Bovinos Leite

Vantagens da ordenha com higiene

Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação de queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó


Publicado em: 18/02/2009 às 15:38hs

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O leite de vaca é considerado um dos alimentos mais completos. Em sua composição encontramos proteínas, gordura,  lactose, cálcio e fósforo, entre outros, que compõem os sólidos totais (ST=13%, água=87%). Na ocorrência de mastite bovina (inflamação da glândula mamária), observamos alteração nesta composição, com redução dos sólidos totais, tornando o leite mais fluido e comprometendo a qualidade da matéria-prima.

 

Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação de queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó. Um outro fato que compromete o beneficiamento na indústria é a presença de antibióticos no leite. Isso ocorre quando o produtor trata a vaca e entrega o leite sem respeitar o período de carência, o que possibilita a inibição da flora bacteriana utilizada no fabrico de produtos como o iogurte, leites fermentados, manteiga e queijos. Algumas usinas de leite podem detectar a presença de contaminantes, pagar menos ou até recusar esse leite.

 

O leite que contém resíduos de antibióticos é considerado adulterado, sendo impróprio para o consumo por representar risco para a saúde pública. O consumidor, ao ingerir leite com estes resíduos pode desenvolver reações alérgicas ou mesmo resistência bacteriana. A pasteurização do leite não destrói os resíduos de antibióticos, sendo importante que o produtor descarte o leite durante o período de carência.

 

Em 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) implantou no Brasil o programa de análise de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal (PAMvet), visando o controle destes resíduos nos alimentos. O leite é um dos principais alimentos pesquisados, devido à sua grande importância na alimentação da população brasileira. A ação da Anvisa vem ampliando-se a cada dia, sendo imperativa a observação dos prazos de carência no uso de antibióticos ou melhor, a prevenção das mastites para minimização da utilização destes medicamentos.

 

A mastite bovina determina importantes perdas econômicas, principalmente devido à redução da produção leiteira, bem como pelos custos com assistência veterinária e medicamentos, maior necessidade de mão-de-obra durante o manejo e substituição dos animais cronicamente infectados.

 

A porta de entrada para os microorganismos causadores da mastite geralmente é o canal da teta, portanto, devemos fortalecer as barreiras que dificultam a penetração destes microorganismos. Para sucesso desta medida, é imprescindível a participação e o empenho do ordenhador, que muitas vezes precisa receber treinamento para cumprir seu papel de forma eficiente. A seguir listamos características interessantes que o ordenhador deve possuir:

 

Conhece o seu valor e busca aprimorar-se, pois trabalha na produção de alimento nobre.

 

Cultiva bons hábitos de higiene pessoal, mantendo unhas sempre aparadas, usando roupas limpas, gorros ou bonés e lavando sempre as mãos antes de tocar nas tetas, pois muitos microorganismos podem ser transmitidos do homem para as vacas.

 

Não fuma, ao menos durante a ordenha.

 

Mantém o material da ordenha sempre limpo. Peneiras, baldes e latões devem ser lavados após cada ordenha com água e detergente, sendo bem enxaguados e emborcados em local seco e limpo.

 

Limpa o local de ordenha ao fim da mesma, diariamente, minimizando a possibilidade de contaminação dos animais.

 

Ausenta-se da função de ordenha quando enfermo, pois algumas bactérias da mastite podem ser originadas de infecções respiratórias do homem.

 

Conduz a ordenha de forma tranquila e organizada, mantendo registro individual e  atualizado das vacas, para acompanhamento da produção e saúde das mesmas.

 

A maior atenção ao momento da ordenha sempre indicará que um dos principais fatores relacionados à ocorrência de mastite bovina é a falta de higiene. Medidas simples adotadas como rotina, como a retirada dos primeiros jatos de leite na caneca de fundo escuro, a lavagem, desinfecção e secagem dos tetos com papel toalha antes da ordenha, bem como, a desinfecção dos tetos pós-ordenha com iodo glicerinado, podem gerar ótimos resultados na prevenção da mastite.

 

Cuidados tomados ao fim da ordenha são igualmente importantes, pois a limpeza dos utensílios e da sala de ordenha, reduzem a contaminação dos animais. Assim também, o fornecimento de alimento às vacas, imediatamente após a ordenha, evita que estes animais deitem-se, quando os canais das tetas ainda encontram-se abertos e mais sujeitos à entrada de microorganismos.

 

Quanto maior a adoção destas medidas, maior será o controle da mastite e, consequentemente, melhores os resultados de produção do seu rebanho.

 

Karina Neoob de Carvalho Castro - Pesquisadora da Embrapa da Agropecuária Oeste (Dourados, MS) - karina@cpao.embrapa.br

Fonte: Embrapa da Agropecuária Oeste

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