Assim, por exemplo, levando em conta que um ano atrás era comercializado por R$2,10/kg e inicia dezembro corrente cotado a R$2,80/kg, tem-se aí uma variação anual de mais de 33%.

Esse índice ainda deve se ampliar no decorrer do último mês de 2012, pois as condições de oferta são (não por culpa da avicultura) totalmente diferentes das do encerramento de 2011.

Como se sabe, essa variação, embora significativa, não traz qualquer efeito financeiro para o setor, pois os custos (especialmente os do milho) continuam evoluindo à frente dos ganhos.

Mesmo assim é possível que alguns se animem com a remuneração atual e, sem avaliar suas causas e seu real significado, optem por aumentar a produção.

Se isso ocorrer, é bom, antes, dar uma visualizada no gráfico abaixo.Ele mostra que, no ano passado, antes mesmo da chegada do Natal, a cotação do frango vivo enfrentou um processo de deterioração que estendeu- se (o gráfico não mostra) por boa parte do primeiro semestre do ano seguinte, isto é, de 2012.

Ou seja: a crise que a avicultura enfrentou durante todo o decorrer do corrente exercício, não começou neste ano, mas no segundo semestre de 2011, quando o setor começou a extrapolar e passou a produzir muito mais do que pediam os mercados interno e externo. A crise de custos que viria depois (e que, para muitos, representou o golpe final) foi apenas “outro raio caindo no mesmo lugar do primeiro”.

Aliás, ocorrência como essa não é única. Em 2008, quando começou a crise econômica que se mantém (e se agrava) há quatro anos, o setor também foi pego no contrapé, com uma produção excessiva. A única diferença é que, lá, a adequação que veio depois foi voluntária. Desta vez foi imposta, pois os cofres secaram. E a adequação foi e continua sendo muito mais dolorosa.

Como a situação econômica dificulta “aventuras produtivas”, a repetição de ocorrências do gênero no curto prazo é pouco provável. Mas, ninguém ignora, a memória é curta. Assim, que, no futuro, o setor não venha a se perder pela terceira vez em pouquíssimo espaço de tempo apenas por ignorar as efetivas possibilidades do mercado.