Publicado em: 26/11/2021 às 08:30hs
Além disso, os problemas de saúde do úbere e reprodução podem ter relação entre si, como no caso da ocorrência de mastite que afeta negativamente o desempenho reprodutivo das vacas.
Já é bem conhecido que vacas com mastite têm menor taxa de concepção, maior número de inseminações artificiais (IA) por concepção, além de outros distúrbios reprodutivos, que comprometem o desenvolvimento folicular e embrionário.
O tipo de microrganismo causador da mastite e a duração da infecção são dois fatores importantes que afetam o desempenho reprodutivo das vacas leiteiras. Sendo assim, devido à crescente importância da mastite causada por estreptococos ambientais (como S. uberis e S. dysgalactiae) e por coliformes, vale a pena entender quais os principais prejuízos e problemas causados por estes dois grupos de agentes causadores de mastite.
Em razão da importância econômica de manter um adequado período de serviço, pesquisadores de Israel compararam duas situações práticas em relação aos efeitos da mastite sobre a reprodução:
A) mastite crônica causada por Streptococcus spp.; e
B) mastite de curta duração causada por Escherichia coli.
Para isso, 778 vacas de seis rebanhos leiteiros foram avaliadas. O estudo monitorou vacas com mastite causada por Streptococcus spp., por E. coli e vacas sadias (grupo controle). Para avaliar o retorno da ciclicidade das vacas, foi utilizado um sistema automático de monitoramento de atividades e os dados foram classificados de acordo com o tempo de infecção: antes ou depois da primeira IA.
Os resultados mostraram que quando a mastite ocorreu antes do retorno da ciclicidade pós-parto, a prenhez na primeira IA foi menor nas vacas dos grupos Streptococcus spp. (26%) e E. coli (31%) em comparação com as vacas sadias 42% (Figura 1). De forma semelhante, quando a infecção ocorreu após a ciclicidade a taxa de prenhez na primeira IA foi menor nas vacas com mastite em comparação com as sadias.
A taxa de prenhez aos 300 dias em lactação antes (73%) e depois (67%) da ciclicidade foi menor para as vacas com mastite causada por Streptococcus spp. em comparação com as vacas sadias (95%). Da mesma forma, foi observada menor taxa de prenhez nas vacas com mastite por Streptococcus spp. (67%) do que por E. coli (93%), quando a mastite ocorreu após o retorno da ciclicidade.
O efeito negativo da mastite sobre desempenho reprodutivo varia de acordo com as condições dos sistemas de produção e do tipo de agente causador da mastite.
No estudo em questão, as vacas com mastite por Streptococcus spp. tiveram maior efeito negativo sobre o desempenho reprodutivo do que as vacas com mastite causada E. coli. Isso foi demonstrado pela maior porcentagem de vacas com mastite por Streptococcus spp. vazias ao final da lactação devido a falhas reprodutivas.
Entre as possíveis explicações, a mastite por Streptococcus spp. resulta em altas contagens de células somáticas (CCS) por períodos prolongados o que aumenta o risco de afetar a reprodução, enquanto que na mastite por E. coli este aumento de CCS é agudo e dura apenas alguns dias.
Altas CCS por longos períodos resulta em elevação prolongada dos níveis de citocinas e alterações na resposta imunológica, que podem alterar ou prejudicar o desempenho reprodutivo normal de vacas leiteiras.
Portanto, este estudo indica que a mastite crônica causada por Streptococcus spp. afeta mais intensamente a fertilidade das vacas leiteiras do que a mastite aguda causada por E. coli. Assim, um bom controle de mastite além de auxiliar na melhoria da qualidade do leite também contribui com manter bons índices reprodutivos das fazendas.
Por Gustavo Freu e Marcos Veiga Santos
Fonte: Assis Comunicações
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