Bovinos de Corte

Proposta sustentável para criação de gado de corte é apresentada em Caçapava/RS

Manejar os campos do Pampa para criar gado de corte é uma alternativa que, além de melhorar a produção, pode preservar os recursos naturais inerentes ao Bioma


Publicado em: 30/11/2012 às 17:30hs

Proposta sustentável para criação de gado de corte é apresentada em Caçapava/RS

Foi isso que cerca de 60 pessoas, entre técnicos e produtores, viram durante a Tarde de Campo do Programa RS Biodiversidade, realizada nesta quarta-feira (28), em Caçapava do Sul/RS, na propriedade de Vilson Roberto e Luiza Machado. O casal sedia uma Unidade Demonstrativa (UD) do projeto – que tem por objetivo aliar a conservação e recuperação da biodiversidade à criação de oportunidades para a produção sustentável.

Durante o evento, Machado abriu sua propriedade ao público e mostrou como está realizando o pastoreio rotativo dos rebanhos bovino e ovino, através de um sistema de subdivisão dos campos estabelecido desde março deste ano. Os técnicos da Emater/RS-Ascar, Gustavo de Lima e Cláudio Ribeiro, e o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, José Pedro Trindade, ajudaram a solucionar as dúvidas dos participantes, discorrendo sobre temas como a construção da UD, oferta de forrageiras e espécies do campo nativo.

A UD de Caçapava conta com 37 hectares, divididos em 15 potreiros – o que resultou em uma média de 2,4 hectares por piquete. Atualmente, os animais ficam dois dias em cada subdivisão, mas isso pode variar de acordo com o olhar do produtor e com a época do ano. A proposta garante oferta de alimentos aos rebanhos e tempo para renovação do pasto. “Fazia muitos anos que eu plantava pastagens de verão, por exemplo, e não chegava aos resultados que eu esperava. Com este manejo eu cheguei a estes resultados de forma muito mais rápida”, disse Machado.

Para Trindade, a satisfação do produtor é o principal indicador de sucesso do projeto. “É muito bom ver que os resultados estão aparecendo. Possivelmente antes do projeto este campo não apresentava esta variedade de espécies que estamos vendo agora. O pastejo molda o campo, e o gado escolhe sempre o que é bom para ele, mas isso nem sempre é o melhor para o campo. O manejo permite que o produtor tenha um melhor controle sobre isso”, disse.

Ribeiro lembrou que o manejo do campo não consiste em uma fórmula pronta, mas, sim, em princípios, já que cada sistema pode apresentar inúmeras variáveis. “O primeiro princípio é que o produtor define o tempo e a quantidade de pastejo, e isso depende de cada situação. Outro fator é que o tempo de pastejo do gado não deve prejudicar o ponto de crescimento da planta. Além disso, também é importante que o produtor utilize recursos que ‘caibam no seu bolso’. Se ele não puder fazer em 30 hectares, que faça em cinco, mas o principal é que ele aprenda a manejar o seu campo”, disse.

Já Lima lembrou a importância do manejo quando um dos principais problemas da região se manifesta. “Um pasto assim resiste muito melhor à estiagem”, disse, referindo-se ao campo que conseguiu, já neste ano, resistir a alguns períodos críticos, uma vez que o volume de pasto é proporcional à quantidade de raiz – parte da planta que capta a água no solo.

Todas as subdivisões da UD têm acesso ao açude da propriedade, critério utilizado para posicionar os piquetes. O produtor utilizou 5,3 quilômetros de cerca elétrica com três fios de arame, com o objetivo de conter os bois e, também, os ovinos da raça Ideal criados em conjunto com os bovinos.

Antes da visita à propriedade, Ribeiro fez a apresentação do RS Biodiversidade para os participantes do evento no Piquete Guarda Velha. No mesmo local, Lima mostrou alguns dados do projeto e como se deu a constituição da UD.

A Tarde de campo envolveu representantes dos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar de Bagé e Lavras do Sul, Unipampa, Banco do Brasil, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Associação de Produtores de Santa Barbinha e Associação Bom Jardim. O evento foi organizado pela Emater/RS-Ascar e Programa RS Biodiversidade, e contou com apoio do Piquete Guarda Velha, Associação de Produtores Guarda Velha, Sulvet, Postos Pampeano, Comercial Ragagnin, Mineração Mônego, Rádio Caçapava, Jornal A Gazeta, Jornal do Pampa, Serraria Costa, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Site Farrapo.

RS Biodiversidade

O RS Biodiversidade é um projeto estadual que conta com recursos de cinco milhões de dólares provenientes do Fundo Global do Meio Ambiente, com contrapartida de 6,1 milhões de dólares do Governo do Estado, ressarcidos em forma de medidas compensatórias. O Banco Mundial é a agência implementadora do Programa. A Emater/RS-Ascar, juntamente com a Fundação Zoobotânica, Fepam e TNC do Brasil, é uma das coexecutoras do RS Biodiversidade e faz parte da Unidade de Gerenciamento do projeto. A gestora do trabalho é a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Na região, o foco do projeto está voltado para os pecuaristas familiares – pequenos produtores que criam, com mão de obra da família, gado de corte e/ou ovinos em propriedades de até 300 hectares. Situados sobre o Pampa, esses trabalhadores ainda ajudam a conservar o Bioma, que já teve 54% do território devastado, principalmente pela expansão das lavouras e pela substituição do campo nativo por pastagens artificiais.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

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