Publicado em: 28/11/2024 às 08:30hs
O bem-estar das galinhas poedeiras é seriamente comprometido pelo confinamento em gaiolas, uma prática que as priva de comportamentos naturais essenciais, como a construção de ninhos, a procura por alimento e a realização de banhos de areia. Esse confinamento, comum na indústria de ovos, gera sofrimento físico e psicológico nas aves, levando a uma série de problemas de saúde, como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, além de prejudicar o sistema imunológico das galinhas.
Em resposta a essa realidade, a organização Mercy For Animals (MFA) lançou a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), que analisa o progresso das empresas latino-americanas no compromisso com práticas de bem-estar animal, especificamente no que diz respeito à eliminação do confinamento de galinhas em gaiolas. O relatório avalia 58 grandes companhias de diversos setores, como alimentos, varejo e hospitalidade, que operam em países latino-americanos, incluindo o Brasil.
A pesquisa revela que algumas das principais empresas, como Barilla, BRF, Costco e JBS, continuam liderando o movimento ao garantir uma cadeia de fornecimento 100% livre de gaiolas. Outras empresas, como Accor, Arcos Dourados e GPA, apresentaram progressos moderados, com 36% a 65% de seus ovos provenientes de galinhas não confinadas. Já marcas como Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever mostraram avanços menores, com de 11% a 35% dos ovos provenientes de aves livres de gaiolas.
Apesar dos avanços, algumas empresas ainda não reportaram progresso substancial. A Best Western e a BFFC, por exemplo, não divulgaram melhorias concretas, enquanto Assaí e Latam Airlines ainda não se comprometeram publicamente a adotar sistemas livres de gaiolas. Para Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals, as empresas líderes do ranking demonstram não apenas um forte compromisso com o bem-estar animal, mas também uma preparação estratégica para enfrentar regulamentações mais rigorosas que virão, evitando penalidades e preservando sua reputação.
Garbinini alerta que as empresas que não se comprometeram com a eliminação das gaiolas colocam em risco sua imagem e a confiança do consumidor. "É urgente que as empresas compreendam a necessidade de aderir ao movimento global sem gaiolas, a fim de reduzir o sofrimento animal e atender à demanda por práticas mais éticas", afirmou.
O MICA 2024 adota uma metodologia baseada em análise de informações públicas de empresas, como relatórios anuais e de sustentabilidade, e oferece suporte proativo para as companhias durante o processo de avaliação. A transição para sistemas livres de gaiolas, segundo a ONG, não é apenas uma questão ética, mas também uma estratégia de negócios inteligente, que fortalece a competitividade e conquista a confiança dos consumidores. A América Latina, por sua vez, tem uma oportunidade única de liderar essa transformação, rumo a um futuro mais justo e sustentável para as aves e para o mercado.
O relatório completo do MICA 2024 pode ser acessado no site da Mercy For Animals.
Fonte: Portal do Agronegócio
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