Publicado em: 19/11/2024 às 19:20hs
O mercado do boi gordo atravessa um momento de forte recuperação, impulsionado por uma combinação de oferta reduzida e aumento expressivo da demanda interna e externa. Segundo relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, após atingir a mínima de R$ 215/@ em junho, os preços começaram a subir de forma consistente em setembro, alcançando níveis significativamente mais altos.
A dinâmica atual é resultado de fatores como a redução da oferta de gado terminado, reflexo da seca severa que afetou regiões produtoras no Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Essa condição climática prejudicou as pastagens e pressionou a oferta no segundo semestre. Além disso, os abates de fêmeas desaceleraram em algumas regiões, como no Mato Grosso, principal estado confinador do Brasil.
Nos confinamentos, os baixos custos da ração e do boi magro contribuíram para margens atraentes, estimulando a oferta em parte do país. Contudo, em estados menos dependentes dessa prática, a seca teve um impacto mais significativo na redução da disponibilidade de gado.
Do lado da demanda, dois movimentos se destacam. No mercado interno, a combinação de indicadores econômicos positivos, como aumento do salário real, queda na taxa de desemprego e crescimento do PIB, favoreceu o consumo. Isso permitiu que a indústria repassasse o aumento do custo do boi para os preços no atacado, com a carcaça casada acompanhando a alta de 42,7% do boi gordo entre setembro e novembro.
Nas exportações, os meses de setembro e outubro marcaram novos recordes, com volumes de 252 mil toneladas e 270 mil toneladas, respectivamente. Apesar disso, os preços de exportação tiveram recuperação tímida frente à alta do boi, reduzindo os ganhos das indústrias nesse segmento.
O bezerro também refletiu a dinâmica de alta no boi gordo. Embora o preço por cabeça tenha subido 25% entre setembro e novembro, foi o valor por quilo que mostrou maior valorização, com um aumento de 43% no período. Com a recuperação das pastagens nos próximos meses, espera-se uma elevação na demanda por reposição, o que deve impulsionar ainda mais os preços da cria.
Para o boi gordo, o cenário no curto prazo é positivo, com demanda sólida e oferta limitada. A regularização tardia das chuvas deve postergar a chegada de animais terminados a pasto, favorecendo preços mais altos até o início de 2025. Contudo, desafios como o custo crescente de insumos e possíveis oscilações na demanda requerem atenção dos produtores.
No mercado externo, a China, principal destino da carne bovina brasileira, mantém forte demanda, enquanto os Estados Unidos, que vêm aumentando suas importações, devem ampliar suas compras em 2025 devido à queda na produção local. Esses fatores sustentam o otimismo quanto ao desempenho das exportações no próximo ano.
Diante desse panorama, a recomendação é de cautela. Estratégias de proteção contra oscilações nos preços são importantes, especialmente considerando os custos crescentes e a possibilidade de imprevistos que possam afetar as margens. Apesar do cenário amplamente favorável, os produtores devem monitorar de perto os desdobramentos econômicos e climáticos nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
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