Bovinos de Corte

Redução da oferta de boi deve manter preços em alta

Após contínuos preços baixos, margens apertadas e crescente abate de vacas - o que indica necessidade de mais abates para garantir os ganhos - o cenário da Pecuária de Corte entra neste ano em um período de entressafra com menos sufoco do que nos últimos dois anos


Publicado em: 30/07/2013 às 14:10hs

Redução da oferta de boi deve manter preços em alta

Nas últimas duas semanas, o preço do boi gordo tem tido alta nas principais praças, como Mato Grosso (MT) e São Paulo (SP), e produtores e analistas consultados pelo DCI acreditam que o preço se manterá firme até o fim da entressafra.

Em Cuiabá (MT), a arroba do boi gordo foi negociada por R$ 91,33 na última sexta-feira, alta de 2% em um mês e de 12,1% na comparação com o mesmo dia do ano passado, também época de entressafra.

Em São Paulo, a arroba do boi gordo marcou R$ 102,30, após alcançar R$ 102,87 duas semanas antes. O preço do animal no estado também está mais alto quando comparado ao período de entressafra do ano passado. Nessa mesma época do ano, em 2012, a arroba do boi gordo era cotado em R$ 89,80 no mercado paulista, segundo indicador do Cepea.

"Essa entressafra vai ter preços mais sustentados, que estão em elevação e devem continuar assim até a entrada do gado confinado", afirma o analista de bovinocultura do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Fábio da Silva.

Maurício Tonhá, pecuarista mato-grossense, aposta em uma alta de preços no estado para até R$ 95 a arroba do boi gordo durante esta entressafra. "O preço de R$ 95 fecha a conta, não dá prejuízo. Mas R$ 100 daria margem de 5% para continuarmos vivos", avalia o pecuarista.

Segundo Silva, uma parte do gado confinado já será ofertada para abate em agosto. Porém, ainda há dúvidas entre os agentes do mercado sobre o nível de confinamento deste ano, o que pode influenciar na quantidade de boi gordo disponível na entressafra.

Mesmo quem trabalha com confinamento não pretende disponibilizar todo seu plantel de uma vez só. Tonhá, por exemplo, vendeu em julho 2 mil cabeças de seu gado engordado em confinamento, e pretende manter esse nível de oferta ao menos até outubro. Com relação ao ano passado, houve uma redução de 30% no número de animais confinados em sua fazenda, a Estância Bahia.

Fêmeas e bezerros

Rogério Rezende, pecuarista de Campo Grande (MS), alerta para um aspecto conjuntural da pecuária. "Ainda está se abatendo muita fêmea, matrizes que produzem bezerros. Com isso, há uma valorização do bezerro. Já tem ocorrido uma diminuição na quantidade de bezerros nascidos e ofertados ao mercado. Tanto que o preço do bezerro subiu muito neste ano", observa.

Em Cuiabá (MT), o preço do bezerro de 12 meses chegou a alcançar R$ 780 a cabeça, o maior valor da série histórica.

O abate de fêmeas, que costuma ocorrer quando o pecuarista vê mais vantagem em vender os animais que podem reproduzir seu plantel ao invés de preservá-los para multiplicar seu capital, costuma ser um sinal negativo na atividade.

Como o abate de matrizes tem crescido no último ano, Rezende acredita que a atividade pecuária entrou em um novo patamar de preços, com oferta mais restrita. "Nem sempre ocorre oscilação no começo da entressafra. Provavelmente o mercado está mais aquecido e deve subir mais."

Por outro lado, Maurício Tonhá, que também trabalha com leilões, acredita que os preços mais altos registrados em julho já estão freando o abate de fêmeas. "Houve melhora de 5% a 10% no preço do animal em pé e já sentimos uma retenção na venda de matrizes e, com isso, uma valorização das fêmeas nos leilões", assegura Tonhá.

O analista do Instituto do Mato Grosso, Fábio da Silva, observa ainda que os preços deverão se manter firmes no segundo semestre, já que a expectativa é de que o dólar continuará favorável para manter ou até aumentar as exportações.

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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