Bovinos de Corte

Lucro na seca depende da suplementação adequada

Nesse período de transição entre estações do clima, o pecuarista deve ficar atento ao manejo nutricional do rebanho


Publicado em: 13/05/2021 às 08:20hs

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Julliano Percinoto Pompei: Médico veterinário e coordenador técnico da Divisão Bovinos de Corte do Grupo Matsuda
Por: Marisa Rodrigues

O período da seca é marcado pela menor oferta de alimento para o gado no pasto e, também, com menor teor nutricional, já que devido à redução de chuva e clima frio, a planta diminui a oferta de proteína bruta e aumenta o teor de fibra, limitando o alimento para o gado.  Com menos alimento a engorda torna-se insatisfatória, e com a perda de peso aumenta o tempo para que o gado atinja o limite para o abate. Para evitar problemas como o efeito engorda nas chuvas e emagrece na seca, é indispensável que o produtor rural invista em suplementação mineral nessa época do ano para que o animal esteja suprido de proteína bruta e tenha um correto funcionamento do rúmen e, assim, uma adequada engorda.

Nesta entrevista o médico veterinário e coordenador técnico da Divisão Bovinos de Corte do Grupo Matsuda, Julliano Percinoto Pompei fala como realizar o manejo correto dessa suplementação. Confira: 

Taxi Blue – Quem busca produtividade e rentabilidade na pecuária não pode deixar de fornecer uma suplementação correta durante a época de seca.  O senhor pode me explicar a importância de se nutrir bem o animal nesse período para garantirmos bons resultados até o final da estação? 

Julliano Pompei - Sempre que caminhamos para a época seca do ano, as deficiências minerais das pastagens se acentuam, assim como a energia e proteína na mesma. No entanto o nutriente que passará a limitar a criação dos animais dentro do período seco para os animais criados em pastagensé, de fato, a Proteína (Nitrogênio).Como os pastos estão maduros e secos, com

baixo valor nutricional, o consumo de forragem é diretamente afetado, principalmente pela queda nos teores de proteína, onde por sua vez, os animais passam a consumir quantidades menores do alimento, o que chamamos de redução na ingestão de matéria seca, que terá por consequência um menor desempenho, chegando em inúmeras vezes a perda de peso nesse período, caracterizando-se pelo efeito sanfona, onde parte do peso adquirido nas águas, perde-se na seca.

Esse fato ocorrepois os ruminantes (bovinos, ovinos, bubalinos) precisam de, no mínimo, 7% de proteína bruta (PB) presente na matéria seca de seus alimentose, com o caminhar da seca, essa concentração estará abaixo desses valores, reduzindo, assim, a atividade da microbiota ruminal, pois não há o mínimo necessário de nutrientes para estimular o crescimento dos microrganismos ruminais.Com a diminuição da população microbiana e das atividades ruminais, a capacidade do rúmen em fermentar e digerir forragem fica comprometida, e o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório aumenta, o que logo levará o animal para um quadro de subnutrição, pois o mesmo tem sua capacidade de ingestão reduzida.  

Taxi Blue - Quais suplementos são mais indicados para o rebanho que está a pasto nessa época do ano? Ou quais formulações? 

Julliano Pompei - Em cima dos fatores que mencionamos anteriormente, para que possamos mitigar ou mesmo dar condições para que os animais continuem a ganhar peso e se desenvolver zootecnicamente, precisamos compensar as quedas desses nutrientes que limitam a criação de nossos animais.Para isso, devemos ter uma atenção especial sobre os suplementos minerais que iremos fornecer, pois além dos Minerais Essenciais, esses produtos devem conter boa fonte de Proteína e Energia, que estimulem a multiplicação dos microrganismos ruminais. Para assim aumentar a ingestão da forragem que, ora estará com baixa qualidade, e assim retomar, ou manter seus desempenhos, mesmo de forma mais tímida, quando comparado aos desempenhos no período das águas. E essa suplementação proteica deve conter fontes de Nitrogênio Não Proteico (Ureia) e, também, fontes de proteína verdadeira (grãos) associada, para aumentar a eficiência de sua utilização, assim como o consumo das forragens pobres em proteína (< 7% de PB). 

