A estratégia de diversificação dos investimentos das indústrias avícolas do Paraná pode se apresentar como uma boa saída para diminuir o impacto causado no setor pela quebra da safra de milho e aumento dos custos de produção. Na terceira semana de visitas de campo da Expedição Avicultura pelos polos avícolas do Paraná, a equipe encontrou vários exemplos de como os empresários estão se preparando para explorar melhor o mercado.

A GTFoods, de Maringá, especializada em carne de frango, se prepara para comercializar batata palito congelada. O grupo trabalha ainda com alimentos congelados como polenta, mandioca e algumas variedades de fruta, além de carnes suína e bovina. Há dois anos a indústria é parceira de uma empresa belga, mas agora irá lançar as batatas com nome próprio.

Em Palotina, a C.Vale aposta na produção de pratos prontos, além do frango in natura. Segundo o gerente industrial da cooperativa, Reni Eduardo Girardi, a empresa investe na agregação de valores.

Mesmo com a crise batendo a porta do setor, a Copacol mantém os investimentos e no começo do ano que vem inaugura uma nova planta em Ubiratã que deve dobrar a capacidade de produção. A unidade deve abater 300 mil aves por dia até 2016 quando operar com plena capacidade. Mas o plano estratégico não fica restrito ao frigorífico, engloba ainda a ampliação do incubatório e do matrizeiro, além das áereas de suínos, leite e processamento de grãos. Segundo o presidente da Copacol, Valter Pitol, o plano que foi batizado de GPS – Geração de renda, Produtividade e Sustentabilidade, prevê a aplicação de R$ 470 milhões entre 2008 e 2012.

Foco

Para a analista de mercado da Expedição, Luana Gomes, o setor está investindo em planos de crescimento de médio e longo prazo e o foco consumidor doméstico se apresenta como uma  boa alternativa. Atualmente, perto de dois terços da produção nacional é voltada a esse público. “O mercado interno apresenta várias possibilidades e existem nichos que podem ser explorados”, explica.

A galinha caipira, por exemplo, é a aposta do frigorífico Frango Caipira, de Ivaiporã. A empresa abate cerca de duas mil aves por dia. Segundo seu diretor, Marcos Batista, o mercado brasileiro para esse tipo de produto é bastante promissor por causa baixa concorrência, além disso, a meta do frigorífico não é a exportação por enquanto. 

De olho no valor agregado, o Frango Caipira deixou de comercializar apenas frangos inteiros e já vende o produto em peças para facilitar a vida da dona de casa.

Governo

Para o secretário nacional de Política Agrícola, Caio Rocha, a redução da produção de frango não é a saída. "Nós não queremos reduzir de forma alguma". Na opinião do secretário, é preciso "reorganizar a cadeia”. Ele confirma que o governo irá apoiar a avicultura, apesar de negar a oferta de financiamentos para alavancar ou sanear as empresas em dificuldades. As medidas ainda estariam sendo dimensionadas.

Rocha acredita que parte da solução virá do próprio mercado, que deverá elevar os preços da carne de frango. "O mundo vai pagar mais caro pelo milho, e vai ter que pagar mais caro também pela carne”. Esse reajuste ao consumidor final é provável porque os preços das commodities não devem baixar tão cedo, considera.

Ciliomar Tortola, diretor do grupo GTFoods, acredita que crise também pode trazer novas possibilidades. “Momentos de crise acabam sendo uma boa oportunidade para quem está bem preparado. Foi o nosso caso. Compramos três abatedouros nos últimos anos e não descartamos a possibilidade de novas aquisições”, revela.

Site

A cobertura completa da Expedição Avicultura pode ser acompanhada pelo site www.expedicaoavicultura.com.br. Na página são publicados todos os textos produzidos pela equipe técnico-jornalística que está em campo. Nesse espaço o leitor confere, além de notícias diárias, slides show com fotos do trabalho de campo da equipe e materiais especiais que sobre as variáveis que influenciam o setor, desde a produção, passando pelo abate até a exportação.

Além disso, informações sobre o setor avícola e o sobre o agronegócio em geral podem ser obtidas por meio de uma newsletter diária elaborada por uma equipe de jornalistas especializados e que envia as principais notícias do dia para o endereço eletrônico do leitor. Para se cadastrar basta enviar um email para agro@gazetadopovo.com.br.