Os avicultores estão vivendo uma nova fase. Depois de três anos e meio passando por atrasos no pagamento, no dia 18 de abril, a JBS arrendou por dez anos com opção de compra os ativos da Doux Frangosul no Brasil. A iniciativa marcou a estreia da empresa no segmento de frangos no país e aumentou em 15% a sua capacidade de produção de aves no mundo. O volume alcança agora nove milhões de cabeças por dia, incluindo as unidades nos Estados Unidos, México e Porto Rico.

Conforme o presidente da Ubabef, Francisco Turra, que esteve nesta semana em Passo Fundo, o arrendamento da JBS foi a melhor saída encontrada. “Um grupo como a Doux, com grande estrutura, sendo a 3ª no Brasil em produção e exportação, era importante que um grande grupo assumisse, porque assim tem estrutura para tocar em frente. Foi uma grande sacada. Os produtores podem ficar aliviados não só hoje, pois o projeto é de expansão. É o mesmo que vivenciei há algum tempo em Marau, quando quebrou uma empresa e veio outra do setor e só crescemos. Quem havia desistido da atividade retornou. Da mesma forma, muitos dos que desistiram no caso da Doux Frangosul também voltarão e muitos que ainda não estão, virão a integrar com essa nova empresa”, explica Turra. Para ele, a JBS ter entrado no Estado é algo muito positivo. “Foi fantástico para o setor, bom para o Estado e excelente para Passo Fundo, Montenegro e regiões abrangidas por esta empresa”, destaca.

Uma grande sacada

Foi no período de crise dos integrados que o produtor rural Evandro Noiran Ramos Martins mais investiu em uma de suas diferentes atividades agrícolas, a avicultura. Pioneiro na produção de ovos férteis, quando a Doux adquiriu a Frangosul, em 1999, ele, o pai e mais 15 funcionários tocam a atividade no interior de Passo Fundo. O trabalho começou com um aviário e atualmente são cinco unidades em dois núcleos. A produção de ovos em média é de seis mil por pavilhão, ou seja, em torno de 30 mil ovos férteis. Tudo é entregue no incubatório,onde são gerados os pintos, que depois são levados para o acabamento na parte de corte.

A propriedade é autossustentável, modelo na região. Além de aviários, háprodução de frutas, ovinos, cultivo de soja,produção de feno, pisciculturae culturas de inverno, tudo isso em 27 hectares. Segundo Martins, em termos de rentabilidade, que é o foco do negócio, a produção é equivalente a 500 hectares em soja.

Sobre o investimento

“Nós mais investimos na época de crise. O investimento alocado era grande e, assim, ou parávamos totalmente ou nos focávamos no futuro. E graças a dois gerentes da Doux que nos incentivaram, optamos pelo investimento. Como trabalhamos com fluxo de caixa projetado, aloquei o valor que teria que pagar do financiamento fazendo o acerto mensal da folha de pagamento e todas as despesas por sete meses. Mas no final desse período realmente terminou o dinheiro. Há 15 dias, estávamos fechando os aviários, mas aos 45 minutos do segundo tempo acabamos fechando a negociação. Já recebemos e quitamos a parcela e temos o mês para prover a folha depagamento. Estamos preparados, tanto é que automatizamosa unidade 2 com ninhos automáticos. É um aviário modelo eo primeiro aviário da JBS a ser alojado”, diz.

Conforme o produtor, o trabalho é feito com planejamento estratégico que vai de 5 a 10 anos. Ele diz que para entrar na avicultura é preciso um desembolso significativo, mas basta organização e planejamento, além dapossibilidade de financiamento. “Trabalhamos fundamentalmente na gestão e técnica”,acrescenta.

Ele conta que no período da crise da Doux, os atrasos foram consecutivos. “Tivemos que nos virar sem uma política publica municipal. Mesmo assim, sempre cumprimos todos os procedimentos e conquistamos resultados a nível de produtividade e inclusão de ovos”, destaca.