A principal resposta a essas suplementações proteicas tem sido pelo atendimento da exigência microbiana ruminal por proteína, além dos minerais e energia contidos nestes suplementos.

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Taxi Blue – Sabe-se que a pecuária é uma atividade econômica em que os números são muito importantes para se chegar a um resultado financeiro desejado no final. Como convencer aquele produtor que pensa que investir em suplementação mineral irá onerar o negócio, se na realidade é contrário, ou seja, ele terá lucro no final com o gado pronto para o abate?

A viabilidade econômica de uma atividade é assegurada pela sua capacidade de gerar lucro, e isso se resume na capacidade de produção de cada sistema. Por causa disso, o Departamento Técnico de Nutrição Animal do Grupo Matsuda desenvolveu o Programa Desempenho Máximo, que visa a produção de mais arrobas e mais quilos de bezerros produzidos ao longo de todo o ano.Para isso é preciso ajustar a nutrição de tempos em tempos, afim de ajustar a exigência nutricional dos animais, pois as forrageiras não mantém níveis constantes em suas composições nutricionais.

Vale ainda ressaltar que a suplementação, quando feita de forma adequada, serve para ajustar a deficiência e o desbalançonutricional presente nas forragens, independente da época do ano ou mesmo aporte de intensificação sobre as correções agronômicas feitas sobre as mesmas.E toda vez que erramos ou negligenciamos as exigências dos animais frente ao pouco que nossas pastagens conseguem fornecer em minerais, proteína e energia, estamos também retardando o desempenho dos nossos animais, aumentando, com isso, os custos sobre a produção pelos mesmos permanecerem maior tempo dentro da propriedade, ou o que é pior, sendo subprodutivos, ou seja, produzindo muito aquém do que realmente poderiam produzir. Com isso perdemos competitividade para com outras áreas, ou atividades.

Taxi Blue – Podemos afirmar que, com a suplementação mineral adequada, o produtor também irá melhorar o desempenho do animal na utilização da pastagem disponível? Como poderíamos exemplificar isso para o produtor, de uma forma bem didática?

Julliano Pompei - Dentro de um País tropical como o Brasil, onde 96% do nosso rebanho é criado quase que de forma exclusiva, em pastagens tropicais, as forragens são sem dúvida, a forma mais barata para produzirmos carne e leite de qualidade.Porém, desde que a nutrição aos animais sejam bem corrigidas, por Suplementos Minerais Proteicos e Energéticos, tecnicamente adequados via cochos, também chamados de parto do boi, onde consomem tudo o que os pastos não contemplam em sua composição.A nutrição mineral, é como o alicerce de uma casa, é a base para todas as demais atividades metabólicas, seja para síntese de proteína ou enérgica, miogênese (formação dos músculos), adipogênese (formação da gordura), lactogênese (formação do leite), e tantas outras importantes fases de desenvolvimento dos animais.

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Os três principais fatores que limitam o desempenho de bovinos em pastagens tropicais no Brasil são o baixo teor proteico das gramíneas e a baixa disponibilidade de energia devido à menor digestibilidade das forragens, o que podemos corrigir com o uso de suplementos proteicos e energéticos. E a deficiência e o desbalanço de minerais, principalmente P, Cu, Na, Co, Se, Zn,I e S, que podem ser acertados com o uso de Suplementos Minerais com ou sem proteína e energia, de acordo com a época do ano ou mesmo grau de intensificação.As principais consequências dessas deficiências são a perda da resposta imunológica acarretando maior susceptibilidade às doenças infectocontagiosas e parasitárias, que debilitam e elevam a mortalidade dos animais, principalmente animais jovens.

Fonte: TAXI BLUE COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA

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