Bovinos de Corte

Pecuária sustentável é possível e essencial na emergência climática

O desafio passa por enxergar o patrimônio natural como aliado da economia


Publicado em: 28/11/2022 às 13:40hs

Pecuária sustentável é possível e essencial na emergência climática

A população mundial atingiu a simbólica marca de 8 bilhões de pessoas, afirma a Organização das Nações Unidas (ONU). O crescimento demográfico torna imperativo aliar desenvolvimento econômico, inclusão social e responsabilidade ambiental. A emergência climática é um problema planetário que requer ações imediatas. Responsável por 50% da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, a pecuária bovina tem o desafio de encontrar formas sustentáveis de manejo e produção. 

O Brasil se mantém absoluto como o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, só fica atrás dos EUA. É o que ratifica o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Com a relevância da crise ambiental no cenário geopolítico, as novas tendências mercadológicas pressionam na direção da pecuária sustentável, que passa a ser uma necessidade competitiva. 

A diminuição da “pegada ecológica” na pecuária vai além de mitigar a emissão de gases de efeito estufa. A indústria da carne é a maior consumidora de água doce e de grãos do mundo. A prática também demanda grandes áreas: 18,94% do território brasileiro é destinado a pastagens, o que corresponde a aproximadamente 160 milhões de hectares, quase três Espanhas, conforme revela o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número é impressionante: desse total, 52% apresentam algum grau de degradação.

Pecuária 4.0

O desafio de uma pecuária sustentável passa por uma gestão que enxergue o meio ambiente como aliado da economia. Se fala muito em internet 5G, metaverso, mas pouco se conhece sobre pecuária 4.0. É a era digital que chega à criação animal e transforma toda a cadeia produtiva. A utilização da tecnologia, associada a técnicas de precisão, pode abrir uma perspectiva mais consciente e sustentável para o setor, com a redução dos danos ao ecossistema, regeneração do solo, sequestro de carbono e aumento da lucratividade. 

O conceito de pecuária sustentável envolve estratégias que contribuem para minimizar o impacto ambiental, como manejo de pastagens, recuperação de áreas degradadas, consórcio de florestas, preservação de recursos hídricos, mudança da dieta dos animais e melhoramento genético. 

Técnicas que transformam

O manejo adequado das pastagens melhora a produtividade do pasto e enriquece a alimentação do rebanho. A prática auxilia na captação de carbono, e até uma tonelada pode ser absorvida por hectare no período de 100 anos. Outra iniciativa é a utilização de bebedouros próximos à criação, que evita o deslocamento dos animais e a contaminação dos córregos e rios. 

A adoção de boas práticas reduz o consumo de água, com a manutenção e até ampliação na produção de leite ou carne. Ações podem ser aplicadas, como a instalação de hidrômetros – para mensurar o consumo –, reúso de água de lavagem, construção de cisternas para captação da água da chuva e irrigação noturna. 

Visão sistêmica

O melhoramento genético também faz parte das estratégias utilizadas. Em média, cada bovino no Brasil produz 57 quilos de metano por ano. Animais selecionados geneticamente otimizam o gasto de energia, engordam mais rápido e reduzem as emissões. A medicina veterinária e a zootecnia têm papel fundamental nesse progresso e em outras iniciativas que englobam melhorias nos sistemas de produção. 

A pecuária sustentável é possível com uma visão sistêmica e a soma de esforços do setor. A eficiência na gestão visa ampliar a competitividade no mercado global, sem esquecer a responsabilidade socioambiental e o bem-estar animal. A busca por rentabilidade envolve uma relação mais equilibrada com o meio ambiente, que não almeja o lucro efêmero, mas estruturado e perene.

Fonte: Conversion

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