Publicado em: 10/12/2021 às 08:40hs
É interessante ressaltar que a prevalência de mastite subclínica é maior do que de mastite clínica, sendo aproximadamente 90 a 95% dos casos (SANTOS; FONSECA, 2019). Ainda segundo os autores, os agentes causadores da mastite subclínica podem ser divididos em contagiosos e ambientais e dentre as bactérias que causam a mastite subclínica contagiosa, foco principal deste artigo, podem ser listados como principais, o Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis e menos frequentemente Mycoplasma spp.
Bactérias contagiosas normalmente são mais adaptadas à vaca e causam infecções persistentes sem sintomas clínicos graves. É por isso que é importante outros tipos de monitoramento para rastrear o problema.
Segundo Eduardo Pinheiro, Diretor Técnico da OnFarm, dados da comunidade OnFarmer apontam que as bactérias Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, juntas, representaram quase 35% dos agentes causadores de mastite subclínica em vacas com CCS alta, pós parto e na secagem (Figura 1). Quando abordadas as análises apenas de vacas com CCS alta, essa porcentagem sobe para 40%.
“Uma em cada três vacas com mastite subclínica apresentam um patógeno contagioso e pelas nossas análises, o Streptococcus agalactiae é ainda mais predominante que o Staphylococcus aureus. A excelente notícia é que o Streptococcus agalactiae já foi erradicado em diversos países, retrato de uma oportunidade possível de ser alcançada também no Brasil. Temos um caminho muito promissor se seguirmos um planejamento para erradicar essa bactéria visto que ela responde super bem aos antibióticos e apresenta uma taxa de cura maior que 90%. Que produtor não quer ver e alcançar melhorias na CCS do seu tanque?”, disse.
Por curiosidade, é interessante destacar que mesmo com ótima resposta à antibioticoterapia, o Streptococcus agalactiae é uma bactéria gram-positiva estritamente contagiosa entre as vacas. Já a mastite causada por S. aureus caracteriza-se por baixa taxa de cura e a alta resistência aos antibióticos. As vacas infectadas atuam como fontes de infecção permanente e o S. aureus pode ser transmitido durante toda a lactação.
Gráfico 1 - Prevalência de agentes causadores de mastite subclínica (MSC) extraídas das informações de 1178 rebanhos de OnFarmers distribuídos em 20 estados brasileiros entre junho de 2019 e janeiro de 2021, totalizando 50 mil amostras de mastite subclínica. Fonte: OnFarm.
A principal maneira dos animais contraírem a mastite subclínica contagiosa é por meio de uma vaca doente através do processo de ordenha ou entre os quartos do teto infectados. Assim, é importante a fazenda se atentar a detalhes que fazem toda a diferença, como:
De acordo com Santos e Fonseca (2019), os novos casos de mastite se estabelecem quando há a entrada de microrganismos, através do canal do teto, invadindo a glândula mamária, a partir da colonização da pele ou do canal do teto entre as ordenhas, por uma inversão de fluxo de leite durante a ordenha ou introdução de cânulas contaminadas durante o tratamento intramamário.
De quebra, todas essas práticas para afastar a enfermidade também contribuem com melhorias no bem-estar do rebanho e reforçam o trabalho da equipe que, focada no mesmo propósito, alcança resultados satisfatórios com muito mais fluidez.
A cultura na fazenda identifica as fontes de infecções das bactérias e seleciona as vacas que realmente necessitam de tratamento. A grande maioria das bactérias contagiosas está presente na forma subclínica da mastite e o intuito da cultura na fazenda é que elas não passem despercebidas, não sirvam de veículo e não comprometam os animais saudáveis.
Para o melhor entendimento do potencial problema das bactérias causadoras de mastite subclínica é recomendado o exame de cultura microbiológica do leite em animais que apresentarem CCS > 200 mil células/ml, e de todos novos casos de infecções subclínicas (CCS <200 mil na análise anterior e > 200 mil na análise atual), dos animais pós-parto (principalmente novilhas) e de mastite clínica.
Opção não falta para você caprichar na prevenção do rebanho e utilizar ferramentas que no dia a dia se tornem grandes braços direitos da propriedade. Conforme visto, temos muito espaço para erradicar a mastite subclínica contagiosa dos rebanhos brasileiros. Então, mãos à obra!
O produtor em primeiro lugar, sempre! Esse é o lema no qual a OnFarm se inspira para elevar a pecuária de leitera um patamar de excelência. O foco é monitorar e controlar a mastite de maneira sustentável e lucrativa resultando em mais saúde para as vacas e menos dor de cabeça para o produtor. O que move a OnFarm são as melhorias na qualidade do leite por meio das informações geradas na própria fazenda.
A empresa oferece uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24h, na própria fazenda (cultura microbiológica). E o que seria isso? A cultura na fazenda é uma ferramenta de característica precisa, dinâmica e ágil - na qual o produtor identifica os principais agentes causadores de mastite. A ideia da solução traz simplicidade e segurança para as análises na propriedade e com baixo custo operacional. Vários projetos de avaliação da tecnologia apontam para uma relação custo-benefício acima de 1:6; ou seja, a cada R$1,00 investido na tecnologia, o retorno é de R$6,00.
Valores estimados com base na quantidade de testes comercializadas no período de janeiro a julho de 2020 apontam que o impacto potencial da OnFarm no ano inteiro de 2020 na redução de uso de antibióticos foi de cerca de 54% no tratamento de mastite clínica, gerando 5,4 milhões de litros de leite não-descartados; 157 mil bisnagas de antibióticos não-utilizadas. Estima-se que a economia com o descarte de leite totalizou R$9,5 milhões e com a compra de antibióticos, foram poupados R$1,7 milhão. A economia total foi de R$11,2 milhões entre os OnFarmers avaliados.
Por Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela Unesp de Botucatu
Fonte: Assis Comunicações
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