A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) anunciou recentemente que a estação zootécnica no município de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, tem recebido uma grande demanda de interessados em criarem galinhas caipiras em Goiás. A procura pelas aves é constante e oriunda dos mais diferentes municípios do Estado. A constatação é da própria Estação Zootécnica da Emater em seus dados nos computadores.

As mais recentes procuras são de produtores de Jataí, Bela Vista, Caldazinha, Bonfinópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Goiânia, Inhumas, Formoso, Nova Veneza e até de Uberlândia, Minas Gerais. Na manifestação desses avicultores interessados na expansão de suas atividades demonstra que Goiás, como outros Estados, possui um nicho de mercado que ainda não foi medido, mas que é captado pelo crescente volume de comercialização.

“CONFINAMENTO” - Há dez anos, um sistema de criação voltado para a galinha caipira ou rústica foi instituído para estimular o criatório em todo o Estado. Segundo Douglas Cardoso de Oliveira, técnico agrícola, a “demanda é grande” de criadores interessados em criar aves rústicas como complemento de renda em suas propriedades. O processo de seleção desses animais está de olho no repasse à agricultura familiar, que precisa, em sua opinião, diversificar sua atividade para assegurar melhor a rentabilidade e consequente conforto de vida.

Por um sistema de semiconfinamento, em que as aves dormem no galinheiro no período da noite e vivem no terreno cheio durante o dia, os animais têm total liberdade. As galinhas e os galos também ciscam, comem insetos, gramíneas à vontade durante o dia inteiro. A ração, no entanto, faz-se presente. No caso de unidade demonstrativa em Senador Canedo, existem equipamentos de moagem do milho e da soja para alimentação dos animais.

A revenda da galinha caipira pela unidade demonstrativa da Emater tem um custo da ordem de R$ 4,50 para o consumo, R$ 6 para recria (o quilo por peso vivo). Douglas tem o cuidado necessário no dia a dia com as galinhas, suínos e caprinos na estação zootécnica em Senador Canedo, município situado a cerca de 20 quilômetros de Goiânia.

QUALIDADE - Segundo Douglas, as aves vivem “num total bem-estar e a qualidade da carne é reconhecida”. Itamar Machado, de Inhumas, assina em baixo. “O frango caipira é bem melhor que o frango de granja, sem comparação é mais saboroso”, reafirma convicto, já antecipando que no final da semana “com certeza uma penosa será abatida”. Denival Silva, de Senador Canedo, é um dos criadores e diz que não precisa andar muito para vender as peças. “Vendo tudo na vizinhança mesmo”, ressalta, observando que tira líquido de cada ave R$ 30 de um criatório ainda incipiente e em formação.

MERCADO - Sheila Lopes é avicultora em Caldazinha e vislumbra o mercado com boas perspectivas. Numa primeira etapa, Sheila cria galinha poedeira, visando posterior formação do plantel. Com a venda de ovos, obtém R$ 7 pela dúzia e “não dá para quem quer”, declara eufórica. A criadora tem seus problemas, pois pretende desenvolver técnicas sobre criação de aves, porém, os cursos de aprendizagem rural mais próximos ocorrem nas cidades de Anápolis e Rio Verde. “São distantes para mim”, observa.

O consumo da carne de frango tem crescido significativamente no Brasil nos últimos anos. Em 1978, o consumo per capita foi de 7,1 quilos; em 1987 subiu para 11,8 quilos; e em 1989 aumentou para 12,3 quilos. Em 2011, o consumo per capita de carne de frango foi de 47,4 quilos contra 44 quilos do ano anterior, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O consumo per capita de frango no Brasil foi o 7º maior de um ranking de 77 países elaborado pela União Brasileira dos Exportadores de Frango (Ubef).

O consumo e o preço da carne de frango estão atrelados ao da carne bovina. Assim, quando a carne bovina está escassa ou com preços altos, o consumo da carne de frango e seu preço aumentam. Para os produtores, a carne de frango caipira é restrita, não tendo condições de ocupar uma produção em escala comercial. Seu consumo pertence a um nicho de mercado, que também é crescente e que vê nessa carne um produto de melhor qualidade pelo seu próprio sistema de criação extensiva.