bons resultados. “Quando passa a fazer parte de um programa como o Balde Cheio a pessoa tem que se comprometer a dar o seu máximo. Só isso garante um crescimento tão eficaz como foi no meu sítio”, destaca ela.
Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás - FAEG
◄ Leia outras notícias