Esta preocupação foi manifestada durante o encontro que homenageou os ex-dirigentes da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (SINDICARNE), nesta sexta-feira (22), na sede da FIESC, em Florianópolis.

A notícia foi recebida pelas lideranças catarinenses como um alerta ao setor, que deverá buscar novas alternativas para não perder mercados, enfatizou o presidente da ACAV Clever Pirola Ávila. “As expectativas negativas estavam sendo vislumbradas há algum tempo, devido à insuficiência de infraestrutura e logística, desvalorização do real, crise nos países compradores, alto custo da produção, entre outros fatores que influenciam diretamente na venda do nosso produto ao mercado externo”, disse.

Santa Catarina é o Estado pioneiro na produção e nas exportações de carne de frango, comercializando o alimento em mais de 150 países. Para discutir o cenário e o futuro do setor, durante o encontro foi criado o Conselho Consultivo da ACAV e do Sindicarne, composto por ex-presidentes das entidades.

As lideranças entendem que a alternativa é trabalhar ainda mais forte na redução de custos, pois a competitividade foi afetada pela desvalorização do real, os preços permaneceram estáveis e os gastos aumentaram em função da seca do Estado. Nos últimos meses também não houve evolução significativa nas vendas externas, além de que a Argentina reduziu drasticamente as importações em função de ajustes da balança comercial, impactando diretamente no setor de carnes.

Outra dificuldade que prejudica o setor é a fragilidade catarinense quanto à infraestrutura ferroviária, ligando Santa Catarina ao centro oeste brasileiro, maior produtor de grãos da América Latina. Atualmente, o Estado barriga-verde compra cerca de 4 milhões de toneladas de grãos ao ano, aumentando em média 30% o custo do produto em logística. “Também falta infraestrutura ferroviária ligando o oeste catarinense aos portos, criando gargalos rodoviários e altos custos para levar nossos produtos aos grandes centros consumidores e para exportação”, menciona Ávila.

Santa Catarina tem mais de 10.000 avicultores produzindo num setor que emprega diretamente 40 mil pessoas e, indiretamente, mais de 80 mil trabalhadores. A avicultura catarinense produz 2,5% da produção mundial e detém 8% dos negócios mundiais de frangos, com destaque para Europa, Oriente Médio e Japão. A produção de Santa Catarina é referência estratégica para a avicultura mundial, nacional e do Mercosul.

HOMENAGEM

Mesmo com a notícia, a solenidade em homenagem aos ex-presidentes da ACAV e do Sindicarnes foi um momento ímpar para o setor agropecuário catarinense. “Foi uma forma de reconhecer publicamente a contribuição desses ex-dirigentes na defesa do segmento agroindustrial e no desenvolvimento empresarial, científico e tecnológico das cadeias produtivas de aves e suínos”, assinalou Clever Pirola Ávila.

Foram homenageados os industriais ou ex-industriais Laudi Felisbino (representado pelo filho Eládio Felisbino), Artêmio Paludo, Afonso Back, Lóris João Basso, José Ferreira Macedo, Sinésio Volpato, Sérgio Roberto Waldrich, Carlos Roberto Gradin, Ronaldo Kobarg Muller e Clever Pirola Ávila.

Também receberão a honraria Olavo Rigon (representado pelo filho Olavo Rigon Filho), Saul Brandalise (representado por Elejalde F. Brandalise), Élvio Flores, Pedro Benhur Bohrer, Victor Fontana, Pedro Antonio Furlan, Victor Weege, José Zeferino Pedrozo, Paulo Ernani de Oliveira e Osório Dal Bello.

A solenidade consistiu de pronunciamentos, entrega de placa expressiva do reconhecimento e almoço de confraternização. Falaram em nome dos homenageados os ex-presidentes Artêmio Paludo e Pedro Benhur Bohrer.