Bovinos de Corte

Melhorar a produtividade e a comunicação são importantes ações para ajudar a pecuária gaúcha

Terceiro painel de um ciclo de debates promovido pelo Desenvolve Pecuária apontou alguns caminhos para tentar solucionar a crise no setor


Publicado em: 28/09/2023 às 13:30hs

Melhorar a produtividade e a comunicação são importantes ações para ajudar a pecuária gaúcha

O Ciclo de Debates “SOS Pecuária Gaúcha – O que fazer agora?” realizou o seu terceiro painel na última quinta-feira, 21 de setembro, dentro do projeto Prosa de Pecuária, live já tradicional do Instituto Desenvolve Pecuária que chega à sua 29ª edição e é transmitida pelo canal de Youtube da entidade. Foram palestrantes o consultor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), professor José Fernando Piva Lobato, e o diretor comercial da GAP Genética, João Paulo Schneider, conhecido por Kaju.

Abrindo a palestra, o professor Lobato afirmou que o SOS para a pecuária deveria ter vindo mais cedo porque o desfrute do Rio Grande do Sul regrediu, chegando em 11% conforme dados da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, em relação ao número de abates de bovinos no período entre primeiro de janeiro e 14 de setembro deste ano. “Se colocarmos os terneiros que saíram nos navios e os animais que foram para outros estados, a taxa de desfrute chega a 12,2%. Se dividirmos isso por oito meses e meio e multiplicarmos por 12 meses, voltaremos a ter 17% como entre os anos de 2018 e 2021”, observou, colocando que o desfrute de 2022, baseado na população bovina declarada pelos produtores, foi de 16,7%. Salientou que com a taxa atual de desfrute não há pecuária que se sustente.

Lobato observou que houve evolução dentro da pecuária gaúcha, citando programas de melhoramento genético animal, mas disse que existe a necessidade de olhar cada propriedade, analisar o que precisa ser feito e tomar atitudes dentro de cada situação. Para os próximos 50 anos, o professor falou da necessidade de olhar o todo na propriedade e exercer a pecuária de precisão nas diferentes categorias do rebanho, dentro do seu ambiente. “Vamos valorizar a constituição de um produto em que temos condições de associá-lo ao ambiente do Bioma Pampa e valorizá-lo, mas com produtividade, não com fome ou com secas”, aconselhou, enfatizando para quem vai fazer a pecuária a importância de ter melhoramento genético animal com conteúdo, desfrute de cruzamentos, segurança alimentar ao consumidor, certificação e rastreabilidade, e ampliação de mercados.

Sobre como melhorar a produtividade, o consultor da Farsul citou maior oferta forrageira e reservas, maior digestibilidade forrageira por categoria animal e maior conteúdo genético das vacas para maior adaptação aos piores solos e aos climas que o Estado tem, além da resistência ao carrapato. Comentou que o Rio Grande do Sul tem 75 diferentes solos e é classificado internacionalmente como tendo dois climas subtropicais úmidos, com as costumeiras secas nos verões.

O diretor comercial da GAP Genética falou na sequência e defendeu uma revolução dentro da porteira com aumento da produtividade que, segundo ele, está com índices baixos motivados muitas vezes por atraso tecnológico e problemas climáticos que não são os mesmos que o Brasil Central enfrenta. Kaju afirmou que o Rio Grande do Sul é um lugar especial e que talvez falte adotar determinadas técnicas para tentar adequar ao que tem de ambiente a uma pecuária produtiva. Também colocou que uma outra revolução seria em termos de estruturação. “O problema estrutural vem de uma certa desorganização da nossa cadeia produtiva. Nós, pecuaristas, estamos fragilizados pelo nosso tamanho, com diminuição das propriedades, o que torna mais necessário ainda a intensificação de investimentos”, pontuou.

De acordo com Kaju, o SOS pecuária passa pela criação do Instituto da Carne. “Precisamos nos unir para que alguém de uma maneira mais associativa olhe os nossos interesses.  Necessitamos de uma ajuda profissional e de financiamento”, enfatizou, destacando que a pecuária gaúcha está flagelada e precisa de solidariedade. “A saída para a pecuária gaúcha é ter representatividade política, comunicação e associativismo. Precisamos mostrar que o nosso produto é ambientalmente correto, diferenciado, e por isso a importância de ter um Instituto que defenda os pecuaristas”, finalizou.

O próximo painel do Ciclo de Debates “SOS Pecuária Gaúcha – O que fazer agora?, e que encerrará esta iniciativa, vai se realizar na próxima segunda-feira, dia 25, às 19h, com a participação do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, e do presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros.

Fonte: Instituto Desenvolve Pecuária

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