Publicado em: 25/04/2024 às 17:30hs
Pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, no Mato Grosso, apresentaram uma inovadora tecnologia para a pecuária de cria: o Sistema PPS, que une precocidade, produtividade e sustentabilidade. Essa recomendação de manejo resulta de mais de uma década de estudos sobre integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), voltados para fazendas que criam gado Nelore no Brasil Central. O Sistema PPS busca maximizar os benefícios de diferentes métodos produtivos, como a integração lavoura-pecuária (ILP) e o silvipastoril (integração pecuária-floresta), conforme as necessidades de cada fase da vida do animal.
O sistema sugere a rotação do rebanho entre diferentes ambientes para otimizar o ganho de peso, estimular a produção hormonal e de anticorpos, além de promover uma produção pecuária mais sustentável por meio de sistemas com baixa emissão de carbono. A proposta será oficialmente lançada pela Embrapa durante as comemorações dos 51 anos da empresa, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o pesquisador Luciano Lopes, a definição da estratégia de manejo do Sistema PPS é resultado de diversos estudos sobre comportamento e saúde animal, produtividade e indicadores de precocidade sexual. “Percebemos que certos sistemas produtivos são mais adequados para cada categoria, dependendo de suas necessidades e dos objetivos do produtor”, explica Lopes.
O Sistema PPS prevê o uso de múltiplos métodos produtivos em uma mesma fazenda. Isso exige um planejamento cuidadoso para incluir áreas de integração lavoura-pecuária e áreas de ILPF ou silvipastoril. “Apesar de ser um pouco mais complexo em termos operacionais, essa abordagem proporciona benefícios tanto para os animais quanto para o meio ambiente, com uma melhor dinâmica de carbono”, ressalta Lopes.
A rotação estratégica do rebanho é uma das principais características do Sistema PPS. Durante a estação de monta, as matrizes são conduzidas para áreas sombreadas pela floresta, onde há menos estresse calórico e melhores níveis hormonais, favorecendo a ciclagem. Após a fertilização, as matrizes são levadas para áreas de ILP, onde o ganho de peso é importante para o desenvolvimento do feto. Perto do parto, as vacas retornam ao sistema silvipastoril para melhorar sua resposta imunológica e transferir anticorpos aos bezerros, que nascem em um ambiente mais confortável termicamente.
Além das recomendações para matrizes, o Sistema PPS também oferece orientações para outras categorias de animais, como vacas de primeira cria, bezerras desmamadas, novilhas em crescimento e animais para engorda ou descarte. Essas instruções fazem parte de uma publicação da Série Sistemas de Produção, disponível para download gratuito no site da Embrapa Agrossilvipastoril.
O Sistema PPS é baseado nas vantagens de cada modalidade de consórcio, explorando as condições microclimáticas do silvipastoril e os benefícios da ILP para o solo. No entanto, a recomendação de manejo foi validada apenas para gado Nelore nas condições climáticas do Mato Grosso, sendo necessárias novas pesquisas para adaptá-lo a outras raças.
As pesquisas para o desenvolvimento do Sistema PPS contaram com a colaboração da Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte), que forneceu rebanho e parte do financiamento, e da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que também apoiou o custeio durante alguns anos. A Embrapa Agrossilvipastoril está agora trabalhando em uma versão do Sistema PPS focada no ganho de peso dos machos, ampliando o escopo da tecnologia para outros segmentos da pecuária de cria.
Fonte: Portal do Agronegócio
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