Bovinos de Corte

Cotação da arroba recua 8%, mas no varejo cai apenas 5% em MT

A cotação da arroba do boi gordo, em Mato Grosso, encolheu 8,43% na comparação com as médias obtidas em abril deste ano ante igual período do ano passado


Publicado em: 25/04/2012 às 15:30hs

Cotação da arroba recua 8%, mas no varejo cai apenas 5% em MT

O indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que o preço pago pelo boi gordo ao produtor passou de R$ 91,53 para atuais R$ 83,81. A redução, que basicamente se explica pela oferta – que segue na contramão do observado no Brasil – foi observada no preço médio do corte bovino no varejo, mas em proporção bem menor, de apenas 5,2%.

Como destaca o analista Carlos Ivan Garcia, do Imea, o abismo entre os preços da carne bovina é ainda maior. “Estamos comparando a desvalorização anual da arroba com a queda do varejo neste trimestre”, aponta. Como explica, o Imea reformulou a metodologia de coleta de dados para o varejo e deu início a uma nova série de preços neste ano. De janeiro a março, o preço médio do quilo do corte bovino passou de R$ 13,79 para R$ 13,07. Nesta sondagem de preços, os cortes com as maiores reduções foram percebidos na maminha, com queda de 24,9%, passando de R$ 25,89/quilo para R$ 19,46/quilo e o filé mignon que está 24,3% mais barato, ao sair de uma média de R$ 36,09/quilo em janeiro para atuais R$ 27,32/quilo.

Apesar do recuo nos preços médios do quilo, o Imea destaca que cortes mais populares como acém e músculo estão em trajetória de alta. Somente de fevereiro para março, o quilo médio do acém aumentou 22,5%, passando de R$ 8,73 a R$ 10,69, e o músculo teve os preços de R$ 9,74 em janeiro, R$ 9,41 em fevereiro e de R$ 10,21 em março, alta acumulada de 8,5% ou mensal de 4,8%.

8,5%

PRESSÃO - A arroba do boi gordo, em Mato Grosso, não está desvalorizada apenas na comparação anual interna, está abaixo do que foi registrado em praças vizinhas, como Rondônia e Tocantins, nas primeiras semanas deste mês. O indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que neste mês o Estado registrou em média R$ 83,81 pela arroba, enquanto que Rondônia e Tocantins tiveram R$ 87 e R$ 85,27, respectivamente. O comportamento chama a atenção, como frisa Garcia, pelo menos no curto prazo, já que essas praças – semelhantes à de Mato Grosso – são locais que tradicionalmente exibem preços pouco inferiores ao do Estado que detém o maior rebanho de bovinos do país com 29 milhões de cabeças.

O analista explica que a desvalorização anual assim como a relativa aos vizinhos, reflete a oferta de animais. “Mato Grosso fechou o ano de 2011 na contramão do Brasil. O Estado ampliou em 9,6% o número de animais abatidos, enquanto o Brasil recuou 1,6%, movimento percebido em todos os grandes estados produtores. A exceção foi Goiás, que também incrementou o abate, mas em apenas 3,4%”. Para Garcia, a oferta é o grande fundamento econômico que explica o atual momento. “Inchamos as escalas dos frigoríficos com fêmeas, ampliamos nosso abate desta maneira”.

Garcia completa dizendo que a pressão de baixa no preço pago pela arroba do boi gordo, iniciada no ano passado, se intensificou com a baixa em relação às praças vizinhas. “Com isso, aumentam os questionamentos acerca da atenção quanto ao movimento de concentração do mercado frigorífico em algumas regiões de Mato Grosso e seus efeitos na cadeia”.

Desde 2009 o segmento industrial enfrenta problemas e muitas unidades foram desativadas ou incorporadas por grandes grupos e isso, para o pecuarista, explica a pressão contínua sobre a arroba.

Atualmente, dos 40 frigoríficos cadastrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) – aptos a exportar - apenas 24 estão funcionando, o que corresponde 40% da capacidade de abate de Mato Grosso comprometida com o fechamento de 16 unidades que enfrentam processos judiciais desde 2008. “Essa situação provoca maior estrago nas regiões nordeste e noroeste, onde existem poucas plantas frigoríficas e as existentes pertencem a um mesmo grupo”, frisa o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

ESTUDO - No ano passado, a Acrimat avaliou pela primeira vez o impacto da concentração das indústrias frigoríficas na pecuária mato-grossense. Entre as conclusões pontuais relativas ao comportamento das cotações da arroba no ano passado, o estudo mostrou que a evolução nos preços dos três elos da cadeia produtiva da carne nos últimos seis anos. “Os preços do atacado e da arroba caminharam juntos nos últimos anos, mas o atacado subiu mais que a arroba em 2011”, disse Vacari. Enquanto o preço da arroba cresceu 76,52% de 2005 para 2011, no atacado aumentou 85,12%, com o varejo liderando o aumento de preços chegando a 125,32% no início de agosto do ano passado, quando os dados foram apresentados.

Fonte: Diário de Cuiabá

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