Publicado em: 26/09/2023 às 15:30hs
Em agosto, a cotação do boi destinado ao mercado interno e a cotação do “boi China” caíram R$35,00/@, chegando em R$195,00/@ e R$200,00/@, respectivamente, preços brutos e a prazo, menor patamar desde 2020, pré-pandemia (figura 1).
Figura 1. Média mensal de preços do boi comum e do boi “China”, nos últimos 4 anos, em R$/@, preços brutos e a prazo, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria
Isso aconteceu em função do fraco escoamento da carne no mercado interno, levando os frigoríficos a diminuírem a quantidade de cabeças abatidas.
As cotações no mercado atacadista de carne bovina com osso e sem osso caíram continuamente em agosto. Os preços do boi casado castrado e inteiro caíram 15,2% e 12,0%, respectivamente. No mercado atacadista de carne sem osso, a cotação média dos cortes caiu 2,4%, e a cotação média dos cortes de traseiro e dianteiro caíram 1,55% e 4,79%, respectivamente.
Com relação à exportação, em agosto de 2023, a cotação da tonelada de carne foi menor em relação a agosto de 2022, ficando em US$4,5 mil/t, queda de 26,4%, ocasionando uma queda de 32,9% no faturamento médio diário (US$36,3 milhões). Quanto ao volume, foram exportadas 185 mil toneladas no mês, desempenho bom, apesar de ter sido 8,8% menor quando comparado ao mesmo período do ano passado.
O Equivalente Físico calculado pela Scot Consultoria, que indica a margem de comercialização, atingiu patamares inéditos. Lembrando que margem não é lucro, visto que não considera os custos de produção e apenas compara o preço pago pela arroba e o preço de venda da carcaça.
O Equivalente Físico normalmente é negativo, o que indica que as indústrias frigoríficas raramente têm margem apenas com a venda das carcaças. Contudo, desde o dia 27/7 ela tem sido positiva, atingindo o maior nível (12,0%) no final de agosto e primeira quinzena de setembro (figura 2).
Figura 2. Margem do Equivalente Físico nos últimos 11 anos em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria
Desde 2002, a média histórica do Equivalente Físico da Scot Consultoria é de -4,3%, o que sugere que neste ano a situação mudou, e a média da margem está em 8,0%. Até 21/9, a cotação média da arroba do boi gordo estava em R$198,15, preço a prazo e descontado os impostos.
Se o comportamento das cotações estivesse sendo semelhante aos anos anteriores, com a cotação média do Equivalente Físico em R$213,05/@, para que a margem estivesse no patamar de -4,3%, a cotação da arroba do boi deveria estar em R$223,00, preço a prazo e descontado os impostos.
Até a terceira semana de setembro, foram exportadas 119,9 mil toneladas de carne bovina in natura, aumento de 24,1% frente à média diária do mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, o preço pago por tonelada está em US$4,50 mil, queda de 24,9% e o faturamento médio diário, em dólares, caiu 6,8%, ficando em US$54,03 milhões.
A exportação deverá seguir com bons volumes, o que já era esperado, principalmente, no segundo semestre do ano, já que a China – principal importador – geralmente compra mais no último trimestre devido ao feriado chinês. Quanto ao preço da tonelada, não chegará ao do último ano.
Na praça pecuária paulista, balizadora do mercado, a cotação da arroba do boi gordo está firme, reflexo do melhor escoamento da carne no mercado interno e da menor oferta de bovinos. Isso levou ao aumento de R$20,00/@ (até 21/9). No mercado futuro do boi gordo na B3, os preços têm esboçado reação e para novembro estão em torno de R$235,00/@.
A cotação no mercado atacadista de carne com osso também seguiu esse ritmo com ajustes consecutivos. A cotação do boi casado capão e inteiro subiu 3,6% e 5,7%, respectivamente.
É preciso, no entanto, estar atento ao desempenho da exportação, no consumo doméstico e na oferta de boiadas do segundo giro do confinamento que podem mudar o panorama, que parece ter encontrado firmeza e saído do fundo do poço.
Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Marina Mioto é zootecnista, formada pela Faculdade de Ciências Agrária e Veterinárias - Unesp, campus de Jaboticabal, mestre em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia e analista de mercado da Scot Consultoria.
Fonte: Scot Consultoria
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